A
NINFA ECO
João
Anzanello Carrascoza
Eu
era ninfa infa do séquito quito da deusa eusa Juno uno. E
apreciava ava contar tar a ela ela longas ongas histórias
órias. Mas um dia ia, irada ada com as infidelidades ades
de Júpiter úpiter, a deusa eusa, não tendo endo a quem culpar
ar, julgou ou que eu eu o protegia ia, divertindo indo indo
a ela ela, que se descuidava ava, enquanto anto o deus eus
do Olimpo impo a traía ía. Pensou ou que ele ele mantinha
inha um conluio uio comigo igo. Malvada ada, sequer er procurou
curou averiguar ar se era real al o que em juízo ízo ela imaginava
ava. Acabou ou com minha inha alegria ia e castigou-me ou-me
com uma maldição ão. Condenou-me ou-me a falar ar apenas enas
quando ando me interrogassem assem e ainda inda assim sim
respondendo endo só com as últimas timas sílabas labas a mim
dirigidas idas. Matou-me ou-me o gosto pelos elos bosques
osques cerrados ados, onde onde vaguei ei durante ante anos
anos, infeliz iz, ouvindo indo apenas enas a doce oce voz
oz das melíades líades que embalavam avam crianças anças abandonadas
nadas furtivamente ente nos ramos amos das árvores vores.
Uma tarde arde a felicidade ade renasceu eu em mim im, quando
ando vi o belo elo Narciso iso passeando ando pelo elo desfiladeiro
eiro, descabelando ando a copa opa dos carvalhos alhos, que
se moviam iam para ara vê-lo ê-lo caminhar nhar displicente
ente. Apaixonei-me ei-me por seus eus cabelos elos de sol
ol encaracolados lados e seu eu semblante ante de perfeição
ão inigualável ável. Segui-o i-o por muitas uitas manhãs nhãs,
ferida ida de amor or, mas sem a ele ele me declarar ar. Num
um bosque osque nas as adjacências ências de Téspias pias,
ele ele costumava ava se mirar ar por horas oras às margens
gens de uma fonte onte onte. Aproximei-me ei-me para ara me
me declarar clarar, mas eu eu nada ada podia ia dizer er senão
ão o que ele ele me dizia ia. Recordei ei minha inha desgraça
aça; eu jamais mais poderia ia confessar ar meu amor or, porque
que as minhas inhas palavras avras seriam iam sempre empre
as que ele ele enunciasse asse. Ao me flagrar ar contemplando-o
ando-o, virou-se ou-se furioso oso me perguntando ando quem
em eu eu era era. E eu lhe respondi ondi quem em eu eu era
era. Rindo indo, o que o tornava ava mais belo elo, os cachos
achos da cabeleira eira fulva ulva luzindo indo, Narciso iso
zombou ou com desdém ém que me queimou mou a alma alma. Nada
ada me consolaria ia senão não me refugiar iar no nevoeiro
eiro das trevas evas, nos antros tros, nos rochedos edos,
nas pedras edras das cavernas ernas e cumprir ir meu fado
ado amargo argo, minha miserável ável sina ina de repetir
ir. Justo usto eu eu que adorava ava contar tar histórias
órias pelo elo puro uro prazer de ser er ouvida ida.
*
João Carrascoza,
contista, nasceu em Cravinhos (SP), em 1962. Publicou As
Flores do Lado de Baixo (1991), De
Papo com a Noite (1992), ambos de literatura infantil,
e os volumes de contos Hotel Solidão (1994) e O Vaso
Azul (1998), entre outros títulos.
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