ZUNÁI - Revista de poesia & debates

ENTREVISTA COM EMIR MOURAD

Claudio Daniel

Zunái: Emir, como foi a visita da I Missão de Solidariedade à Palestina?

A 1ª Missão Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino foi organizada pelo Comitê pelo Estado da Palestina Já. A missão teve como objetivos: 1) reafirmar a solidariedade do Comitê com o povo palestino; 2) conhecer in loco a realidade do povo palestino; 3) visitar as entidades sindicais, populares, organismos governamentais e não-governamentais, para explanar e convidá-las a participar do Fórum Social Mundial Palestina Livre que ocorrerá em 28, 29, 30/nove e 01/dez, na cidade de Porto Alegre.

Fomos recebidos pelo Presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e participamos de manifestações contra a ocupação israelense, o Muro do Apartheid e pela libertação dos prisioneiros palestinos.  Visitamos campos de refugiados, sindicatos de trabalhadores, profissionais liberais, prisioneiros, professores, engenheiros, jornalistas, a sede da OLP – Organização para a Libertação da Palestina e várias outras entidades da sociedade civil palestina. Consideramos que a Missão cumpriu seus objetivos e reforçou o quanto é importante a continuidade de enviar Missões de solidariedade para apoiar esse povo tão sofrido, heroico e muito hospitaleiro com todos que o visitam, especialmente, com o Brasil.

Zunái: Como estão os preparativos para o Fórum Social Mundial Palestina Livre, que acontecerá em novembro, em Porto Alegre? Qual é a importância desse evento para a solidariedade ao povo palestino?

O FSMPL está em pleno desenvolvimento e será um marco internacional. não apenas para apoiar o povo palestino em seus direitos nacionais inalienáveis ao retorno e autodeterminação mas, para elevar o patamar de solidariedade para níveis mais estruturais e organizados a nível mundial. Ao nível organizativo o Fórum está cumprindo seu cronograma e conta com a participação de dezenas de entidades nacionais e internacionais para o sua estruturação, organização, mobilização e divulgação.

Zunái: Qual é o balanço que você faz das atividades do Comitê pelo Estado da Palestina Já?

O Comitê pelo Estado da Palestina Já! foi fundado em setembro de 2011 em apoio a reinvindicação dos palestinos de terem seu estado reconhecido pela ONU como membro de plenos direitos. Fizemos a inauguração no Sindicato dos Engenheiros com a presença de mais de 40 entidades nacionais e do embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben. Em seguida tivemos uma passeata histórica pelo centro de São Paulo, reunindo mais de 3 mil pessoas manifestando seu apoio e solidariedade ao povo palestino e ao reconhecimento do seu Estado livre, soberano e independente. O Conselho de Segurança da ONU, sob pressão dos EUA e Israel, vetou a entrada do estado da Palestina mas, acredito que esse ano a Assembleia Geral irá aprovar, tornando a causa palestina mais forte para continuar a sua jornada pela independência nos territórios ocupados por Israel. Importante ressaltar que foi uma grande vitória a entrada da Palestina na Unesco e isso possibilitou que  Belém (Igreja da natividade, nascimento de Jesus), cidade palestina ocupada por Israel, fosse declarada, em junho ultimo, patrimônio da Humanidade.

Zunái: O governo brasileiro tem defendido a causa palestina na ONU. A seu ver, qual é a repercussão de nossa política externa? 

Desde os fins da década de 70 o Brasil, povo e governo, têm se manifestado e apoiado continuamente os direitos humanos e nacionais do povo palestino. O presidente Lula reconheceu o Estado da Palestina e a presidente Dilma reafirmou esse reconhecimento em seu discurso na abertura da ultima Assembleia Geral da ONU. O Brasil não só apoia os palestinos a nível politico nos fóruns nacionais e internacionais, como também participa de projetos sócias e humanitários em auxilio as necessidades mais imediatas do povo palestino. O governo brasileiro assinou , em maio último, uma contribuição de US$ 7,5 milhões para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), para subsidiar programas sociais, de educação e saúde na Faixa de Gaza, informou o site do órgão da ONU. De dez anos para cá, o Brasil está mais ativo e presente na arena internacional, participando, com seu patamar de potencia em desenvolvimento pleno, para uma agenda de busca de paz e justiça social para a humanidade. O Brasil começa a ser o que seu tamanho e pujança exigem que ele seja.

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Emir Mourad, engenheiro civil, é diretor da Federação Árabe Palestina do Brasil, membro do Comitê pelo Estado da Palestina Já e edita o blog Sanaúd (http://sanaud-voltaremos.blogspot.com.br/).

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