OS
SEIS LADOS DO CUBO
Om bishwa
shante ananda, paz e júbilo, em tempo de destroços;
ouvir o cantar da musa, sob trovoadas; quando sóis
queimam relógios de pulso e o lobo canta em staccato
para a lua; há uma menina morta e gerânios; peixes
de sândalo recitam mantras em águas-de-negrume;
figuras de plástico exibem garras; e a jovem defunta
pula corda contando étoiles. stelas são brancas
como estrelas; olhos brancos; armas brancas; deserto branco,
como um livro infinito; white stars e guitarras mouriscas
ganindo, tânagras e tâmaras parindo, serpentes
parindo, e os dicionários dizendo não posso
mais. quando palavras são ossos; restos de haxixe;
jornais em esperanto; um brilho vermelho; bigodes escuros
de mongol. sibilas calam todo dizer, letras e números
perdem sentido, expressões atrofiadas como patas de
aranha-anã. porém, nós cantamos; bebemos
do azul, do fel, da flor, da navalha, e cantamos; para dar
alento às laranjas, às janelas; para acender
os poros da pele; fazer rebrilhar a asa tensa do pavão;
juntar as pedras do quebra-cabeças, após enxugar
o que escorre; recompor o retrato, a língua, a saliva,
o colar azul de tulasi; porque existe o açafrão
e os seis lados do cubo, os anilhos e arrulhos, nácares,
áspides, o mundo.
|