ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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ENTREVISTA COM SYLVIO BACK

 
Sylvio Back

 

Por Anelito de Oliveira

 

 

 

Anelito de Oliveira - Como você avalia a recepção tão fria que Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro teve no Brasil?

 

Sylvio Back - Hoje eu sei o que é ser preto no Brasil! Ao tentar reverter a perfídia que permeia o inconsciente coletivo nacional de que Cruz e Sousa teria sido ou seria um "preto de alma branca", meu filme pegou o espectador em geral, e os afro-brasileiros em particular, de surpresa. Os que esperavam hagiografia, um "cinema de lágrimas", um cinema com "negro subserviente", defrontaram-se com um anti-clímax. Isso bastou para "desinteressar", à distância, intuitivamente, parte da mídia e o grande público. O contraste fica por conta da bela fortuna crítica que o filme coleciona. Mas, a bem da verdade, para evitar uma generalização despropositada, em várias sessões especiais dezenas de brancos, negros e mestiços se encantaram, aplaudindo-o de pé com os olhos marejados. Infelizmente, uma ínfima minoria que não se reproduziu quando ele entrou em cartaz. Como resposta - o que venho testemunhando nesses meses de seu lançamento nacional "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" acabou (e continua) sendo alvo de um surdo e absurdo boicote, eufemismo que encontrei para definir um preconceito racial, literário e ideológico tão forte quanto o que estigmatizou o poeta em vida e post-mortem. É um filme incômodo porque a sua linguagem incomoda, porque o pré-e-pós onírico da poesia perturbam. Incomodam a platéia acomodada, constrangem e até "ofendem" os cinéfilos viciados no já-visto e digerido.

 

 

Oliveira - Que fatores ou fator, enfim, teriam determinado essa reação tão ambígua?

 

Back - A questão toda, a meu ver, centraliza-se no discurso poético antinaturalista de "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" e, sem sombra de dúvida, de como é transmitida a inexcedível amperagem moral da palavra do poeta. Cem anos depois, através do celulóide, ele que adoeceu e morreu quando o cinema brasileiro nascia, Cruz e Sousa é vítima de seus poemas, de sua biografia, é ferido pelas mesmas e vis inveja e discriminação. Era imperdoável pela genialidade, pela ousadia, pelo erotismo, pela poesia que nunca antes ninguém escrevera no país. Segue imperdoável um século depois. E isso se transferiu para o filme. Era quase óbvio que o racismo cordial do brasileiro branquela fosse esnobar a sua cine-biografia, agastado pela radicalidade da narrativa, com o revelar de um poeta único e mediúnico. Não era óbvio que os afro-brasileiros também sucumbissem a reconhecer e absorver as contradições do seu mais forte e vilipendiado ícone. Mas é assim: não interessa um libelo em forma de poema, não interessa cavoucar o inferno da construção da nacionalidade, não interessa olhar-se no espelho da desigualdade e do horror, não interessa um homem igual a todos os homens. A "culpa" é do filme: diálogos em forma de estrofes, o dilema da africanidade do poeta, as interpretações teatralizantes, a descontinuidade episódica, estrutura dramática órfã de emoções baratas, a eleição do verbo e do ethos cortantes - sem mais. No lugar, apenas a imensa e irresgatável dor moral do ser-negro, aquela que se prefere escamotear e deixar como está pra ver como fica. Cruz e Sousa nunca deveria ter existido. "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro", um filme que não deveria ter sido feito.

 


Oliveira
- Como se dá a estrutura interna do filme utilizando "apenas" os próprios versos e prosa do poeta, ao invés de um roteiro convencional?

 

Back - Tudo tem a ver como os poemas, textos e cartas fruem e se fazem voz, epiderme,  movimento, tato e "olfato" fotográficos, através da linguagem desviante encontrada para o filme. Uma linguagem a contrapelo do cinema clonado de Hollywood e das telenovelas. Entre tantas vertentes que poderiam explicar esse "exílio" do público e de uma certa mídia há uma, porém, onde - penso - reside a chave da incompreensão para o jogo de claros-e-escuros de sua fatura seca e alegórica. Ainda que o passado esteja ali, cronologizado, afinal estamos (será?) nos fins do século XIX, a "estória", narrada de forma tortuosa e elíptica, os cenários, a luz e os personagens se embaralham o tempo todo. E o espectador frequentemente não consegue enxergar que o filme está na palavra e não numa eventual trama de vivências e ocorrências. A desmetaforização dá-se através da visibilidade pura e simples, que é a própria definição do cinema. Tudo o que é pensado no roteiro tem que se materializar defronte à câmara, mesmo que permaneça invisível. No entanto, em "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" esse deslocamento ocorre exatamente na formatação dos ambientes (naturais e construídos) e na roupagem que passam ao largo do verismo histórico, para "existirem" na dramatização dos poemas. É a  palavra que reina. É a transmutação da poesia em personagem. De versos e estrofes fazendo-se passar por diálogo (quase à moda dos filmes calcados em Shakespeare e dos musicais, mas sem música, apenas com a "orquestração" dos voleios verbais, das inusitadas aliterações - a memória do tantã d'África, dos fonemas e rimas riquíssimos do poeta). Os dados, para não dizer "dardos", estavam lançados. No montar a ilustração cênica e sonora que injetaria de pulsão própria os poemas e no ouvir e ensaiar com os atores - fui orquestrando nas próprias locações a linguagem de um filme que eu nunca havia visto ou feito antes.

 

 

Oliveira - Você diria que o filme mostra nossa brasileira dificuldade de ouvir ou uma dificuldade de ouvir especialmente Cruz e Sousa?

 

Back - Desde o próprio Cruz e Sousa, nenhum dos demais personagens centrais do filme é o protótipo do negro "coitadinho", satanizado pela sociedade branca, pela história oficial. Esse corte epistemológico sobre o que até hoje se convencionou ser o retrato acabado do negro brasileiro provocou uma recusa quase incontornável. Mesmo do espectador dito culto, ele também catecúmeno da chamada "linguagem universal". Porque nenhuma cena, cenário ou figurino reforça a idéia excludente do "negro que sabe o seu lugar". Cruz e Sousa não sabia o seu lugar porque a poesia é a seara do ostracismo da palavra. Meu filme não sabe qual é o seu lugar, É um approach, digamos, ao revés - na ilusão de poder capturar o criador na criatura. Aí está a diferença dele, dos personagens, de Cruz e Sousa, dos atores - atores negros protagonistas num país onde são sempre secundários, vilões, almas heróicas e sofridas, paternalizadas, sem pátria, sem futuro, sem história. A sensação de estatura moral do negro torna-se irremediavelmente absoluta no filme. E para quem o assistiu sabe que doravante não se livrará mais da africanidade incandescente e inapagável do maior poeta negro da língua portuguesa. Mas ao mesmo tempo ficará intrigado: será que a cultura "chapa branca" (mesmo aquela vinda das camadas mais humildes jamais é inocente) não o engessou numa homenagem às avessas da escola de samba que o cerca nos derradeiros fotogramas do filme? Ou será que Cruz e Sousa, ou melhor, o ator negro Kadu Carneiro, ao abrir um enorme sorriso para a platéia, não está se vingando dos racistas e sósias étnicos deles, tão algozes quanto no tempo e no espaço? Ou ainda, será que não ficamos todos, inclusive o filme, aquém da compreensão holística do que é ser preto no Brasil?

 


Oliveira
- O filme atesta sua coesão artística e intelectual. Mantém o vínculo com a história, por um lado, e com uma linguagem experimental, por outro. Você parece entender que a função da arte é tensionar a história. Por quê?

 

Back - Aproveito para confessar que ultimamente tenho me perguntado qual é, de fato, a função da arte, em particular, do cinema, do meu cinema. Ainda mais nos dias que correm, literalmente, céleres, assépticos  e infensos a toda e qualquer reflexão existencial e política. Poetas, escritores, dramaturgos, artistas plásticos e gráficos, fotógrafos, cineastas, esses - como eu -, o que sobra do nosso fabro mínimo, na contramão e solitário, via de regra sem público nos cinemas (depois as TVs e o vídeo de alguma forma nos redimem), diante da malfadada "linguagem universal" que hoje aidetiza e pasteuriza a arte como um todo? Não seria essa "linguagem universal", incensada pelo mercado, alegremente fabricada e consumida, senão a pervertida herdeira icônica de cem anos de utopias assassinas, com a sua lógica contrária à liberdade e à criação? Não esqueçamos: a história é sempre madrasta e conservadora. O destino dela é afugentar o imaginário, o sítio do desconcertante, da aventura, da extrapolação, do devir. Por isso são inimigas declaradas. Com o imaginário, ali as falácias se auto-degradam, não sobrevivem, seus fautores se estiolam. Catapultei Cruz e Sousa dessa camisa de força da história e procurei ler-lhe a posteridade na vida estilhaçada e na obra multifacetada - ostensivamente voltadas para fora do seu alcance. Assim, desde quando surgiu a idéia de filmar Cruz e Sousa, há mais de três anos, parti do pressuposto de que não iria teorizar nem sobre o poeta e sua poesia, nem sobre o Simbolismo, não iria politizar nem ideologizar o personagem. A pertinência de sua poética atravessou incólume o século XX e mantém um irretocável viço formal, uma modernidade perturbadora em todos os sentidos. Não há tema mais atual e candente na sociedade brasileira do que a discussão sobre as três "vidas" do negro banido à força do seu continente e seviciado pelos brancos e que tais no Brasil: o seu passado atávico africano, a tragédia escravocrata nacional (que persiste) e o inviolável território da sua mitologia, a outridade cosmogônica. Cruz e Sousa, homem e poeta, é o profeta, é a síntese de tudo isso e a sua palavra, simultaneamente tenra e irada, inocula os parâmetros da arte e do cotidiano, conflagrando e demolindo a consciência dos bem-pensantes. Nem por isso transformei a "biografia" de Cruz e Sousa em palanque, nem a sua poesia em manifesto, e muito menos o beatifiquei. Preferi ser uma espécie de orixá escuso de uma voz universal que, como nenhuma na história da cultura brasileira, é tão execrada, exilada e desqualificada como a dele.

 


Oliveira
- Tanto do ponto vista temático quanto formal, "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro" destoa do timbre cinematográfico destes anos '90. Como você explicaria isso?

 

Back - O cinema brasileiro de hoje virou um compradrio só. Novos cineastas e outros nem tanto elogiam desbragada e cegamente os pais e os sobreviventes do Cinema Novo, intitulam-se seus herdeiros e coisas afins. Buscam arrimo cultural  para o seu "cinema de resultados" e de olho esperto para o molde hollywoodiano do mercado. É um panorama constrangedor. Há ainda, os da minha geração que se comprazem em exumar, seja pelos filmes reféns de utopias criminosas, seja através de textos e diktats de indisfarçável viés "quero poder e dinheiro", políticas e ideologias soterradas. O resultado já está nas telas. O cinema da retomada é quase todo uma filmografia anódina, quase sempre rescendendo à história oficial, de ontem e de hoje. Ora porque a grande maioria dos patrocinadores "vigia" os roteiros, veladamente impõe "adaptações" para não macular o logotipo da empresa ou do produto. Ora porque induz à auto-censura de diretores e produtores, promovendo e incentivando um cinema de emoções rasteiras, com um inefável toque "religioso" (aliciadamente cristão), onde vicejam as "boas intenções" face aos deserdados e aos marginais, a "neo-utopia" de provectos estalinistas (e seus bajuladores) hoje travestidos de democratas. Isso quando a empresa não prefere "ignorar" o projeto para isentar-se de compromissos. É uma realidade patética, para dizer o mínimo: depender de empresários, de diretores de marketing, de publicitários, de diletantes, para conseguir aprovar uma obra de arte. No Brasil a gente não precisa ter know how, mas know who, também conhecido como QI (quem indica). Escapamos da censura militar, agora caímos na mais brutal, invisível e inescapável de todas: um misto quente de censura econômica, político-ideológica e moral, o que quer dizer que dinheiro só há e haverá para filmes que "higienizem" biografias de personalidades controversas, para filmes com espinha dobrada, filmes politicamente sabugos, filmes esteticamente covardes. Agora a mera feitura do filme passou a ser mais importante do que o seu projeto ético-estético. A bem curto prazo, é um suicídio "proclamado" que só os alguns novos cineastas poderão evitar. Raros entre eles, no entanto, os que despoluídos visual e culturalmente têm estofo e talento para tal - basta ver a enxurrada de novos curtas e longas: filmes igualmente desossados, investindo em temáticas recicladas, no documentário meramente etno-antropológico, sem opinião e sem assinatura, ou na ficção importando a dramaturgia televisiva e apostando numa fotografia de efeitos do jingle de publicidade e do clip musical. Ninguém se arrisca ou pode se arriscar. Recém incendiaram o meio, cineastas que sonham burlar esse ferrolho econômico e a sua própria vaziez cinéfila e política. Para isso importaram palavras-de-ordem da Europa e dos Estados Unidos (onde até já se tornaram vetustas), convertendo-se aos mandamentos do chamado "Dogma". Alguns até inventaram a versão tupiniquim da ditadura estética forânea em moda. Dogma, a palavra já se entrega por si, é sinônimo autoritarismo, de pensamento único, de cerceamento à liberdade, ao dissenso e à diversidade. O cinema brasileiro sempre trabalhou com baixos orçamentos - desde o seu nascimento, como também sempre se caracterizou pela seu espectro inorgânico, tanto estético como político-ideológico e de indignação moral. Estão aí o Cinema Novo, a filmografia dos anos setenta e oitenta, as dezenas de curtas-metragens (documentários, ficção, animação) - quase tudo produzido na mais pura miséria industrial e no entanto, quantos filmes memoráveis feitos sob os mais amplos enfoques libertários, válidos ou não, redivivos ou não. Eram filmes inquietantes e inquietadores. Não poderia deixar de citar filmes dos anos '90 que homenageiam esse passado recente glorioso, e que pessoalmente me agradam sobremaneira, como "Credi-mi", de Bia Lessa, "Sertão das Memórias", de José de Araújo, "Bocage - O triunfo do amor", de Djalma Limongi Batista, "Um Copo de Cólera", de Aluízio Abranches, "Hans Staden", de Luiz Alberto Pereira, "Cronicamente Inviável", de Sérgio Bianchi. Eles encarnam a versão contemporânea disso - inventivos, autorais, qualidade tecnológica e baixos orçamentos. 

 


Oliveira
- Estamos diante de um cineasta igualmente "desterrado"?

 

Back - A idade de um cineasta se mede por e pelos seus filmes. Só comemoro aniversário quando termino um filme! Mas, também, uma pergunta como esta, sobre o meu "desterro", invariavelmente retorna quando novo filme entra em cartaz, quando aniversario. Respondo sempre com um travo de amargura e, estranho, com um secreto orgulho, pois esse banimento em vida pespegou-se como uma espécie de grife à minha obra. Impossível ficar calado diante de tamanho descalabro cultural. Desde quando, em 1976, pela primeira e última vez, a convite de Paulo Emilio Salles Gomes, discuti com alunos e professores "Aleluia, Gretchen" no curso de cinema da Universidade de São Paulo, tanto lá como nos seus similares nas Universidades de Brasília e Federal Fluminense, a partir de então meu cinema foi sendo patrulhado e ostensivamente expelido do universo acadêmico. Depois dessa nunca mais fui chamado para conversar sobre nenhum dos meus 35 filmes (hoje com 61 láureas nacionais e internacionais). Duas gerações de cineastas e outros ainda estudantes jamais foram introduzidos à minha obra. Uma vergonha sem nome! O corpo docente das citadas academias (com as exceções que confirmam a regra), movido por um crônico corporativismo de gosto estalinista (qual seja, o de "apagar da foto" quem não comunga de seu ideário político-ideológico, estético e ético), acrescido de uma incontornável inveja dos dublê de cineastas ungidos à condição de professores (e vice-versa), sempre soube omitir, censurar, "esquecer" e proscrever o cinema de Sylvio Back (na sala de aula, nos textos e livros, e nas exibições). A mesma nada inocente atitude é notável entre os escribas de plantão da história oficial do cinema brasileiro. Somente à força da minha premiada filmografia sou citado, mas rara e ralamente comentado. Nos vinte anos de funcionamento da Embrafilme, quando ela agenciava retrospectivas do nosso cinema no exterior, só por acidente um título meu aparecia. Enderecei dezenas de cartaz protestando, sem eco algum. Permaneci anônimo ainda que reconhecido no país pela mídia, pela crítica, pelas láureas. Um acinte intelectual e moral com o qual venho convivendo nos últimos trinta anos. Ao mesmo tempo, uma solidão alvissareira pois que vem mantendo o meu cinema descontaminado de um discurso autoritário oficialesco (quanto a "modelos" estéticos e a desenhos politicos da hora) - do qual discordo visceral e frontalmente. Meu cinema sempre se caracterizou por uma absoluta autonomia de vôo, que apenas encontra eco em filmes de uns poucos cineastas brasileiros. Foram inúmeros os descaminhos, os projetos detonados, a perseguição ideológica. Mas tenho como ponto de honra que, a par de uma incessante procura por um "não-estilo", não preside meu cinema nenhum espírito de horda, nem reverência a instituições e a poderosos. Derrubei o Muro de Berlim da minha filmografia na cúspide dos anos de fogo e brasa da ditadura militar, deixei de ser refém de palavras-de-ordem ideológicas e me livrei de toda e qualquer camisa-de-força estética. Isso tem a ver em parte com a minha formação liberal e não-religiosa, de leituras e filmes "proibidos", uma vocação instintiva de recusa ao que é sacramentado, sancionado e a tudo que deve ser obedecido sem discussão, acrescido da própria marginalidade autoral em que me vi atirado. E, por que não, devido justamente aos temas, digamos, intocáveis, sagrados, que seleciono para, no fundo, me "auto-biografar" (estão aí tantos filmes, "Lance Maior", "Aleluia, Gretchen", "O Auto-Retrato de Bakun", "Guerra do Brasil", inclusive, este "Cruz e Sousa - O Poeta do Desterro"). Igualmente, credito uma parte dela à própria distância geográfica e intelectual - morando na provinciana Curitiba até 1986 -, que mantive dos modismos estéticos e do perfil político-ideológico hegemônico do Cinema Novo e de filmes de mercado que se revezaram nas três últimas décadas. Daí foi se armando este projeto intuitivo de um cinema desideologizado, independente e não raro incompreendido, mas que jamais flertou com o público nem com a crítica, nem com a mídia. -

 

 

 

(Publicado originalmente no Suplemento Literário de Minas Gerais, em 2001.)

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