A NOVA POESIA ANGOLANA
Jorge Arrimar
A Geração de 80 do Século 20
Esta é a década em que os poetas, ainda que marcados pela ideologia política e pelas experiências catastróficas vividas na década precedente (convulsões de 74/75, repressão pós 27 de Maio de 1977, guerra civil), procuram uma nova visão lírica “a partir de alguma fenda original”. Após o desmoronamento do projecto social colectivo, iniciam o afastamento de uma escrita apologética e de exaltação da luta de libertação nacional. Pese embora a desconfiança ou o cansaço em relação às questões sociais, alguns dos poetas desta geração continuaram, contudo, a manifestar em verso a sua amargura e revolta perante as novas contradições sociais em que o povo angolano submergia. A resistência (agora diferente da que enformou a poesia anterior) é, pois, um dos sinais mais evidentes da nova poesia angolana, cujos autores usam recursos humorísticos e satíricos, trilhando também os caminhos do erotismo e da metalinguagem, dos mitos e dos sonhos.
Assim nasce a nova poesia angolana, com a "geração das incertezas", na classificação de Luís Kandjimbo, a geração que assegurou a transição de um período cuja temática poética circundava em torno do nacionalismo angolano – poética militante e de denúncia – para uma outra, muito mais heterogénea, com uma componente temática mais cosmopolita e, outras vezes, mais próxima da tradição oral. Isto mesmo confirma a investigadora brasileira, Carmem Secco, em “Sendas de sonho e beleza: reflexões sobre a poesia angolana de hoje”, que abre a antologia de poesia angolana Ovi-sungo:treze poetas de Angola, organizada pelo poeta Claudio Daniel (um dos organizadores deste evento). Segundo esta investigadora, alguns dos vectores da produção poética angolana das últimas décadas são a “transgressão, errância, desafio, eroticidade, metalinguagem e desconstrução”, um novo tecido poético cuja trama é feita de perplexidades e incertezas, que oscilam entre a revitalização de formas orais tradicionais e a ruptura e/ou recriação de alguns modelos anteriores.
Um dos agentes desta nova fase é o brigadismo, um fenómeno cultural importante que tem a sua origem nos principais centros urbanos, nomeadamente Luanda, Lubango, Benguela e Huambo. Este movimento, que dá pelo nome de Brigadas Jovens de Literatura, inicia-se na cidade capital, a 5 de Julho de 1980, e logo se expande para as restantes. Por alguns designada como a fase da Renovação, o movimento brigadista procurava reunir os jovens em torno da actividade literária, uma vez que a Universidade não conseguia responder, nesta época, a tais solicitações. Tendo sido criado este movimento literário seis anos após a independência de Angola, os jovens aí integrados assumiram, numa primeira fase, um discurso literário nitidamente alinhado, de exaltação dos novos valores da independência, profundamente marcados pelos ideais do realismo socialista. Em Agosto de 81 é editado o Caderno nº 34 de Lavra & Oficina – O caminho das estrelas, uma antologia em que os autores representados manifestam dúvidas em relação ao futuro mas não deixam, contudo, de interceptar as possibilidades entreabertas pelos ideais libertários dos anos 60/70 (O caminho das estrelas, p. 9).
Foi preciso esperarmos pelo passo seguinte, pois só depois da referida antologia é que o movimento literário da juventude angolana inicia uma busca de caminhos próprios, tentando encontrar a temática e os meios de expressão mais adequados à realidade recriada. O amor, a responsabilidade e o respeito para com a literatura começam a ser evidentes. Neste contexto vamos encontrar o grupo literário Ohandanji, do qual Ruy Duarte de Carvalho, também poeta (a par de ficcionista, antropólogo e cineasta), diz ter representado um fenómeno importante em Angola, à época, evidente no empenho dos seus membros na pesquisa formal e teórica da literatura. Este grupo era formado por jovens poetas que se iniciaram na actividade literária no suplemento cultural do Jornal de Angola e na gazeta Lavra e Oficina da U.E.A., mas que tendo encontrado dificuldades em prosseguir viriam a publicar uma colecção policopiada que se intitula Katetebula / Semi-breve. Em Outubro de 1981, com a publicação do livro Ponto de Partida – I (Caderno Lavra & Oficina nº 38), abre-se um novo espaço a quantos estivessem dispostos a “experimentar no terreno das letras, ou eventualmente noutro qualquer género artístico”. Seguiram-se três números da revista “Aspiração” (1982-1984). O nº 55 dos Cadernos Lavra & Oficina, saído a público em 1985, alberga o primeiro livro, intitulado Ritos de passagem - poemas, daquela que rapidamente viria ocupar um lugar de destaque na poesia contemporânea de Angola, Ana Paula Tavares, natural das terras altas da Huíla, no sudoeste angolano, e na altura a residir em Luanda.
A poesia continua a sofrer múltiplas transformações e um processo de interiorização em que o amor também é tema de muitos poemas, alguns dos quais publicados numa curiosa e breve antologia, intitulada Poesia Angolana de Amor dos anos 80, organizada por Lopito Feijóo e publicada nos números 19-22 dos “Cadernos do Povo, Revista Internacional da Lusofonia”, no âmbito do Convénio de Cooperação Cultural entre as Irmandades da Fala da Galiza e de Portugal e a União dos Escritores Angolanos. Desta antologia fazem parte quatro dos mais representativos poetas da nova geração (Paula Tavares, Amélia Dalomba, José Luís Mendonça e João Maimona). É o próprio organizador da antologia que classifica estes autores (para além dele próprio, João Melo e Rui Augusto) como “novíssimos poetas angolanos”, tendo-os apelidado até de geração da revolução, poetas que, segundo ele, “emergiram numa sociedade híbrida e cheia de indecisões” e passaram a escrever, desiludidos mas decididos, textos que, para além de reflectirem os múltiplos problemas que a sociedade enfrenta, não fogem aos temas de amor. Trata-se de uma poesia que vai no sentido de uma remodelação (actualização?) estética, demarcada pelo modernismo e pelas poéticas experimentais, especialmente em José Luís Mendonça, como podemos ver no poema que se segue:
Subpoesia
Subsaarianos somos / sujeitos subentendidos /subespécies do submundo // subalimentados somos / surtos de subepidemias / sumariamente submortos // do subdólar somos / subdesenvolvidos assuntos / de um sul subserviente.
Ou na poesia em que faz referência aos seus pares de outros lugares, como é o caso de “Poesia Verde”, dedicada a Carlos Drumond de Andrade:
Poesia Verde
No meio do caminho nunca houve uma só pedra / As pedras nascem na boca e a boca é o seu caminho / Das pedras que comemos as cidades ainda falam pelos cotovelos da noite / Não eram pedras com cabeça tronco e sexo / Pariram fábricas de pedras montadas sobre a língua / E as pedras comeram a pedra que restou no meio do caminho.
Os caminhos da nova poesia são igualmente trilhados por outros poetas, como Frederico Ningi, cujos textos se caracterizam por um constante jogo de palavras, em que os sinais de pontuação próprios da escrita são por vezes manipulados, encontrando-se a malha linguística lusa invadida de vocábulos africanos, numa manifesta vontade de desestruturar a norma do português. Para além destes aspectos mais formais, Ningi usa a poesia (assim como de toda a sua actividade artística; ele é artista plástico de reconhecidos méritos) como um reduto de sobrevivência e uma arma de denúncia da “situação angustiante do seu país, onde não há lugar para sonhos e para a esperança, que morrem sufocados na “Flor muda da laringe”. Nos seus livros, Os Címbalos dos Mudos e Títulos de Areia, há uma mescla de poesia, desenho e fotografia, o que os tornam pouco comuns. É o própio autor que nos explica as suas razões “Porque (…) o vocabulário falado é menos rico que a impressão das mãos; é necessário mais que uma linguagem para traduzir o seu número, a sua diversidade e a sua plenitude. E, porque, também as figuras que a palavra, a pintura e a fotografia representam são os sinais da vida”.
Luís Kandjimbo é um dos nomes mais conhecidos da geração de 80, que ele próprio denominou de "Geração das Incertezas". Mantém como temáticas centrais do seu discurso poético a desilusão face à situação vivida em Angola após a independência e a angústia perante um futuro que se adivinha enevoado de incertezas. Daí a denúncia, com ironia e desencanto, da corrupção que enfraquece o país: "O, neste tempo bizarro / Da profecia e do caos [...]", e que leva à construção de uma metáfora de fuga para a liberdade (ou para o vazio), alicerçada no mar como um dos temas nucleares da sua poesia: "O mar simboliza dor quando / estaciona nas trepidações / da muralha."
Outros poetas, como Conceição Cristóvão, Cristóvão Neto e Abreu Paxe, evidenciam, igualmente, empenhamento em termos de remodelação estética, balizada pelo modernismo e pelas poéticas experimentais de que temos vindo a falar. E não ficamos por aqui na diversidade de interesses estéticos demonstrados pelos poetas desta geração, pois eles alastram da tela da modernidade à esteira da tradição, da refundição da oratória tradicional (caso de Lupito Feijóo) ao reaproveitamento da literatura oral e da rescrita de provérbios e adivinhas (exemplar em Paula Tavares). Esta autora reelabora esteticamente provérbios, mitos, ritos e outras manifestações do sagrado no modo de viver angolano, prescutando os invisíveis laços entre a tradição e a modernidade. Logo no seu primeiro livro, Ritos de passagem (1985), a autora recria os cerimoniais, os ritos, que dão o direito à passagem para outras idades ou outras funções, e que fazem parte da matriz cultural dos povos da Huíla, a sua província natal. A tradição oral torna-se aqui um poderoso recurso de que a autora naturalmente se apropria, num ritual também de passagem, desta feita para o universo da escrita.
Abóbora Menina
Tão gentil de distante, tão macia aos olhos! vacuda, gordinha, de segredos bem escondidos! estende-se à distância procurando ser terra / quem sabe possa acontecer o milagre: folhinhas verdes/ flor amarela! ventre redondo / depois é só esperar / nela desaguam todos os rapazes.
(Ritos de Passagem, 1985)
Como a autora anterior, também Ruy Duarte de Carvalho tem as savanas e as gentes do sudoeste angolano, terras de pastorícia, como o úbere fértil de sua escrita. Embora sendo um poeta oriundo da década anterior (teve a sua estreia literária em 1972 e até ao final desta década escreveu mais três livros), é pelo tipo de escrita, fundamentada na busca incessante de novos formas e estratégias poéticas (sem nunca perder de vista as ligações a um tempo antigo e matricial), um poeta singular e nada alinhado com a poética mais marcante da década de 70. É por isso, pelas características formais e essenciais da sua escrita, que o colocamos no grupo dos poetas da nova geração.
Das Águas que o Rino Escolhe...
Das águas que o rino escolhe / da pedra a que o vento encosta / do unto a que o tempo obriga // dos sais que a estação abriga / do pasto a que o gado aspira / da lua em que o vento vira // Não há pastor que não saiba. // Não há pastor que não saia de / alguma curva da infância.
(Hábito da Terra, 1988)
João Maimona é, também, um exemplo da transformação plástica e também funcional da poesia, embora em contextos muito diferentes dos dos poetas atrás referidos. Com ele a palavra está em permanente mutação, a um tempo dando lugar à denúncia da corrupção, como agente obliterador da trajectória de liberdade, e ao sofrimento como elemento asfixiador das utopias. O poeta faz dos sonhos uma parte significativa da sua escrita, mas ainda os tem “envoltos em uma visão crepuscular”, como diz de Carmen Secco.
As Muralhas da Noite
A mão ia para as costas da madrugada. / As mulheres estendiam as janelas da alegria / nos ouvidos onde não se apagavam as alegrias. // Entre os dentes do mar acendiam-se braços. // Os dias namoravam sob a barca do espelho. / Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia. / E da chuva de barcos chegavam colchões, / camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas / onde cantavam soldados de capacetes / por pintar no coração da meia-noite. // Eram os barcos que guardavam as muralhas / da noite que a mão ouvia nas costas / da madrugada entre os dentes do mar.
(João Maimona – As abelhas do dia, 1988)
Na Mudança de Século
Amélia Dalomba é uma das vozes mais representativas da nova poesia angolana. Como outras da sua geração, escreveu e publicou textos marcados pelo desencanto e pela consciência duma asfixia social e política que toldava o horizonte. A mediocridade das elites, revelada pela pouca importância dada às questões da educação e da cultura, e o peso dessa má contribuição para o aparecimento de uma geração menos preparada e, por isso mesmo menos interventiva, levaram esta autora a pronunciar-se por várias vias, a literária e a jornalística. A propósito do kuduro, um ritmo/dança muito em voga em Angola e no mundo, não se coíbe de o interpretar como um grito que nasce da carência e da fome (não somente fome de saber, mas, também, fome de comer), um “fenómeno desta África que ouve música muito alta para não ter que pensar”.
Viti, O Passarinho
Aos pais educadores do mundo
Pai, Pai, partem a nossa casa e nada fazes? / - O quê filho... Os que mandam, mandam! / Afinal, o gigante era frágil e agora até a onça o poderia comer, / a escuridão o engolir / a terra o tragar, com todos os cazumbis do mato; / (Pensava Viti), o deserdado: / Ainda ontem, como era forte o meu Pai! Como era forte minha Mãe... / Enquanto os tijolos caíam, / com eles crescia o medo, a incerteza pelo amanhã, / Sentia-se órfão de Pais vivos. Pais sem força, que deixavam partir a casa... / Chegou Malungo, o bebedor de vinho, / Que todos pisoteavam, com o mesmo medo que vira nos olhos do Pai / E pôs-se a correr assustado... / pela primeira vez, se sentira um passarinho, dum ninho caído. […].
(Poemas Soltos em “Mulemba” nº 2)
O tema da decepção e da angústia continua a ser um traço constante na poesia angolana dos anos 90, perante uma situação que tarda em mudar e onde as questões da fome, da doença e da miséria, continuam a ser fortes. Contudo, não obstante a precariedade das perspectivas sociais, observa-se já a chama da utopia a aquecer a poesia, pois os seus autores acreditam no poder transformador da linguagem poética. E a mudança começa a notar-se mais a partir de 2002, quando se dá por terminada a guerra civil em Angola. Entre os primeiros alvores da paz e a busca de novos temas e de uma outra beleza formal, há ainda uma vaga subliminar de fantasmas anteriores, de assombrações de guerra. Tornava-se ainda necessário exorcizar as velhas (mas ainda tão presentes) dores e feridas que se mantinham agarradas como pústolas na pele da memória. E isso é patente em João Maimona, quando sussurra por entre dentes palavras pesadas que denunciam as “[…] simbólicas sepulturas. de homens / que embalavam prolongadíssimas / tempestades. e de quem teria / desencadeado inscursões contra / pacíficas florestas.”
Outro poeta surge a marcar o novo lirismo angolano, a voz complexa e perturbadora de Abreu Paxe, autor de A chave no repouso da porta (prémio António Jacinto de Poesia – 2003). Os seus poemas, de tessitura fragmentária, de caos aparente, fazem-se de palavras soltas como os búzios mágicos lançados para o fundo da cesta do acaso, para daí (como o faziam os antigos vates e ainda hoje fazem os adivinhos) ser vaticinada a mudança, ser encontrada a chave que nos aguarda no repouso da porta:
Dimensões Ossificadas Chaves
a chave treme no repouso da porta a janela ronda / pequeno porto tudo dispersa apesar da ruga inglesa / as persianas estradas paredadas em negrito partes / sufocadas voltam em gestos / confusos sem lâmpadas dormia a criança / na inscrição falava umberto saba vivo a um povo / de mortos possesso certamente / malo conhecido destroço no sul da ilha / perfurado céu metálico mar as raízes desta estalagem / telegráficos beijos espessos numerosos lábios / perdiam as chaves adormece na mesma semana / outra mão à direita unia as pálpebras / ao tecido germe ossificadas chaves sem portes.
(A chave no repouso da porta, 2003)
Paralelamente a este processo criativo literário de que temos vindo a falar, decorria um outro, exterior às fronteiras angolanas, conhecido por Literatura Angolana Diaspórica ou Literatura Angolana em Viagem
A Poesia na Literatura Angolana Diaspórica
Na Literatura Angolana – e também nas outras literaturas afro-lusófonas – foi em grande parte o exílio e/ou a prisão que levou a que a consciência africana de toda uma geração se começasse a expressar de uma forma mais irredutível. São exemplos os bem conhecidos casos de Agostinho Neto, António Jacinto, António Cardoso (na poesia), entre outros. Só que, o processo político e histórico ao qual estes pertenciam e que, inevitavelmente, os conduziu ao final do exílio/prisão e ao regresso definitivo a Angola, “produziu outra ruptura no seio da população colonial, ruptura que, à sua vez iria produzir outros exílios. […] Alguns partiram com a esperança de regressar, mas acabaram por ficar nos países anfitriões, passando a um exílio permanente. Muitos se consideravam angolanos, angolanos no exílio, angolanos em viagem”.
Temos assim que, no contexto da Literatura Angolana, existe hoje uma variante que se designa por “literatura angolana em viagem” ou “literatura angolana diaspórica”, escrita por angolanos residentes em qualquer parte do mundo, cujos textos apresentam uma intenção estética, crítica ou histórico-literária, que veiculam elementos culturais angolanos. Segundo David Brookshaw, especialista das literaturas lusófonas e professor da universidade de Bristol, inscrevem-se na “literatura angolana em viagem”, no que concerne à poesia, o autor destas linhas, ao qual agregamos Mário António de Oliveira, Eduardo Bettencourt Pinto e Graça Arrimar. Esta foi a primeira vaga de angolanos na diáspora, cuja origem se encontra na perturbada fase de transição que vai do final da época colonial aos últimos anos da segunda metade da década de 70, quando Angola ganha a sua independência. E é desta vaga a que David Brookshaw se refere, quando diz que a ruptura no seio da população colonial conduziu, por sua vez, a outros exílios. O exilo daqueles que confessavam: “Trouxe na mala vinte anos incompletos. / Dormi sobre noites longas e ninguém leu / em meus olhos o segredo das marimbas / ecoando nas feridas do meu silêncio.” Após quase trinta anos (o tempo do exílio), Eduardo Bettencourt Pinto escreve assim:
Poema no Guardanapo
“Nadas na sombra de uma grande ausência. / Cobrem-te os vidros do espanto, / fragmentos de um ardido instante, / o peso da água incendiada. / Imaginas então o ressoar / de uns pés infantis / na fotografia mais distante / do teu nome. / Sabes então que só na terra / onde escondes o coração / correrás por entre as palmeiras / e o eco do primeiro rio.”
(Viajar com sombras, 2008).
Mesmo na poesia mais recente se constata que estes autores mantêm uma das características principais da poesia da primeira vaga, a memória dos tempos felizes da infância e a permanente saudade dos “aromas da terra” e do “amargo e doce dos frutos”, ao mesmo tempo que sentem a mágoa (mais do que a revolta) pela “voz quebrada no canavial e no pomar”, voz quebrada pela ausência de quem não se inquieta com as rugas (“Tantas… numa só.”) da casa de família, porque “É mais assustador / o doloroso vazio delas / nesta ausência definitiva.”
Notas
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