ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

COME-SE O BOI EM AZIMUTE

(Cadáver delicado)

 

 

 

Eu caminhava tensamente sob o céu.

 

 

La existencia son dos noches que crees consecutivas.

 

 

A rainha ensanguentada entre as espadas e o ouro do baralho.

 

 

A forma que diz: cá estou, pronta.

 

 

Esta cidade sempre lhe foi hostil

 

 

E seu projeto mais ousado era pedir, dentro daquele estranho idioma, um copo com água.

 

 

De noite corpo quente abraçando cinza, de dia deriva

 

 

Tras el atuendo el sable aún se afila oh samurai

 

 

O cassetete atesta a tecla do corpo.

 

 

Lambendo a vértebra dos metais copulava com tudo o que do dia para a noite se mudasse para outra cidade

 

 

Pé ante pé na estepe o silêncio não fisga a tempestade nos lábios do sossego

 

 

Ele colhia e re-colhia os diamantes do asfalto.

 

 

Quem confere fere com fera será conferido.

 

 

Poema de amigo meu pra mim é prosa.

 

 

Miragens cravadas em luas cores e ventos

 

 

É sopa a excessiva colher queimada sem concha no metal dos lábios sintoma de dedos

 

 

Come-se o boi em azimute (omoplata-úbere): minotauroencéfalofagia

 

 

E corria por dentro das veias uma dispersão de venenos e vidros.

 

 

De ahí el sombrero hongo y la amanita en diestra alzada en haz de Zeus o de electrones.

 

 

Um barulho dentro de mim que não cessa de se cansar.

 

 

O pomar veste duas faces - paraíso e queda

 

 

Las yiyis de la tripefrontera están cansadas de fingir orgasmo...

 

 

Não me ofereça o paraíso —  preciso de uma sombra

 

 

Setembro / outubro de 2009

 

 

Poema coletivo composto com a colaboração de Leonardo Gandolfi, León Félix Batista, Antônio Moura, Lígia Dabul,  Donizete Galvão, Eduardo Jorge, Sérgio Cohn, Reynaldo Jiménez, Armando Freitas Filho, Márcio-André, Ricardo Corona, Micheliny Verunschk, Ademir Assunção, Rodrigo Garcia Lopes, Lau Siqueira, Abreu Paxe, Delmo Montenegro, Izabela Leal, Victor Sosa, Fabíola Ramon, Andréa Catrópa, Douglas Diegues e José Geraldo Neres.

 

 

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