ESTRELAS
DEVORAM O AZUL, FORMIGAS APAGANDO UMA PÉTALA:
A PROSA DE INVENÇÃO DE PAULO LEMINSKI (1)
FOTO: ANÍSIO MAGALHÃES
por Claudio
Daniel
I
"Uma
fonte é uma moça bonita que foi amada por um deus, que disse
não a um rio, que fugiu de um sátiro, nada é real, nada é
apenas isso, tudo é transformação, todo traçado de constelação
é o pedaço de um esboço de um drama terrestre, tudo vibra
de tanto significar." Metaformose(2),
Uma Viagem pelo Imaginário Grego, de onde extraímos esta
citação, é uma fábula singular, dentro do percurso ficcional
de Leminski. Um texto de inquietante beleza, que anula as
balizas entre prosa e poesia e prescinde da evolução narrativa
linear. Personagens e peripécias surgem e desaparecem de modo
imprevisto, sem uma seqüência de cunho naturalista; ao contrário,
os relatos mitológicos são aqui pincelados de maneira impressionista,
como os temas de um poema sinfônico, cuja evolução obedece
a uma lógica melódica e harmônica, como o fluir e o refluir
de vagas em ondulação: "Reflexos de Narciso nos ecos da ninfa,
água na água, como a luz na luz, luz dentro da água".
Este ritmo aquoso, construído com avanços e recuos semânticos,
como deslocamentos de ondas, remete também ao simbolismo do
Mar Primordial, origem da vida. É o universo feminino, noturno,
amniótico onde se movimenta o feto, no espaço uterino; e também
o mítico oceano celeste. Em Metaformose, esse liber
aquae ("livro de água"), a música fluida é orquestrada
pelo uso rítmico da pontuação, pelos cortes elípticos, efeitos
aliterativos, paronomásicos, anafóricos, entre outros recursos
lingüísticos que orientam a respiração verbal.
O
elemento água remete ainda ao conhecido aforismo de Heráclito,
sábio helênico que repetiu, sem saber, a filosofia de Lao
Tzu: "Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não
somos". Água é movimento, instabilidade, mudança, como sabia
Tales de Mileto ("Tudo é água"), e este é o tema básico do
livro de Leminski, o princípio da mutação. Nada é estático,
nessa prosa camaleônica; tudo gira em constante transmutar.
O texto flui e reverbera em sucessivas camadas onde mitos
e símbolos se aproximam, interagem e modificam-se, procriando
novos signos: "Uma flor amarela é o olho de uma ninfa, a passagem
entre duas montanhas é o lugar por onde um deus fugiu da ira
do seu irmão. (...) Os olhos de Medusa brilham como as gotas
de uma chuva de ouro. Nos olhos azuis de Narciso, o azul da
água se transforma em céu. Estrelas devoram o azul, formigas
apagando uma pétala."
Água,
espelho onde Narciso contempla seu reflexo, enlouquecendo
de amor por si mesmo, cumprindo o vaticínio de Tirésias ("será
feliz enquanto não enxergar seu próprio rosto", frase que
ressoa ao longo da úmida prosa-poema como um leitmotiv).
Narciso, cego por seu ego, não ouve o apelo de Eco, ponto
de partida de todo o fabulário. Este é o evento fundador da
trama simbólica, como a Queda de Adão, após comer o Fruto
Proibido, na leitura pessoal que Leminski faz do repertório
mítico, colocando em primeiro plano um personagem secundário,
que representa aqui o surgimento da consciência, ponto de
partida da civilização. Refabulando a fábula, reconfigurando
os contos arquetípicos, ele intervém no universo da teogonia,
convocando os deuses e heróis trágicos a participarem de uma
nova jornada imaginativa.
Canto
composto de cantos, mito tecido em outros mitos, numa irrupção
de cenas rápidas e dinâmicas, como círculos concêntricos na
água, desfilam nessa trama lendas e entes bizarros, como a
Esfinge, criatura híbrida, com rosto e peitos de mulher, asas
de águia e corpo de leão; o Minotauro, touro-homem cuja casa
monstruosa é o labirinto; Pasífae, rainha que amou um Touro
branco, nascido do mar; e a Medusa, cujo olhar transformava
em pedra qualquer um que a fitasse. Fábulas dentro da fábula,
fluindo como águas aéreas, numa aparente desordem, mas unificadas
na pauta metafórica do tecido aquoso. "Se tudo pode ser metáfora
de qualquer coisa e qualquer coisa pode ser traduzida numa
coisa qualquer, não há centro, o centro pode estar em qualquer
parte, ao mesmo tempo, ou nunca estar em lugar algum."
Metaformose
é uma não-história, que desconsidera tempo e espaço e onde
os personagens são idéias, ícones do comportamento humano
que se entrecruzam, num ciclo de mutações e permutações onde
"tudo pode se transformar em tudo". "Uns são transformados
em flores, outros são transformados em pedra, outros ainda
se transformam em estrelas e constelações. Nada com seu ser
se conforma. Toda transformação exige uma explicação. O ser,
sim, é inexplicável." Nesta prosa que escorre por entre os
dedos, dispersiva como filetes das águas do Letes, o rio do
esquecimento, o poeta faz menos uma prosa didática ou acadêmica
que um recorte/montagem de símbolos móveis para indicar o
aspecto misterioso, fugidio e ilusório (maya) do princípio
rotineiro de realidade. "Que mais existe senão afirmar a multiplicidade
do real, a igual probabilidade dos eventos impossíveis, a
eterna troca de tudo em tudo, a única realidade absoluta?
Seres se traduzem, tudo pode ser metáfora de outra coisa ou
de coisa alguma, tudo irremediavelmente metamorfose."
II
"Cold,
no, I don't believe your heart is cold, maybe he is just afraid
to be broken again", cantava Norma antes de ser morta
e violada por seus convidados, para ressuscitar depois, nua
entre flores, no caixão onde colocaram seu corpo, na cíclica
cerimônia de adeus. Este episódio acontece durante a festa
que é o evento central de Agora é que São Elas, romance
de Leminski sobre a impossibilidade de escrever romances.
Neste livro estranho, que desarticula a noção tradicional
de enredo, o autor subverte a sequência linear da narrativa
justapondo ações simultâneas, descontínuas, em diversos planos
de espaço-tempo. É como um tabuleiro de xadrez tridimensional,
onde o jogo ocorre em campos paralelos, permitindo diversas
possibilidades estratégicas, combinações e superposições,
ou ainda como um sonho sonhado em outro sonho, para citarmos
a metáfora de Poe. Em Agora é que São Elas, as ações
básicas acontecem no mesmo ponto, a enigmática casa de Norma
Propp, mas se repetem, ao longo do livro, em distintos planos
temporais e com variações imprevistas no tabuleiro e nos lances
da partida, como se fossem várias versões possíveis do mesmo
jogo. Universos paralelos, percorridos por um perplexo personagem
sem nome, que salta de um cenário para outro, em busca de
uma solução para o misterioso quebra-cabeças.
Essa
jornada insólita tem um ponto de partida que conduz aos vários
caminhos de leitura do romance: numa noite chuvosa, o narrador
toca a campainha de uma mansão, a fim de pedir um isqueiro
para acender seu cigarro. O mordomo abre a porta e convida-o
a entrar. No interior da casa, que é um cubo mágico ou labirinto,
acontece uma festa que celebrava, justamente, o noivado do
personagem anônimo com Norma Propp. Ele a ouve cantar uma
canção de Ella Fitzgerald, antes ou depois de uma orgia, antes
ou depois de um crime, antes ou depois de sair da casa, apressado,
e de retornar a ela, para saber que a festa foi ontem. Ou
ainda, quem sabe, será amanhã. Ou talvez nunca tenha acontecido.
Similar a um espetáculo de espelhos, que exibe múltiplas imagens
deformadas da mesma pessoa, a casa multiplica e reinventa
os fenômenos, até a exaustão. Ou, como diz o narrador:
"Esta festa e esta casa é uma máquina, um monstruoso mecanismo
que se transforma e transforma o real em cerimônias". Os eventos
se desenvolvem no salão de convidados, onde um maníaco jura
que tem uma bomba atômica instalada no cérebro, que explodirá
se ele pronunciar certa palavra, mas também no jardim, onde
uma menina(3) conta estrelas e narra uma guerra
cósmica envolvendo os seres gasosos de uma distante constelação.
Cenas e personagens sucedem-se como as cartas embaralhadas
de um jogo de pôquer, ou como as peças de um jogo da memória,
cabendo ao leitor encontrar sua leitura, sua trilha de investigação
dessa curiosa narrativa.
A
relação erótica intensa, obsessiva, tecida em encontros e
desencontros, entre Norma e o anônimo personagem ocupam o
centro do romance, contada em linguagem lasciva, picante,
com os timbres e toques da malandragem. Relido sob esta ótica,
o livro dialoga com a vertente coloquial e fescenina, cujo
moderno avatar é o Serafim Ponte Grande, de Oswald
de Andrade. O enlace amoroso, porém, se manifesta de maneira
bizarra, com a prática exclusiva do sexo oral, sem a consumação
do coito; recordando, de certa forma, o filme Esse Obscuro
Objeto do Desejo, de Buñuel, essa outra ode ao amor que
não se completa. Sob o desejo dos amantes, pesa a presença
do pai de Norma, ninguém menos que Vladimir Propp, autor da
Morfologia do Conto Maravilhoso, que aparece nesta
prosa delirante como o psicanalista e mestre espiritual do
narrador, em sua busca da sabedoria. A presença de Propp como
figura de ficção abre outra via de leitura, metalinguística,
no livro de Leminski, já que o sábio russo estudou a estrutura
dos contos tradicionais e a construção dos personagens,
elaborando uma teoria sobre a gênese das fábulas, assim descrita
pelo autor-narrador: "O fato é que descobriu que todas as
histórias, no fundo, constituem uma só história. (...) A gente
passava por certas peripécias básicas, sempre as mesmas, só
mudava a ordem". A Morfologia do Conto Maravilhoso,
diz Leminski, é "um romance abstrato. Quer dizer, um
romance feito de todos os romances, seus personagens são todos
os personagens possíveis". Propp elaborou 31 funções
básicas do personagem, e a partir desse número, tomado como
talismã, Leminski dividiu seu livro em 31 capítulos, sendo
que o último é subdividido em 31 partes, numa relação de isomorfismo.
Dessa maneira, Agora é que São Elas não é apenas um
relato ficcional, mas um romance-ensaio, paródico, alegórico,
multi-referencial. Este livro incomum, que resgata e
subverte os elementos típicos da fabulação (a gravidez de
Norma e sua fuga com Bernardo), é também uma crítica satírica
do próprio conceito de romance, que o autor considerava um
gênero esgotado, típico do século XIX, por ter como referência
básica o realismo, ou seja, uma técnica composicional e uma
visão de mundo já superados pelo experimento joyceano (sobretudo
o Finnegans Wake) e pelos novos paradigmas da
física e da filosofia modernas. O duende da lógica que orientou
a Comédia Humana de Balzac ou Em Busca do Tempo
Perdido, de Proust, não fazia mais sentido na era do pensamento
quântico: "A lógica morreu de um tumor cerebral, no verão
de 1878, em Clichy, uma pequena aldeia no interior da França,
quase na fronteira da Alsácia-Lorena", dispara o polaco.
Só havia um problema: o que fazer com a realidade, ou melhor,
com a literatura? A resposta do autor é Agora é que São
Elas, "um romance sobre a minha impossibilidade de escrever
romances". O livro como matéria orgânica, viva, inquieta,
suscetível de moldar-se a todas as formas e suas variações
inumeráveis.
III
Catatau
é o relato da viagem imaginária do filósofo René Descartes
ao Brasil, como membro da comitiva do conde Maurício de Nassau.
Nesta prosa barroca carnavalizada, o pensamento analógico
(ou demiurgo da mutação) contamina os vocábulos, as linhas
e as páginas do livro, dissolvendo história, mito e
símbolo na paisagem da escritura, fazendo surgir figuras híbridas,
mescladas ("plantas sarcófagas", "esfinges bucefálicas"),
de um universo singular e autônomo, com sua própria lógica
estrutural e semântica O livro se desdobra como a pele líquida
do oceano, sem divisões temáticas, mas com uma sucessão de
imagens de imprecisa geometria, ignorando distinções de espaço
e tempo: há um eterno agora, uma mandala onde elementos de
distintas culturas e períodos são invocados e recriados, não
apenas como paródia ou metáfora, mas como irônicos acordes
e jogos de pensamento. A própria identidade
do idioma é abalada pela construção babélica, onde rutilam
timbres e toques de outras tribos, do latim ao polonês, numa
algaravia de sentidos. A sintaxe é musical, sem uma lógica
de gramática e dicionário, e as palavras sexualizam-se, extáticas,
fazendo surgir termos neológicos ("olhosclitóris", "espiralâmides"),
que recordam figuras dos quadros de Bosh. Tais composições,
efetuadas pela montagem de elementos estranhos entre si, podem
ser aproximadas tanto da "palavra-valise" de Carroll e Joyce
quanto do conceito de imagem poética formulado por Reverdy.
Em Catatau, Leminski atingiu o grau zero da escritura,
onde a realidade não é abolida, mas rarefeita ou desfocada:
os grafismos impressos na página transcendem a condição passiva
de mensageiros do mundo para constituirem, eles próprios,
um mundo, uma realidade à parte. Jornada paralela ao neobarroco
de Lezama, Sarduy e Kozer(4), esta anti-epopéia
de Leminski faz a simbiose do erudito e do popular, do sensual
e do intelectual, do sagrado e do profano, trazendo para o
texto poético - ou ainda, para a função poética - um
repertório informativo só comparável ao dos portais do ciberespaço
(em Catatau, aliás, não falta sequer o "vírus de computador",
que atende pelo nome de Occam(5)). A ironia
engenhosa do livro, talvez sua pedra-de-toque, seja o encontro
da lógica européia, simbolizada em Descartes, com a exuberância
primitiva de uma terra distante, esse "labirinto de
enganos deleitáveis", onde impera uma outra forma de pensamento,
atávica, corpórea, centrada talvez no olhar(6).
Aturdido com a beleza da terra bárbara ("meus sonhos se populam
da estranha fauna e flora"), e motivado ainda pelo consumo
de ervas narcóticas em seu cachimbo, o filósofo, bêbado de
imagens, vai despindo o rigor dos silogismos e elaborando
uma outra racionalidade, onde "pensamento é espelho". Renatus
Cartesius, com sua luneta, contempla o contemplável, mas as
imagens captadas em suas lentes são bizarras associações entre
real e irreal, sentido e sonhado, palpável e imaginário, indicando
uma fusão entre o subjetivo (o olhar do observador) e o objetivo
(o objeto observado), o movimento para dentro e o para fora,
numa "excentricidade focal". O resultado desse enquadramento
de miragens é um discurso tecido em sequências de plástica
desordem, que inserem na página estranhas composições de "animais
anormais", "plantas que comem carne", "uma jibóia que é só
borboletas" e outros quadros da terra brasilis, borrados ou
deformados à maneira cubista, mas de um cubismo antropofágico,
que transfigura os contornos e o sentido das coisas, convertidas
em realidades verbais. A pupila alucinada do personagem, que
rege o ritmo da narrativa, opera recortes súbitos, colagens
de figuras fragmentárias, ecos e espelhismos de um mundo
recriado no romance impossível. Há toda uma floresta de citações
e provérbios, de signos ocultos em signos, como camadas geológicas
de leitura, que exigiriam o esforço de um exegeta com o fôlego
e a tenacidade de um Indiana Jones. No breve espaço deste
ensaio, não iremos nos iludir com a exploração metódica do
fabulário, o que demandaria obra de amplo escopo. Nosso único
intento foi o de registrar, de modo sucinto e impreciso, algumas
impressões de leitura do multifacetado "romance-idéia" de
Leminski, em paralelo com as suas outras prosas, que formam
algo como uma trilogia(7), onde cada livro dialoga
com os demais, em seu acabamento e visão estratégica.
*
Claudio
Daniel, poeta, tradutor e ensaísta, é
autor de A Sombra do Leopardo (2001), entre outros
títulos. Em 2004, deve lançar Figuras Metálicas,
pela editora Perspectiva (coleção Signos).
NOTAS
(1)
O presente ensaio enfoca as três narrativas longas em prosa
de Leminski na ordem inversa em que foram publicadas. Metaformose,
texto de publicação póstuma, saiu em 1994; Agora é que
São Elas é de 1984, e Catatau, de 1975. Esta inversão
deliberada deve-se ao método crítico adotado pelo autor, que
não tem um viés diacrônico.
(2)
Metaformose é um neologismo criado por Leminski a partir
da palavra metamorfose, parodiando o famoso poema de
Ovídio. É também o título de um poema concreto que o autor
publicou na revista Invenção, composto de variações
morfológicas como "amor", "mater", "morte", "amorfo" e "feto".
(3) A menina aparece ao mesmo tempo como personagem
e possível autora do romance, em novo lance metalinguístico:
"Essa casa é toda minha. As pessoas que estão lá dentro são
meus brinquedos. Alguns, eu inventei. Alguns, meu pai comprou."
Seu nome é Norma, assim como o da heroína, numa curiosa relação
especular de ousider, remetendo novamente a Poe e a
seu conto Wlliam Wilson.
(4)
A presença do neobarroco no Brasil ainda não foi estudada
de modo amplo e satisfatório, mas é possível incluir, dentro
desta vertente, livros como Galáxias, de Haroldo de
Campos; Catatau, de Paulo Leminski; Satori,
de Horácio Costa; Mar Paraguayo, de Wilson Bueno;
Ar e Corpografia, de Josely Vianna Baptista.
(5)
Monstro semiótico que assombra o livro, interferindo na própria
escritura. Occam é um nome derivado de um personagem lendário
do século XVI, William of Ockham.
(6)
Já na segunda linha de Catatau, Renatus Cartesius diz:
"vejo o mar, vejo a baía e vejo as naus ", e um pouco abaixo:
CONTEMPLO A CONSIDERAR O CAIS, O MAR, AS NUVENS, OS ENIGMAS
E OS PRODÍGIOS DE BRASÍLIA". Essa reiteração do olhar se multiplica
ao longo da narrativa, culminando na expressão "Ver é uma
fábula".
(7)
Uma investigação mais rigorosa da fabulação leminsqueana deveria
incluir também, a nosso ver, o seu ciclo de biografias de
Jesus, Bashô, Trotsky e Cruz e Sousa, reunidas no volume Vida,
e a inventiva recriação do Giacomo Joyce, de
James Joyce, sem esquecer do inédito O Gozo Fabuloso.
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