A
LEPRA E A MADREPÉROLA
Porque existem caranguejo
e majólica, lumbago e letargo, difrações
e reentrâncias, rizoma e dramatismo, si, hay poesia;
e ela canta no cateter e na dríade, na ogiva e na ameia,
no náutilo e no nauatl, si, hay poesia. Colérica,
despossuída, despindo pensos e serpentes, lugares e
esgares, faldas e fráguas, como o avanço da
lepra na epiderme, cadela feroz, metáfora de pérola
e madrepérola. Grafando silêncios, tinturas ou
colunatas de pavoroso rancor à superfície; de
opiado fascínio ao imprevisto, criar lagartos para
um topázio, que te sangra e esmaga. Essa, a sina da
insensata, bacante, batráquia, prenhe de línguas
e ocelos; vadia que pulsa e se consome, recriando lábio
e labirinto, êmulo e pêndulo, lâmia e infâmia,
vício e visgo, nojo e nácar, e essa fala torta,
essa fala morta, essa fala curva, que te corta, para descartar
o previsível indício do esperado.
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