Uma fábula zen para crianças grandes: essa é, para Haroldo de Campos, a definição da obra Guerra Dentro da Gente, de Paulo Leminski, publicada em 1986. A fim de explicar tal definição e, por conseguinte, a obra, tomemos o conceito apresentado por Massaud Moisés, em seu Dicionário de Termos Literários: a fábula seria uma narrativa curta inventada (mimética) protagonizada por animais irracionais em cujo comportamento transparece uma alusão, pedagógica ou satírica, aos seres humanos (MOISÉS, 2004:184). Comenta Massaud, ainda, que, na Poética de Aristóteles, “fábula” designava a “imitação dos atos”, isto é, a intriga, a estrutura da narrativa, e era o “primeiro e mais importante” elemento da tragédia; para os formalistas russos, o termo continha uma conotação específica de história, enredo; ele cita, ainda, Todorov, resgatando o conceito de que a fábula consiste no “conjunto de acontecimentos ligados entre si e que nos são comunicados ao longo da obra, ou um conjunto de motivos e sua sequência cronológica de causa e efeito” (MOISÉS, 2004:184).
A fábula, então, designa classicamente o núcleo de todas as narrativas, ou seja, o sistema de ações e situações que forma a estrutura de toda a narrativa. O encantamento proporcionado pela fábula reside mais na sua intenção didática que na criatividade das situações,
já que procura uma dimensão mimética ou imitativa da própria natureza. Esta última característica não deve, no entanto, levar-nos a menosprezar nem a perspicácia da observação e interpretação do mundo natural, nem o engenho da sua recriação. A intenção reguladora, para não dizer moral, do gênero implica, de fato, um afastamento da “mimesis”. O espaço “parabólico” que assume exige a explicitação da sua intenção para a sua total eficácia. (PEREIRA, 2009:23)
Percebe-se, pois, que a fábula, historicamente, como todo produto humano, tem passado por uma constante evolução de seu conceito, já considerada como ficção, lenda, narrativa mitológica, enredo. Atualmente, considera-se que a característica mais intrínseca à fábula é sua dimensão alegórica, a qual pretende instruir crianças e contribuir para a sabedoria dos adultos, divertindo o leitor com os exemplos de um mundo que é conhecido. Nessa perspectiva, entende-se que qualquer que seja o conceito considerado, nenhuma fábula dispensa a moral. Para tanto, faz-se necessário ler além da letra, ir além do que está escrito. Assim, faz-se necessária a leitura do texto por “crianças grandes”, como dito por Haroldo de Campos; grandes não em idade, mas em esperteza e sensibilidade, características dos pequenos (grandes) leitores que formam o público das maiores obras de Literatura Infantil.
Guerra Dentro da Gente é, portanto, uma fábula, no sentido de ser uma narrativa curta e mimética, cujos personagens são seres humanos, mas que contém animais irracionais significativos para a obra. O tempo da obra vai da infância do protagonista até sua velhice, sem referências temporais exatas. A ação se desenvolve em torno do ensinamento da arte da guerra que o velho Kutala promete dar ao jovem Baita. Vista como fábula, a obra intenciona moralizar o leitor; tal moralização não se explicita, como frequentemente ocorre nesse gênero textual, mas se dá em lições distribuídas ao longo do texto e no convite à reflexão: conclui-se que a vida é uma guerra dentro de nós mesmos. Essa característica, ao contrário do que afirma Pereira (o espaço “parabólico” da fábula exigiria que sua intenção fosse explícita, a fim de atingir total eficácia), não prejudica o entendimento da lição a qual a fábula leminskiana pretende transmitir. Assim, o fato de se manter a eficácia da proposta da fábula é uma prova de que a criança, quando convidada a refletir diante de passagens da obra, realmente reflete, a seu modo; não se deve subestimar a inteligência da criança com fórmulas prontas e textos acabados. Leminski mostra esse ponto de vista quando, no prefácio de Guerra Dentro da Gente, postula: “Nesta vida, pode-se aprender três coisas de uma criança: estar sempre alegre, nunca ficar inativo e chorar com força por tudo o que se quer.”
A obra leminskiana, pois, não diminui o poder interpretativo da criança e realiza seu poder estético-literário por meio de um convite à reflexão. Tal marca de introspecção e de teor reflexivo se liga ao outro aspecto da definição dada por Haroldo de Campos em relação ao livro de Leminski: sendo uma fábula zen, cabe, aqui, uma (mínima) explicação da prática zen. A proposta do zen é disciplinar a mente por meio da própria mente, fazer da mente seu próprio mestre, através de uma perspectiva de introspecção em meio a sua própria natureza real, da mente e da alma; essa é a busca fundamental do zen-budismo. Nessa perspectiva, o ensinamento é apreendido quando ele é realmente vivido e não quando é, apenas, compreendido intelectualmente. Sua prática extrapola, pois, a meditação: ela consiste em enxergar pelo olho da mente, com a intenção de olhar a razão da própria existência. É, portanto, um estilo de vida que busca a conquista da liberdade, num desejo pela mente desobstruída.
O objetivo último do zen-budista é a conquista do satori, uma intuição especial, “que capta simultaneamente a totalidade e a individualidade de todas as coisas” (SUZUKI, 1953:10), representando uma intuição de sabedoria transcendental; a partir do satori, se atinge o nirvana, este o estado de iluminação plena, aquele uma intuição de tal estado. Tal iluminação somente é obtida por meio da experiência pessoal direta. Entende-se, pois, que alcançar o satori representa uma mudança psicológica pessoal, em que valores anteriores a essa mudança são encarados sob um novo ponto de vista. Para essa realização, a compreensão racional de seu sentido ou conceito é insignificante: esse racionalismo, na verdade, o zen-budismo o vê como um obstáculo para o despertar do satori, na medida em que encara nossas constantes tentativas de definir intelectualmente tudo que nos rodeia como tentativas frustradas. Nessa perspectiva, portanto, a vida deveria se basear em percepções e não se preocupar com explicações. Como afirma Suzuki,
O homem é definido como um ser pensante, mas suas grandes obras se realizam quando não pensa e não calcula. Devemos reconquistar a ingenuidade infantil, através de muitos anos de exercício na arte de nos esquecermos de nós próprios. Nesse estágio, o homem pensa sem pensar. Ele pensa como a chuva que cai do céu, como as ondas que se alteiam sobre os oceanos, como as estrelas que iluminam o céu noturno, como a verde folhagem que brota na paz do frescor primaveril. Na verdade, ele é as ondas, o oceano, as estrelas, as folhas. Uma vez que o homem alcance esse estado de evolução espiritual, ele se torna um artista zen da vida. (SUZUKI, 1953:13)
Introspecção no sentido de solidão contemplativa em relação à natureza: essa é a marca da conduta zen-budista e esse é o traço claro do zen-budismo na obra leminskiana. Tal traço se aplica à literatura sob forma de aspectos tais como a natureza inserida na construção do significado da obra, o equilíbrio do indivíduo, a concisão ao dizer o máximo de reflexões por meio de uma linguagem depurada. A essência zen e suas influências na literatura, portanto, constituem uma tentativa de transcender os limites impostos pela linguagem habitual e pelo pensamento linear e científico, que considera o mundo racionalmente e vê a natureza como sendo previsível. Assim, desativa-se o automatismo perceptivo, que é o modo habitual de se ver o mundo à volta, e faz-se perceber fatos da natureza que, de outra forma, passariam despercebidos. Ao se valer de tal filosofia, portanto, Leminski visa à captura do belo em momentos da natureza e a contempla, descreve e valoriza, numa linguagem sucinta, tão curta quanto o momento epifânico em que essa beleza foi descoberta.
Com esses conhecimentos, o estudo se propõe a analisar a obra de Leminski em sua estrutura, associando tais saberes à análise. Guerra Dentro da Gente é, portanto, uma fábula zen estruturada em oito capítulos, que são: “A Partida”, “A Estrada”, “O Mar”, “A Cidade Assassinada”, “A Grande Cidade”, “A Noite dos Espetáculos”, “A Princesa e suas saídas” e “A Volta”.
O livro se inicia, então, com “A Partida”: o garoto foge da casa dos pais com a ambição de aprender a arte da guerra. O capítulo começa com o encontro do garoto Baita e do velho Kutala, na ponte que “separava a floresta, onde ia buscar lenha, da aldeia onde moravam seus pais”. Baita passa pela ponte, com um feixe de lenha nas costas, quando o velho tira e joga sua sandália nas pedras à beira do rio: “-Vá apanhar minha sandália.” O menino obedece. O velho, então, diz ao garoto: “- Você sabe das coisas. Quer aprender a arte da guerra?”. E, sem esperar uma resposta, o velho propõe uma charada: pede para que o menino volte à ponte no dia seguinte, quando “a cor da água do rio passar da cor da asa do estorninho para a cor do nenúfar” (LEMINSKI, 1997, p.7). Baita pede ajuda aos pais para descobrir a resposta do enigma, mas eles são agressivos com o garoto e o batem, afirmando que o velho, na verdade, era um tengu, um espírito da floresta, e que o menino não devia falar com esse ser. O garoto volta à ponte no dia seguinte, ao acordar, sem descobrir a resposta do enigma: a curiosidade o moveu de volta. O velho, a partir daí, propõe mais dois enigmas a Baita, com a finalidade de fazer o garoto se sentir preparado para tão grande descoberta que é a arte da guerra. O segundo enigma é ouvir a voz do vento: “esteja aqui amanhã, quando a voz do vento deixar de dizer adeus e começar a dizer venha” (p. 10). O terceiro enigma, a “última chance” que o velho resolve dar ao garoto, é, em si mesmo, o propósito dos outros dois: “decida você mesmo quando deve vir” (p. 11).
Nesse contexto, percebe-se que Baita é movido a voltar, após o primeiro e segundo enigmas, por sua curiosidade, tanto em aprender a arte da guerra (que Baita considerava uma arte superior), quanto em desvendar aqueles mistérios que o velho Kutala propõe. É notável, também, o fato de que todos os enigmas propostos trazem elementos da natureza associados à descoberta do momento certo de voltar à ponte (estorninho, que é uma espécie de pássaro geralmente preto; nenúfar, uma flor rósea; vento). Tal associação ratifica a presença da filosofia zen na obra, a qual fica mais explícita pela resolução do terceiro mistério. Nesse ponto, Baita precisa descobrir, por ele mesmo, o instante em que deveria ir até a ponte. Ele volta para casa e, naquela noite, volta à ponte e senta-se “de olhos bem abertos” (p.11); é nesse momento que ele realmente observa a natureza com olhar contemplativo, de admiração. Nessa observação, ele vê “a lua perder a cor e o vento ficar cansado, as nuvens brincarem de tudo, como é o costume das nuvens, e o silêncio falar a linguagem dos deuses” (p.11). Por meio da contemplação da natureza, Baita vai se preparando para aprender a arte da guerra:
Uma hora, escutou passos se aproximando. Levantou a orelha, feito cachorro. Contra a luz da lua, viu. Era o velho.
- Agora, sim. Você está ficando pronto para aprender a arte da guerra.
Nesse momento, Baita ouviu o vento dizendo venha. (p.11).
Baita, ainda inseguro, pergunta a Kutala o que deve fazer; o velho afirma que um mestre na arte da guerra não faz esse tipo de questionamento, e pergunta ao menino o que ele mesmo acha que deve fazer. O garoto, então, afirma querer ir com o velho. Nesse contexto, percebe-se que a obra trata da criança em busca de autonomia, autoafirmação e liberdade; é a partida da criança rumo à vida (adolescência e, posteriormente, vida adulta). A criança que parte para a vida e, no percurso, aprende a viver, a arte da guerra.
Kutala e Baita partem. “Depois de muito andar” (p.11), chegam numa cidade e se dirigem a uma grande estalagem. O velho se dirige a uma mulher e diz: “Esse é o moleque de quem lhe falei. Me pague agora” (p.12). Baita havia sido vendido no mercado de escravos. Junto com os outros escravos, ele caminha pela noite fria. O vento assobiava quando “por um momento, Baita chegou a imaginar que o vento dizia algo como adeus... ou seria venha?” (p.13). Todos chegam a um castelo, onde passam a noite. Baita, ao dormir, sonha com a arte da guerra, com seus pais, com “todas as pequenas coisas que um dia foram suas e, então, sentiu como tinha sido rico, como viver era maravilhoso, como o acaso rege nossas vidas” (p.13). O garoto soube, portanto, perceber os fatos a partir de um olhar mais ponderado; o garoto vê a experiência pela qual ele passa pelos olhos da mente, numa conduta zen.
No dia seguinte, Baita e os outros escravos precisam mostrar suas habilidades a fim de serem comprados. Quando é questionado sobre o que pode fazer, Baita afirma saber, apenas, “quando a água do rio passa da cor da asa do estorninho para a cor do nenúfar” (p. 13). Todos riem e o garoto é vendido ao circo que estava armado no fundo do castelo. Já no circo, Baita fica encarregado de levar água e comida para os bichos; apenas com aquela frase, faltava muito para ele ser palhaço e, por ele ser forte e saber carregar lenha, poderia executar essa função.
“Daí por diante, a vida do garoto foi dar capim para os elefantes e carne para os tigres” (p.17). Logo, por meio da observação e da experiência, o menino traça os perfis desses dois animais; ele era amigo dos elefantes e tinha relações de conflito com o tigre.
Devagarzinho, ele foi entendendo a diferença entre os elefantes e os tigres. Até que um dia ele entendeu. A diferença é que os tigres tinham medo. Por isso é que eram assim: quem só tinha medo, só podia dar medo. O mundo deles era um mundo com medo. Os elefantes, não. Eles não tinham medo de nada. Parecia que tudo estava certo, viver era bom. [...] Ele pensou: “quando eu tiver muito medo, quero ser como um tigre. Até lá, quero ser como um elefante” (pp. 17-19)
Certo dia o jovem decide fugir do circo com um palhaço, no qual ele reconhece o velho Kutala. Já na estrada, Kutala afirma que vendeu Baita como escravo porque, para aprender a arte da guerra, o garoto precisa conhecer a vida, “e a vida só se conhece vivendo” (p.20). O velho afirma ainda que o jovem já teve muitas lições: aprendeu a não confiar em desconhecidos (“Você confiou em mim e eu te vendi ao circo”, p.21) e a ser uma pessoa desconfiada; aprendeu que as coisas não são sempre do modo que se quer e também a saber se conformar diante de situações difíceis. Essas lições foram mais complexas para Baita apreender; para ele, o que ficou mais claro foi: “Só sei que aprendi duas coisas: os tigres são maus porque têm medo e os elefantes são bons porque não têm” (p.21). Tal percepção o ajudou a vencer o medo na hora de fugir, fato que ele admite na seguinte passagem:
- Eu virei um tigre. Quando senti aquele medo entrando em mim, eu pus o medo para fora. E virei um tigre. É assim que eles fazem. Eu vi.
- O medo é bom porque nos deixa cautelosos. Mas é ruim porque quando a gente está com medo vê fantasma onde não tem.
- O meu medo é diferente. É o medo dos tigres. (p.21)
Kutala e Baita passam dias andando por dentro do mato. “O caminho é longo” (p.24), dizia o velho. Depois de muita insistência, Baita soube o motivo que movia Kutala a querer ensiná-lo a arte da guerra: “tanto amolou que o velho respondeu: - Um dia fizeram isso comigo.” (p.24). O velho revela, ainda, o seu nome (até aqui o garoto não sabia que o velho se chamava Kutala) e afirma que foi general do rei de um dos reinos perto do mar, havia comandado muitos exércitos, vencido e perdido várias batalhas, sobretudo a última. E encerrou a conversa.
Numa manhã, ao subirem no topo de uma colina, avistam o mar. Baita ficou boquiaberto:
ouviu um barulho como se o vento estivesse soprando em mil árvores, um som que nunca tinha ouvido. Olhou à sua frente, até onde a vista alcançava: uma enorme água azul espumava em ondas brancas. [...] O vento que vinha do mar soprava em suas orelhas: venha, venha. Passando o espanto, ajoelhou-se, abriu os braços e ficou imóvel, de olhos fechados, defronte do mar.[...] Baita só enxergava o mar. Seu coração batia com toda a força. Era a coisa mais bonita que ele já tinha visto. E ver o mar começou a lhe dar vontade de fazer grandes coisas, coisas do tamanho do oceano. (p.26-27)
É notável a mudança de comportamento do jovem Baita. Ter passado algum tempo no meio de florestas, após ter fugido do circo, tornou-o mais aberto aos fatos da natureza. O jovem, agora, sabia ouvir a voz do vento, sabia entender o mar e era sensível para tirar, dessa contemplação, um aprendizado, um modo de conduta: vontade de fazer coisas grandes. Ao chegar a uma aldeia próxima de onde estava com o velho, Baita se decepciona, num primeiro momento, quando descobre que o mar “dentro, tinha tubarões para comer os braços e as pernas das pessoas” (p.29). Isso porque naquela aldeia viviam pescadores de pérolas que constantemente eram vítimas de ataques de tubarões. Baita, então, reflete sozinho alguns instantes, diante do mar, “olhando a lua se partir em mil pedacinhos nas águas, as ondas batendo, batendo, batendo... Pareciam dizer: venha, venha, venha”, mas ele resolve não confiar no mar e passa a considerar o mar um inimigo, “e se sentiu orgulhoso de ter um inimigo tão grande” (p.29).
Na manhã seguinte, chega à praia o navio chamado Tubarão, que costumava saquear a aldeia das pérolas. Nesse dia, o navio precisava de dois marinheiros para uma viagem à Grande Cidade. Baita e Kutala embarcam. O barco parte para o alto mar e, à medida que a ilha ficava cada vez menor no horizonte, o jovem pensava naquela pobre gente que perdia braços e pernas no mar a fim de conseguir as pérolas, para depois entregá-las, sem luta, ao capitão do navio em que ele estava. Ele, então, pensando nos pescadores da ilha, achou que “alguém devia ensinar a eles a arte da guerra” (p.31). Nota-se, portanto, o entendimento do jovem acerca do que representa conhecer a arte da guerra: aprender a se defender, saber lidar com situações difíceis, impor a própria autonomia e liberdade. Então, no navio em alto mar, cada vez com mais raiva de Kutala, o jovem Baita, que não é mais um garoto, sente que não precisa mais do velho, nem de ninguém, e que ele mesmo pode ser, dali em diante, seu próprio general. Baita sente que iria viver grandes coisas.
Há entre os marinheiros do navio um poeta. Vale ressaltar as conceituações dadas pelo velho Kutala acerca do que é o poeta, “quem é esse homem que fala essas coisas engraçadas” (p.33), na fala do jovem Baita. Naquele contexto, era o poeta alguém que “gritava palavras” e acordava os outros marinheiros que dormiam para “fugir à terra dos sonhos, à casa dos pais, aos dias da infância”; todos acordavam, portanto, odiando aquele homem “que os trazia de volta para mais um dia de sol forte” (p.33). O velho, ainda, diz que o poeta é “alguém que fala diferente”: em vez de falarem “estrelas”, dizem flores do “céu”; em vez de “noite”, “manto da noite” (p.33). Era, para Kutala, um ser esperto, que fazia o que quisesse com as palavras, que ouvia vozes no vento, no barulho do mar e entendia os gritos dos bichos; o poeta não merecia confiança. Essa é uma visão rancorosa, uma vez que Kutala havia perdido a confiança de um rei para o qual trabalhara há tempos: um poeta “acordou” o rei para a vida, e este expulsou Kutala do reino. Vê-se, no texto, que os marinheiros daquele barco concordavam com este pensamento, pois, ao passarem por uma tempestade, precisam escolher alguém para jogar no mar e alimentar “os demônios do oceano” (p.37); eles jogam o poeta.
No dia seguinte, os tripulantes avistam a terra e desembarcam numa “cidade assassinada”: vitimada pela guerra, havia sido queimada e saqueada; os habitantes viraram escravos do reino a que pertencia o exército vencedor. Foi, então, que Baita percebeu que na guerra não morriam apenas os soldados mais corajosos, mas também pessoas inocentes, e as sobreviventes se tornavam vítimas da escravidão. Agora, para o jovem, a guerra era horrível. Não havia arte. Kutala, posteriormente, explica a Baita que aquele é o aspecto soturno da guerra, é o lado dos vencidos, mas em algum lugar longe dali, há um reino vitorioso e feliz. O jovem, sentindo pena daquela cidade, lamenta que a guerra seja assim, e diz para si que será um guerreiro diferente.
Depois de um dia gasto com reparos no navio, seguem enfim para a Grande Cidade. Era uma cidade “maior do que tudo o que alguém pode imaginar” (p.43). Kutala consegue ouvir a voz da cidade, a qual “chegava forte como as ondas do mar que batiam no casco do Tubarão” (p.43). Quem comandava essa cidade era o Grande Rei, que tinha o apoio da Guarda, um grande exército que mantinha a ordem, e da Estátua da Liberdade, que dava ao rei o direito de fazer qualquer coisa com qualquer pessoa.
Kutala e Baita passam por uma feira onde centenas de vendedores vendiam produtos, desde frutas a perfumes. Os dois são atraídos por um vendedor de jóia. Nesse momento, Baita, o qual havia guardado raiva do velho que prometera ensinar-lhe a arte da guerra e ainda não lhe ensinara muito, resolve se vingar e põe um rubi dentro da bolsa de Kutala, sem que ninguém percebesse. O velho, então, é preso pela Guarda do Grande Rei e Baita, que negou conhecer Kutala, é convidado a entrar para a Guarda, uma vez que, aos olhos de um dos guardas, era um rapaz forte e que aparentava “saber das coisas” (p.45). Convite aceito, os guardas e Baita vão ao Quartel. Ao entrar,
Baita sentiu um cheiro forte, o cheiro dos cachorros que latiam e pareciam estar em toda parte. Sentiu um arrepio. Ali estava a arte da guerra, pensou. E a arte da guerra tinha cheiro de cocô de cachorro. [...] Pensava na cabana dos pais, no velho que tinha mandado pra prisão, na prisão, no circo, na viagem até a Grande Cidade, na bobagem e na loucura que era isso tudo. (p.46)
É válido ressaltar, neste momento, o sentimento do rapaz de que ele estava diante de algo que era “muito pouco” para seu desejo interior; “Baita sonhava grandes coisas” (p.46). Ele descobriu ali no Quartel que a função de um guarda era extrair o máximo de dor de cada chicotada que desse nas pessoas; foi instruído a negociar quando possível e a atacar, com toda força, para aniquilar. Esses eram os aspectos de bobagem e loucura da guerra. Certa noite, um dos guardas perguntou a Baita se ele sabia lutar.
- Não sei. Nunca briguei.
- Com ninguém?
- Só comigo mesmo. (p.48)
Ainda naquela noite, um guarda meio bêbado chamado Golias, à beira da fogueira, insultava Baita, que tentava se manter calmo pensando que “insultos são apenas palavras” (p.49).
Mas o gigante veio pra cima dele, tentando empurrá-lo para dentro da fogueira. Baita só girou o corpo, sem encostar a mão no brutamontes, que com seu próprio impulso caiu dentro da fogueira. [...] A partir daquela noite, começou a ficar conhecido como o rapaz que matou alguém sem fazer nada. (p.49)
Nessa passagem, fica claro que a ponderação e a tranquilidade fizeram Baita vencer a briga; não havia medo ou ódio. Evitar o ataque, ao contrário do que aprendera no quartel, foi o que o tornou vencedor. Sua arma, naquele instante, não era a força física de Golias, mas a força interior que o manteve equilibrado e sensato. É com essa atitude zen que Baita ascende na Guarda: já adulto, ele é nomeado Mestre dos Cachorros da Guarda. Baita, que já conhecia os tigres e os elefantes, passa a conhecer o cachorro: “O cachorro é um animal diferente, ao mesmo tempo mais burro e mais inteligente que o gato: cachorros gostam de gostar de alguém. Os gatos são felizes sozinhos.” (p.50). Exercendo tal função, o rapaz não pensava mais em si, em seu passado, em seus anseios; sua satisfação era cumprir suas responsabilidades e sentia prazer em cumpri-las bem.
Alguns meses após essa nomeação, chega a Noite dos Espetáculos, na qual o elefante branco seria homenageado no pátio do Palácio. Lá estariam o Rei, a Rainha e a Princesa. Baita, que havia preparado os dois melhores cachorros para a ocasião, posiciona-se ao lado do trono vazio do Rei, pronto para proteger a família real que estava para entrar, cada membro montado em um elefante. No momento da entrada da Princesa, o Mestre dos Cachorros sentiu que uma tragédia estava para acontecer: o elefante que carregava a Princesa era uma fêmea grávida, a qual estava assustada com as tochas que iluminavam o caminho e, com isso, colocava em risco a vida da princesa.
Baita saltou para o pátio, correndo para o animal enfurecido como se corresse para seu grande destino. Baita chegou diante da elefanta, jogou-se no chão e se encolheu como um caramujo. Ela ainda se agitou um pouco. Mas logo parou e estendeu a tromba para acariciar as costas do Mestre dos Cachorros. Dava para ouvir uma mosca voar no imenso pátio do Palácio. (p.51-52)
Baita demonstra, portanto, a capacidade de perceber que aquele era o seu momento de agir, já que ele tinha certeza de que conhecia bem os elefantes. Sua observação minuciosa permitiu que ele verificasse um fato – era uma fêmea grávida e assustada com o fogo – e, a partir dessa constatação, ele soube como agir. Ele, portanto, entendeu o “inimigo” não como uma criatura a ser derrotada, mas como uma criatura que precisava ser entendida a fim de ser vencida. O Rei reconhece a grandeza do ato:
- Hoje vimos um oficial da Guarda acalmar um elefante furioso. Que pode um homem contra um elefante? Um elefante é o mar, um homem é uma gota d’água. Mas este homem pôde com um elefante. Não fosse ele, estaríamos chorando a morte da Princesa. Este homem é meu novo Chefe da Guarda. Ele é agora o Mestre dos Elefantes. (p.52)
Esse trecho da obra faz referência ao momento em que Baita, ainda jovem, considera o mar seu inimigo. Mais velho, ele compreende melhor o significado disso: ele percebe que passaria por desafios enormes e que, para vencê-los, sua força precisaria estar na sua inteligência, na sua ponderação, na sua contemplação. Como chefe da Guarda, Baita enfrentou várias situações que lhe exigiram diferentes posturas: ele foi tigre, elefante, cachorro. Um dia, lembrou-se do velho Kutala e, quando o procurou, Baita descobriu que ele havia fugido do Grande Cárcere, a prisão do reino, e que deixara na cela apenas um manto com a frase “Até o próximo movimento” (p.53). Baita, agora o Mestre dos Elefantes, sentia-se orgulhoso por ter como inimigo, além do mar, o próprio Mestre da Guerra.
Um dia, ao passear pelos jardins do palácio, a Princesa é raptada pelo povo tugue, que vivia próximo dali e lutava com o Rei há gerações. Baita, levando no pescoço o Medalhão do Elefante, que o protegeria de ataques, vai à cidade inimiga resgatar a Princesa. Missão sucedida, os dois se dirigem de volta ao Palácio, mas precisam passar a noite no meio do caminho, na floresta.
Ele arrumou um lugar para a Princesa ao lado do fogo. Fazia frio e o céu estava cheio de estrelas. De repente, ela se levantou e veio se deitar ao lado de Baita.
- As pessoas existem para dar calor umas às outras – ela disse, deixando o rapaz paralisado.
[...] Olhou a princesa sorrindo e pensou como seria feliz quem pudesse ouvir todo dia aquela voz. (p.57)
Ao chegar de volta à Grande Cidade, Baita é nomeado Chefe dos Exércitos do Reino; nesse instante, declara ao Rei: “Só quero uma arma. Quero a mão da Princesa Sidarta.” (p.57). Para conseguir esse objetivo, o Rei declara que o chefe dos Exércitos precisaria vencer a batalha contra outro povo inimigo. Para tanto, Baita usa a inteligência: se o trunfo daquele povo eram os cavalos, o ataque deveria ocorrer no outono, quando os cavalos se enfraqueciam naquela região. Ele prepara sabiamente seu exército (inventava jogos e campeonatos para selecionar os mais aptos, fortes, ágeis). Por fim, chega o grande dia:
À frente de um grande exército, Baita partiu para a terra dos uman-manda. Apanhados de surpresa, com os cavalos fracos com a erva do outono, os uman-manda foram sendo derrotados em todos os encontros. Do alto do seu elefante, Baita passava por aldeias reduzidas a cinzas, vilarejos abandonados e campos cheios de caveira e esqueletos. A guerra acabou quando Baita disse:
- Coloquem o rei uman-manda numa jaula. E vamos voltar pra casa. (p.60)
Enquanto Baita se ocupava com essa guerra, a Princesa Sidarta sente o desejo de sair do Palácio e passear pela cidade e chama sua ama para servir-lhe de companhia; na ocasião de seu sequestro, a Princesa se encantou com o conhecimento do mundo real por experiência própria (conduta zen). É evidente a analogia desse passeio da Princesa Sidarta com os passeios do príncipe Sidarta antes de ele se tornar Buda, os quais o zen-budismo glorifica, por terem sido responsáveis pela tomada de consciência do príncipe Sidarta. Nessa perspectiva, ambos, a Sidarta de Leminski e o Sidarta do budismo, precisaram sair de seus palácios para reconhecerem que a dor é um fato da vida humana, que há sofrimento, infelicidade e descaso entre os homens. Na fábula zen leminskiana, a Princesa se depara com um mendigo, “só pele e ossos, tossindo e estendendo um prato com a mão esquelética” (p.58). Ela, que nunca tinha visto a pobreza e a doença, pede à sua ama uma explicação, que diz “é um pobre e está doente” (p. 58). O trecho que vem a seguir, nesse contexto, é revelador do pensamento que o ser humano tem quando se depara com condições de miséria: “voltaram, a Princesa pobre de tudo: pobre de forças, pobre de ideias, pobre como só uma princesa pode ser.” (p.58). Também o príncipe Sidarta, em seus passeios, sente-se chocado: ele se depara com um doente, um idoso, um morto e um monge (este contrastava com os outros três pelo seu aspecto sereno, mesmo vivendo em meio a tanto sofrimento). Depois dessas descobertas, o príncipe abandona sua vida, deixa o palácio e seus bens, corta relações familiares e adentra a floresta com o intuito de meditar e adquirir conhecimento sobre a situação humana de sofrimento. De volta ao palácio, a Princesa também sente ser maior que a vida que levava, e declara: “Não aguento mais de tanto amor” (p.60). Ela resolve abandonar o palácio; refere-se ao general Baita, que já havia vencido a guerra, dizendo que ele havia despertado o amor dentro dela.
Mas meu amor não tem o tamanho de uma só pessoa. Quero estender a sombra da minha mão sobre toda a dor, sobre todo o desespero, sobre toda a fome. Quero sair pelo mundo dizendo que a vida é melhor que a morte, que a alegria é maior que a tristeza e que os golpes de espada passam, mas só os beijos ficam. (p.60)
Baita e a família da Princesa só descobriram tal fato após o Rei ter declarado que sua filha se casaria com o general Baita. A princesa “não estava em nenhum lugar. Agora a Princesa estava em toda parte.”; para Baita, ela deixara um lenço com o escrito: “Eu amo.” (p.61).
Baita, nos anos seguintes, insiste em localizar a Princesa, mas as únicas informações que recebia eram sobre uma mulher que “andava de vilarejo em vilarejo, consolando os sofredores, ajudando os pobres, cuidando dos doentes, ressuscitando os mortos” (p.61). Ele sabia que se tratava da Princesa. É a princesa, portanto, quem “acaba mostrando o outro lado do céu, a dimensão feminina da novela” (LEMINSKI apud VAZ, 2001, p. 282).
Mil vezes teve vontade de encontrá-la, abraçá-la, dizer que tinha nascido para conhecê-la. Mas ele a amava demais para isso. E o amor que ela espalhava começou a tomar conta dele. Ele não sentia mais nenhum prazer na guerra.
Ninguém ganha uma guerra – dizia. – Numa guerra, todos perdem. (p.61)
Um dia, já velho, Baita resolve voltar para a aldeia em que nascera. Lá, ele se dirige à cabana de seus pais, a qual, abandonada, estava tomada pelas plantas. Um desejo estranho tomou conta dele. Ele se dirige à ponte e sente que já sabia o que ia acontecer:
O velho estava encostado na ponte.
Baita, calvo e com a barba toda branca, se aproximou.
O velho tirou a sandália e a atirou lá embaixo.
- Vá apanhar minha sandália – o velho disse.
- Vá você – Baita respondeu.
E seguiu seu caminho. (p. 62)
Com esse trecho Paulo Leminski finaliza sua fábula zen. Nessa perspectiva, é preciso considerar a fábula como um tipo de narrativa que, a partir de um discurso figurativo, visa tematizar uma lição de moral, instalar um código moral; a narrativa seria, portanto, um meio de aparição dessa moral, a qual completa a narrativa e regula suas significações, pois indica o modo como a estória deve ser interpretada. Nessa acepção, segundo Fiorin (1987, p.85), a narrativa, componente figurativo, e a moral, componente temático, unem-se e constroem o componente interpretativo juntas. É válido ressaltar que a obra em análise não apresenta, como geralmente ocorre nesse tipo textual, uma lição ou moral explícita ao final da narração. Contudo, é ao longo do texto que o autor insere conteúdos de conduta correta, os quais apontam para as oito atitudes zen-budistas de meditação (Nobre Senda Óctupla), cujo entendimento não se dá por meio de palavras; são essas as atitudes: compreensão correta, pensamento correto, palavra correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção correta, concentração correta. Assim, percebe-se que Baita, no decorrer da vida, apreende essas atitudes e, com isso, aprende a arte da guerra realmente válida para o ser humano: a arte de viver, isto é, o conhecimento de dentro da gente, a noção completa da vida. Nesse sentido, o zen-budismo declara que, por meio dessa Senda, o homem chega à extinção da ignorância, aqui não associada à prosaica falta de informações, mas ao desconhecimento do sentido profundo da existência. É essa ignorância que promove o sofrimento; eliminá-la é o propósito da prática zen-budista: como consequência, o homem compreende como lidar com a dor e, com base nisso, transcende o sofrimento.
Conclui-se, portanto, que a fábula construída por Leminski é de inspiração zen-budista; por esse motivo se entende o fato de que a reflexão moral proposta pela fábula não se explicita ao final do texto. Por meio de sua consciência da realidade, o autor sente as verdades dos fatos observados, que são expostos no texto, mas não explicados. Isso permite às crianças grandes, público-alvo da obra, o re-acontecer da emoção de tais fatos e a conclusão, à sua maneira, da moral assim apresentada. Dessa forma, o texto literário infantil e juvenil é considerado como um diálogo com o leitor. Essa conjuntura, portanto, evidencia o fato de que a criança e o adolescente possuem inteligência suficiente para unir significados e construir significações do objeto literário, e também são sensíveis o bastante para interpretá-lo. Prova disso é o leitor que se identifica na narrativa. Leminski, com sua apurada capacidade literária, sabia bem disso, e afirma que tal obra se trata de “um livro que vai atingir meninos e meninas, ambos vão se identificar com os personagens.” (LEMINSKI apud VAZ, 2001, p. 282).
Guerra Dentro da Gente é, portanto, uma obra literária do tipo fábula, cujo conteúdo está repleto de marcas zen-budistas. Tais fatos apontam para a necessidade de leitura além da letra, realizável por crianças grandes em sensibilidade e inteligência; o texto de Leminski, assim como a boa Literatura Infantil, explora e estimula um potencial que a criança já deve possuir; não se reduz, pois, a um texto fácil e acabado nem subestima a capacidade de leitura da criança. É, enfim, uma fábula que, por ser zen e primar pelo estímulo à ponderação, traz uma lição de moral apenas sugerida; o texto não é acabado, não está pronto nem esmiuçado pelo autor; trata-se, na verdade, de um texto em aberto, um convite à reflexão. Nessa obra, Leminski surge, pois, para convidar o pequeno grande leitor a uma contemplação de um momento de iluminação profunda, momento esse no qual se descobre que a vida é uma guerra que se passa dentro de nós.
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, José Otávio. Literatura Wushia, Budismo, marcialidade e ascese: da arte da guerra à historiografia sobre o mosteiro de Shaolin. In: Antíteses, vol. 2, n. 4, jul.-dez. de 2009, pp. 599-619. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/antiteses>. Acesso em 20 maio 2010.
AZEVEDO, Murilo Nunes de. Zen e as Aves de Rapina. São Paulo: Cultrix, 1970. p.14.
CAMPOS, Haroldo de. Arte no horizonte do improvável. Col. Debates. São Paulo: Perspectiva, 1969.
_______. As trabalheiras inventivas de Aguilar. In: AGUILAR, José Roberto. Hércules Pastiche. São Paulo: Iluminuras, 1994. p.11-13.
FIORIN, José Luiz. Millôr e a destruição da fábula. In.: ALFA: revista de lingüística, n. 30/31, p. 85, São Paulo:UNESP,1987.
LEMINSKI, Paulo. Guerra Dentro da Gente. São Paulo: Scipione, 1997. 8. ed. (Série Diálogo).
PEREIRA, L.. A fábula, um género alegórico de proverbial sabedoria. In: Forma Breve, América do Norte, jun. 2009. Disponível em: http://portal.doc.ua.pt/journals/index.php/formabreve/article/view/198/169. Acesso em: 17 Apr. 2010.
POUND, Ezra. ABC da Literatura. Tradução de Augusto de Campos e José Paulo Paes. São Paulo: Cultrix, 1989.
SUZUKI, Daisetz Teitaro. Introdução. 1953. In: HERRIGEL, Eugen. A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen. São Paulo: Cultrix, 1986. p. 9-13.
_______. Introdução ao zen-budismo. Tradução de Murilo Nunes de Azevedo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1961.
VAZ, Toninho. Paulo Leminski: o bandido que sabia latim. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Notas
|