COORDENADAS POÉTICAS DE UMA CHINA ESPECIAL
Há 10 anos, a Antologia de Poetas de Macau se oferece ao murmúrio do oriente e do ocidente.
Mônica Simas
A poetisa, crítica e ensaísta Ana Hatherly (1979) já afirmava, numa pequena obra, que todos os poetas (e leitores de poesia) são antologistas. Mergulhamos no murmúrio da linguagem, atravessando repertórios de uma determinada cultura que são formados por uma língua e selecionamos palavras, versos, obras que, de alguma maneira, podem nos reconciliar com os sentidos que atribuímos a nossa existência. A seleção aplicada à memória facilita a significação necessária à ficção de nossas vidas e impõe-se como um limite nada limitado; afirma-se apenas como uma coordenada diante do imponderável. O sentido da escrita exige finitude, no entanto, o ilimitado continua ali, como plano submerso à escolha, no murmúrio indistinto da linguagem, pleno de novas revelações de audição e leitura.
Hoje, há 10 anos da data histórica da transferência da soberania administrativa de Macau (20 de dezembro de 1999) para a República Popular da China, posso sugerir que, em Macau, o evento literário mais importante daquele ano, além da reedição de Infraestruturas, primeira obra poética de Alberto Estima de Oliveira lançada naquele espaço, tenha sido a publicação da Antologia de Poetas de Macau, cuja seleção e organização estiveram a cargo de Jorge Arrimar e Yao Jingming, com a chancela de três institutos culturais de enorme importância na região — Instituto Cultural de Macau (ICM), Instituto Português do Oriente (IPOR) e Instituto Camões.
A excepcionalidade do lançamento fica marcada, logo no início da introdução à obra, feita pela professora Ana Paula Laborinho, nos seguintes termos:
A singularidade de Macau assume por vezes formas perturbadoras. Aqui coexistiram ao longo de anos comunidades que se conheceram mal e dialogaram pior, fechadas com poucas exceções no universo da própria língua. Duas comunidades — de expressão chinesa e de expressão portuguesa — que partilharam o espaço sem significativas trocas (1999, p.17)
Para se entender o comentário acima exposto é necessário fazer um recuo no tempo e buscar uma tradução para tamanho desconcerto. Se pensarmos como Olinto (1996) que a literatura implica interação e que a leitura do literário participa da coexistência de sistemas interligados, devemos ter em mente que Macau é um espaço que abrigou, desde a chegada dos portugueses, no século XVI, uma estrutura temporal diversificada. Macau, diferentemente dos países africanos ou do Brasil, teve, pelo menos, duas histórias paralelas, a chinesa e a portuguesa, envolvendo a elaboração de narrativas próprias a partir de diferentes processos perceptivos em relação ao tempo. Como mostra Theodoro (1996), enquanto que na América a conquista, marcada por muita violência e morte de grande parte da população nativa, resultou em síntese e criação de uma memória, defendida ou atacada, mas compartilhada entre os diversos grupos em questão, no caso de Macau, não teria havido um esteio histórico comum. No entanto, a partir da década de 1970, houve uma aproximação necessária à concretização dos projetos de infra-estrutura que ocupariam os anos de transição (1987-1999)[i], fundamental à localização tanto de Portugal quanto da República Popular da China nos interstícios da rede internacional.
A busca pelo entendimento comum acerca do destino de Macau tornou-se o fundamento de uma ação de desenvolvimento e de consolidação política, tanto para Portugal quanto para a China. Sendo assim, a um primeiro olhar, o inusitado da edição, bilingue, dessa antologia teria sido buscar a convergência das culturas que compõem o território matricialmente, já que a região tem essa dupla e paralela história.
Um dos critérios da edição foi a residência em Macau. Os poetas não tinham que ter nascido necessariamente na região, mas tinham que ter uma permanência na terra. Segundo Yao Jingming (em estudo ainda inédito, apresentado na Universidade de Lisboa, em 2007), simplesmente passar pela região ou tratar de Macau como tema não seria suficiente para que um autor pudesse ser incluído na estruturação discursiva significante de Macau.
A antologia foi uma iniciativa ousada, dando aos leitores de língua portuguesa e de língua chinesa a oportunidade de verem Macau através do olho outro. Ainda, como afirma Yao Jingming (2007) "[...], as culturas, embora convivam basicamente em harmonia e sem violentos conflitos, nunca conheceram uma convergência essencial e profunda". O fato de Macau ser parte de histórias distintas, ter nomeações distintas, inclusive em nomes de ruas, ser, portanto, dupla, motivou, ainda, a historiadora de Hong Kong, Christina Miu Bing Cheng (1999) a defini-la como uma Jano Cultural, título do livro que corresponde à sua tese de doutorado. A imagem do mito com duas cabeças, olhando cada uma para uma direção diferente identifica o desenvolvimento paralelo e autônomo das duas culturas, chinesa e portuguesa, no mesmo espaço.
Se pensarmos que, três anos antes, em 1996, a Fundação de Macau havia editado a Antologia de novos poemas de Macau, organizada pelo poeta Zheng Weiming, somente com poetas chineses e que, o mesmo acontece em 2007, quando o professor Li Guanding editou também pela Fundação de Macau a Antologia de Poesia Contemporânea de Macau, fica evidente a diferença da obra de Arrimar e Yao. Na última antologia chinesa, de Li Guanding não foi esclarecido o critério de seleção dos poetas; na de Zheng Weiming, o que prevaleceu não foi somente o de residência, mas também o de tema. Também é necessário observar que o mar de empreendimentos que ocorrera no período de transição fora responsável tanto pelo retorno de macaenses que haviam partido em decorrência da situação do pós-guerra como também pela transferência de portugueses vindos dos mais variados pontos das rotas que o imperialismo havia formado. Ou seja, a literatura, como um sistema integrado aos demais, também passaria por alterações radicais. Jorge Arrimar e Yao Jingming, ambos escritores não nascidos em Macau, estão inseridos neste contexto.
Jorge Arrimar nasceu em Angola, em 1953. Funda, na década de 1970, o Grupo Cultural de Huíla. Em 1985, depois de concluir sua licenciatura de História, com especialização em Ciências Documentais, parte para Macau, passando a trabalhar, durante algum tempo, no Arquivo Histórico de Macau. Em 1986, atuou como subdiretor da Biblioteca Nacional de Macau para, logo depois, desempenhar o cargo de diretor. Confluências e Secretos Sinais, publicados em 1997 e 1992 respectivamente, são alguns títulos poéticos do organizador. O primeiro foi já uma primeira parceria com Yao Jingming, pois ambos dividiram o espaço do livro.
Yao Jingming nasceu em Beijing, em 1958. Estudou português na Universidade de Beijing e trabalhou como diplomata durante algum tempo. Reside em Macau, desde a década de 1980, onde é professor da Universidade de Macau. Além de escrever poesia em chinês, também escreve em português, dedicando-se ainda a traduções de poesia de expressão portuguesa para o chinês. Em 2006, ele ganhou a medalha da Ordem Militar de Santiago de Espanha pelo presidente de Portugal. Uma antologia pessoal, em inglês, acaba de vir à publicação, em 2009.
Com relação à poesia de expressão portuguesa, fora feita uma recolha de obras de autores, que na grande maioria, já haviam publicado ao longo do século XX. Por isso e, por outro lado, não podemos pensar na publicação dessa antologia como uma produção isolada. É ela também parte da transformação avassaladora que configurou o projeto de autonomia e, como tal, da busca de sentidos possíveis do espaço.
Além de nomes conhecidos do cânone da literatura portuguesa, como os de Camilo Pessanha, de José Augusto Seabra e de António Manuel do Couto Viana, destaco a produção dos poetas João Rui Azeredo, Alberto Estima de Oliveira e Fernanda Dias.
O moçambicano João Rui Azeredo expressa a inquietação que outras vozes podem efetuar no tempo:
Pátio do Poeta. Só dele
O sal nas vozes
[...]
Só
o cavalo alado
com a crina dos mistérios
plana
montado por omissões descodificadas
em tiras de papel qualquer
como se vozes outras
do poeta
a rasgar o tempo
(p. 217)
Do mesmo modo que as "tiras de papel" servem aos mistérios, unindo o homem ao céu, a poesia se faz de coabitação de diferenças, as "vozes outras" que "rasgam o tempo" homogêneo. A inquietação com o modo de se sentir o tempo, em sua vivência plural, já está presente em obra anterior do poeta, Poemacau (1992).
No mesmo ano, Fernanda Dias publicava o seu primeiro livro de poesia, Horas de papel: poemas para Macau, também com o apoio do IPOR. A autora compõe um universo de Macau muito particular, como se chamasse o espaço para a sua real vocação intercultural, através da invenção de uma escrita cheia de hibridismos. Se Macau pode estar contida em suas "ocasionais palavras amarelas /escritas com crisântemos desfeitos" (DIAS, 1992), é porque a cidade abre-se à fabulosa proximidade do outro. Em 1998, a mesma autora publica Rio de erhu, uma assombrosa interseção de linguagens a partir desse outro, o violino chinês. Depois da transição, a escritora, artista plástica e tradutora continua o seu ofício poético. Em 2002, é publicado Chá Verde, um exaltante testemunho de convivências. Por isso, da antologia, destaco a última estrofe do poema "o chá", uma constante, portanto, já que o poema pertence ao seu primeiro livro Horas de papel (1992):
O chá
[...]
[...]
Ponho o negrume da rosa sobre a mesa
bebo o teu olhar e o chá. E espero
Espero que me digas o que fomos
que antiga fraternidade é esta
que tenaz e sôfrega nos une.
(p. 165)
Na sua poesia, a própria fraternidade aparece duplamente invocada, "tenaz e sôfrega", indicando a intensidade da vontade e a voragem dolorosa que pode estar em um encontro como o outro. Já na poesia de Alberto Estima de Oliveira, o encontro é uma invenção feita através do vazio do próprio ser.
Devasso
meu próprio
espaço
de água
feito
no deserto
do corpo
invento
encontro
rio
onde
me deito
(p. 113)
O poema, retirado do quarto livro publicado por Alberto Estima de Oliveira, em Macau — O corpo (com)sentido (1993), envia o leitor a uma formulação poética imbricada de desejo e vazio, de água e deserto, fluidez e imobilidade. É nas margens do desejo que o espaço, para este poeta, pode ser inventado e, daí, também, o nome da antologia da sua obra poética, publicada em Portugal, em 2006, Mesopotâmia, espaço que criei. O título corresponde aos versos do último poema do seu livro O Diálogo do Silêncio (1988): "[...] espero por ti/ na mesopotâmia/ espaço que criei/ nas margens dos rios dos meus desejos [...]". O espaço, na obra deste poeta, requer o rigor do esvaziamento do ser para, nessa abertura, o encontro desejante ser possível. A transversalidade temporal põe o sujeito poético na incidência limiar da contemplação dispersiva e do enleio no real imediato, muito próximo também dos processos meditativos.
Em relação à poesia chinesa, que consta da antologia de Arrimar e Yao, observo que os comentários a seguir só foram feitos graças à generosidade das traduções de Yao Jingming. Entre os poemas chineses, encontra-se uma teia que vai desde imagens sutis de aspectos da natureza, sugerindo a solidão de se viver numa cidade em meio a rostos estranhos, como em "Cidadezinha", de Wang Hao Han até a denúncia explícita dos problemas da cidade, como em "Paisagem de Macau", de Gao Ge, ou "Incinerador", de Wu Guo Chang:
Cidadezinha
Os raios solares decorando a cidadezinha no Outono
Mesmo as ruelas partilham da sombra do sol
A trepadeira verde sobe janelas desbotadas
e as aldrabas da porta ferrugenta fecham o silêncio.
[...]
Em todos as ruas apenas olhos estranhos
Eu deixo repousar a saudade nas acácias
e aguardo secretamente que Maio floresça rubro
[...] (p. 194)
Paisagem de Macau
[...]
O Deus que protege a Praça do Cavalo de Cobre saiu do memorial
ainda numa postura de dom Quixote
e os alcoviteiros adaptaram histórias eróticas com as lendas do herói.
São histórias que se repetem todas as noites
porque nas gaiolas de luxo vive-se um ambiente sensual
em que os homens sobrevivem com uma sensação amorosa
Mas a questão é como manter a eterna erecção
e como fortalecer o regime representativo com o bálsamo mágico da Índia
"O jogo moderado dá prazer" é justificativa do público para se divertir
Os "Come-moedas" funcionam para criar efeitos publicitários
Desde os assaltos dos piratas até aos desafios contra o rei do casino
tudo é uma combinação da civilização ocidental e da sabedoria oriental.
[...] (pp. 143-144)
Incinerador
Quando chegamos frente ao sol
o fumo preto da fábrica volta a rir cinicamente
[...]
Trabalhar um dia todo para trocar por uma noite que se consome
no êxtase das chamas de néon
E depois refrescamo-nos com uma coca-cola gelada
As correntes de lata de estanho incorporam-se delicadamente
na maré consumista
[...] (p. 226)
Que a poesia chinesa se ponha de forma resistente aos processos de um materialismo exacerbado que tomou conta de Macau não deve causar espanto, pois é próprio da poesia resistir aos ritos do mercado, mas evocar um certo despertencimento depois da transferência do território é quase uma subversão. Seguindo os passos da leitura de Yao Jingming (texto ainda inédito) da Antologia da Poesia Contemporânea de Macau, organizada por Li Guanding e publicada em 2007 como já foi referido, na poesia de Yi Ling, cidadã residente em Macau e portadora do bilhete de identidade de Hong Kong, há um questionamento acerca da própria possibilidade de Macau ser um lugar ao qual pode se pertencer. Segundo Yao, "como chinesa, não lhe custa identificar-se com a cultura chinesa mas ela não consegue identificar-se com um regime ainda menos democrático, o que lhe atribui uma postura dissidente que subsiste sob muita pressão numa sociedade conservadora como Macau". A expressão desse incômodo, no entanto, é muito incomum. Yao considera que, muito comum, é encontrar, na poesia chinesa, antes ainda da transferência ou logo nos anos seguintes à transferência, a imagem de Macau como "um filho humilhado" por ter sido ocupada pelos portugueses. Os chineses aguardaram com confiança o futuro da região, no entanto a série de escândalos que surgiu com relação ao governo da RAEM deixou a população bastante decepcionada.
Seja na imagem de um exílio na terra própria, da dificuldade de se enraizar, da monotonia repetida, do vazio, do tédio ou da solidão, a Antologia da Poesia Contemporânea de Macau parece vir para desconcertar o leitor, contrapondo-o aos slogans que circulam nos discursos oficiais e turísticos da cidade.
Além de ser a primeira (e única) antologia em língua portuguesa a reunir poetas portugueses e chineses de Macau, selando uma busca de integração local a partir da pluralidade de olhares, o livro permite ao leitor de fora aproximar-se da busca que essas poesias fazem por uma certa "forma". A China está em foco por conta da sua prosperidade econômica "olímpica", mas pouco se fala sobre a sua poesia. De modo geral, a impregnação da poesia de expressão portuguesa com os modelos ideogrâmicos deu-se através da poesia japonesa nas formas do hai kai e hai ku, já amplamente estudadas. Essas formas tradicionais, por sua vez, têm relações com a poesia clássica chinesa, mas não são muitos os que buscam analisar seus procedimentos específicos. Macau nos possibilita várias aproximações importantes aos curiosos da poesia. Como não falar, neste campo, da importância, por exemplo, do estudo de François Cheng, "A escrita poética chinesa", publicada junto a outros estudos específicos sobre a poesia chinesa e macaense, no n. 25 da segunda série da Revista de Cultura, uma publicação do Instituto Cultural de Macau?
Além da poesia clássica, é preciso que conheçamos a China de agora, as suas questões poéticas contemporâneas e a Antologia de Poetas de Macau favorece esse conhecimento. Como afirma Yang Lian, citado por Claudia Pozzana e Alessando Russo, na introdução de uma edição de Poesia Sempre (2007), dedicada à China, é preciso perceber, pelo menos, segundo o seu olhar, três critérios: "o incessante aperfeiçoamento da singularidade formal, a fidelidade artística em relação ao leitor e a capacidade de pensar a própria genealogia" (p. 9). Esses três critérios iluminam, por sua vez, uma dupla categoria: "as determinações particulares da língua e da cultura chinesa" (p. 9) e "os processos de verdade artística que vêm de, e voltam para, este particular espaço linguístico-cultural" (p. 9). Neste caminho, estamos apenas chegando à porta da entrada das possíveis leituras desses poemas, mas como diria Lao Tsé, "o caminho está debaixo dos próprios pés"; sem o primeiro passo não seria possível lançarmo-nos aos desafios a que esta cultura outra nos propõe.
Notas:
[i]Em 13 de abril de 1987, Portugal e a República Popular da China assinaram em Beijing a Declaração Conjunta, na qual ficou definido o processo e a data da transferência da administração do território. Portugal assumiu a responsabilidade de governar Macau até 19 de dezembro de 1999, promovendo o desenvolvimento econômico e preservando a estabilidade social. Por sua vez, a República Popular da China aceitou que o território se tornasse a Região Administrativa Especial de Macau (RAEM), em conformidade com o princípio "um país, dois sistemas".
Referências Bibliográficas:
ARRIMAR, Jorge e YAO, Jingming. Antologia de Poetas de Macau. Macau: IPOR, ICM, IC, 1999.
AZEREDO, João Rui. Poemacau. Macau: Livros do Oriente e Instituto Português do Oriente, 1992.
DIAS, Fernanda. Chá verde. Macau: CACultura, 2002.
______. Rio de Erhu. Macau: FAB, 1999.
______. Horas de papel (poemas para Macau). Macau: IPOR, 1992.
ESTIMA DE OLIVEIRA, Alberto. Mesopotâmia, espaço que criei. Lisboa: Aríon Publicações, 2006.
_______. O corpo con(sentido). Macau: Instituto Cultural de Macau e Instituto Português do Oriente, 1993.
_______. O diálogo do silêncio. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1988.
_______. Infraestruturas. Macau: Instituto Cultural de Macau, 1987.
HATHERLY, Ana. O espaço crítico - do simbolismo à vanguarda. Lisboa: Editorial Caminho, Lisboa, 1979.
LABORINHO, Ana Paula. Por uma literatura de Macau. In: ARRIMAR, Jorge e YAO, Jingming. Antologia de Poetas de Macau. Macau: IPOR, ICM, IC, 1999.
POZZANA, Claudia e RUSSO, Alessandro. Esta é uma outra China. In: Poesia Sempre, China, n. 27, ano 14/2007. Rio de Janeiro: Fundação Biblioteca Nacional.
THEODORO, J. Mestiçagens: Ocidente e Oriente — os macaenses entre dois mundos. Revista TB. Rio de Janeiro, 125, abril-junho, 1996.
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