ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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 LUCY AVERBACH



Foto: Reprodução

 

O Facebook censura figuras que representem qualquer tipo de nudez, desde representações de mães amamentando seus bebês até representações de pintores consagrados.

O paradoxo dessa posição moralista é o fato da rede social, encarnar o que há de mais atual em termos de laço social, o que aponta para o fato de não haver, necessariamente, coincidência entre "atual" e "modernidade".

Isso me leva a pensar em outro paradoxo: vivemos tempos de ultra, de hiper-exposição de nossos corpos; vivemos tempos de "escultura" de nossos corpos, tempos em que podemos, através dos recursos da Medicina Estética, fazermos tudo ou quase tudo o que quisermos com eles. Paradoxo aparente, no entanto: de uma maneira ou de outra, rejeitamos e recusamos o que mais nos é próprio - nosso corpo. Não há tanta diferença entre a censura do Facebook e a violência da Medicina Estética: devemos nos envergonhar daquilo que é mais nosso: nosso corpo.

 

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Lucy Averbach (Rio de Janeiro - RJ) é psicanalista.

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