ESFINGE
TROPICAL
Mistério
de verde-noite-africana; voa um tigre pedroso; eu sou o tempo,
diz a coruja-sete em búzio de aurora. Eu sou a lâmia;
o gárgula; o abutre-prometeu, a devorar seu próprio
fígado, disse o coreógrafo (ou ceramista). Tatuar,
encantar as palavras, em jogo de mutações e
mandalas; alterar visão e pupila; contemplar na coisa
o seu exu, o seu muiraquitã; para tingir o torso das
cordas vocais. Expandir o idioma, tarefa mágica; desdobrá-lo,
como língua serpe de naja; para transmutar, transgredir
vida ou arte, verso ou prosa, mas sempre em vaivém
de viagem, em dança e visagem, em mira e miragem. Há
um mundo (desmundo) nos lindes do Vocábulo, que não
o retrata mas reinventa, com lentes alteradas. Taumaturgo:
para reimaginar o visível, em outras seqüências
possíveis de constelações (fosse o disco
vedântico, uma voz diria: seu centro está em
toda parte, a periferia, em lugar nenhum). OM.
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