MALCOLM DE CHAZAL
Les formes
De
Son corps
Étaient
Son
Catéchisme.
Le sublime
Acteur
C’est
L’enfant.
Il joue
Son
Propre rôle.
Toute
Pierre
Dans
Le mur
Se
Sent
Enterrée
Vive.
La symétrie
Absolue
N’importe où
Arrêterait
L’univers.
L’oeil
Dort
Quand
La bouche
Parle
Trop.
Les
Échos
Se
Téléphonaient.
As formas
Do
Seu corpo
Eram
Seu
Catecismo.
O sublime
Ator
É
A criança.
Ela desempenha
Seu
Próprio papel.
Toda
Pedra
No
Muro
Se
Sente
Enterrada
Viva.
A simetria
Absoluta
Não importa o lugar
Pararia
O universo.
O olho
Dorme
Quando
A boca
Fala
Em demasia.
O
Ecos
Se
Telefonavam.
Le front
Ne
Sourit
Que
Chez
Les enfants.
Si l’air
Ne devenait
Papillon
Comment
Le papillon
Pourrait-il
Voler
Dans
L’air ?
Le robot
C’est
L’aveugle
Conduisant
Le paralythique.
Pour
La boue
La saleté
C’est
L’eau.
Les plantes
N’ont
De complexe
Qu’en
Pot.
Les femmes
Cherchent
Dieu
A
L’église
Et le Diable
Au lit.
A testa
Só
Sorri
Entre
As
Crianças.
Se o ar
Não se tornasse
Borboleta
Como
A borboleta
Poderia
Voar
No
Ar?
O robô
É
O cego
Conduzindo
O paralítico.
Para
A lama
A sujeira
É
A água.
As plantas
Só têm
Complexo
No
Pote.
As mulheres
Procuram
Deus
Na
Igreja
E o Diabo
Na cama.
La lumière
Avec
Chaque couleur
Change
De
Peau.
L’amour
Sans
But
Est
La source
De
Toutes
Les haines.
Les chiffres
Se sont
Toujours
Trompés
A cause
Du zéro.
Les mots
Depuis
Des temps
Immémoriaux
Cherchent
Leur
Signification.
Le miroir
Ne connaît
Que
Son dos.
Dieu
Et
Diable
Réunis
Donnent
L’hystérie.
A luz
Com
Cada cor
Muda
De
Pele.
O amor
Sem
Meta
É
A fonte
De
Todos
Os ódios.
As cifras
Sempre
Se
Enganaram
Por causa
Do zero.
As palavras
Desde
Tempos
Imemoriais
Procuram
Sua
Significação.
O espelho
Conhece
Apenas
Suas costas.
Deus
E
Diabo
Reunidos
Dão
Histeria.
Les bateaux
Sont
Féminins
Dans
Les ports
Et
Mâles
En mer.
L’aveugle-né
Voit
Les couleurs
Des
Sentiments.
Os barcos
São
Femininos
Nos
Portos
E
Machos
No mar.
O nascido-cego
Vê
As cores
Dos
Sentimentos.
La logique
Ne s’est
Jamais
Raisonnée.
L’oiseau
Qui
A peur
Se sent
En cage.
Quand
Une roche
Meurt
Elle n’a pas
Besoin
De s’enterrer
Le fil
Est
Une ligne
De rupture.
A lógica
Nunca
Se
Raciocinou.
O pássaro
Que
Tem medo
Se sente
Na gaiola.
Quando
Uma rocha
Morre
Ela não
Precisa
Se enterrar
O fio
É
Uma linha
De ruptura.
La Nature
Ignore
Le déjà vu.
Elle
Revint
Avec
Le miel
Et
Laissa
La lune.
La mort
Vint
Quand
L’homme
Etait
Absent.
Il faisait
Si chaud
Que
Les fleurs
Durent
Se servir
De
Leurs couleurs
Comme éventail.
Le
Trou d’aiguille
Perdit
Le fil
De ses
Idées.
Le charbon
Flambant
Eut
La mémoire
De ses origines.
A Natureza
Ignora
O já visto.
Ela
Retornou
Com
O mel
E
Deixou
A lua.
A morte
Veio
Quando
O homem
Estava
Ausente.
Fazia
Tanto calor
Que
As flores
Tiveram que
Se servir
Das
Suas cores
Como leque.
O
Buraco da agulha
Perdeu
O fio
De suas
Idéias.
O carvão
Flamejando
Teve
A memória
De suas origens.
Les premiers dessins
Donnèrent
Aux hommes
Le visage de leurs
Idées.
Le noir
Porte son deuil
En rose.
La pire chaîne
Est
L’espérance.
La chose
Qui serait
Parfaitement
Vierge
N’aurait
Pas de forme.
Elle fit
De son corps
Un temple
Et y mit
L’homme
En religion.
Les traits de l’homme
Furent son premier
Vocabulaire.
Le vice
Est le plus
Obéissant
De nos
Instincts.
Les hommes
Hélas
Ne veulent pas
Le bonheur
Mais
Leur bonheur.
Os primeiros desenhos
Deram
Aos homens
O rosto de suas
Idéias.
O preto
Veste seu luto
De rosa.
A pior corrente
É
A esperança.
A coisa
Que seria
Perfeitamente
Virgem
Não teria
Forma.
Ela fez
Do seu corpo
Um templo
E nele pôs
O homem
Como religião.
Os traços do homem
Foram seu primeiro
Vocabulário.
O vício
É o mais
Obediente
Dos nossos
Instintos.
Os homens
Infelizmente
Não querem
A felicidade
Mas
A sua felicidade.
Le souterrain
Perdit
Souffle
Quand il vint
A l’air libre.
Les oiseaux
Saisis d’effroi
Dans leur vol
Ont l’air
De nager.
La bombe atomique
Avait pris
Pour cible
Le silence.
La Terre
Etait toute
Etonnée
De la vitesse
De la tortue.
La lumière
Mit la main
Dans le sac du soir
Et en tira
Une étoile.
L’homme qui n’accolerait
A une image
Aucune idée
Connaîtrait
L’esprit pur.
O subterrâneo
Perdeu
fôlego
Quando veio
Ao ar livre.
Os pássaros
Tomados de pavor
Em seu vôo
Têm um ar
De nadar.
A bomba atômica
Tomara
Por alvo
O silêncio.
A Terra
Estava toda
Espantada
Com a velocidade
Da tartaruga.
A luz
Pôs a mão
No saco da escuridão
E tirou
Uma estrela.
O homem que não juntaria
A uma imagem
Nenhuma idéia
Conheceria
O espírito puro.
Tradução: Éclair Antonio Almeida Filho
*
Malcolm de Chazal (1902-1981), pintor, escritor e visionário. Nasceu nas Ilhas Maurício, numa família de origem francesa. Estudou Engenharia na Louisiana State University, e trabalhou como agrônomo e funcionário em Telecomunicações. É autor da obra Sens-Plastique, que consiste numa série de centenas de aforismos e pensamentos, e ainda de uma obra em vários volumes intitulada Pensées. |