ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

A LEPRA E A MADREPÉROLA

 

Porque existem caranguejo e majólica, lumbago e letargo, difrações e reentrâncias, rizoma e dramatismo, si, hay poesia; e ela canta no cateter e na dríade, na ogiva e na ameia, no náutilo e no nauatl, si, hay poesia. Colérica, despossuída, despindo pensos e serpentes, lugares e esgares, faldas e fráguas, como o avanço da lepra na epiderme, cadela feroz, metáfora de pérola e madrepérola. Grafando silêncios, tinturas ou colunatas de pavoroso rancor à superfície; de opiado fascínio ao imprevisto, criar lagartos para um topázio, que te sangra e esmaga. Essa, a sina da insensata, bacante, batráquia, prenhe de línguas e ocelos; vadia que pulsa e se consome, recriando lábio e labirinto, êmulo e pêndulo, lâmia e infâmia, vício e visgo, nojo e nácar, e essa fala torta, essa fala morta, essa fala curva, que te corta, para descartar o previsível indício do esperado.

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[ ZUNÁI- 2003 - 2005 ]