ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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AMOSSE MUCAVELE

 

 

 

 

MEDO

 

Ao Ademir Assunção

 

(alavanco a minha memória na hóstia do tempo, e atiro os atómos do meu apetite para silênciar a atmosfera da minha insegurança, percorro vezes sem conta no intímo das estradas que não dormem na cegueira desta cidade nua de árvores e pedras.enxergo o meu projecto adulterado pela febre da lua cheia de insónia.

 

 

 

 

TESÃO

 

Á Suraya Tamele

 

Faço de mim um depósito de orgasmos sem idades, uma cidade que se ergue no átrio do   tempo,traço na parede de um sentimento por uma mulher. uma linha horizontal que se alonga até ao rio do meu prazer.encontro nos afluentes do poço que cresce em posição vertical, o túnel para a minha bem adocicada ejaculação.

 

 

 

 

ENERGIA SOLAR

 

Ao Abreu Paxe

 

As lampâdas eoliográficas acendem o medo do sol no chão torto pelo sopro das ventoinhas voadoras.(isso)enquanto ardem montanhas pela força do curto circuito da energia das nuvens, que por infindáveis vezes tentam sem sucesso parar o revólver do vento. A (o) pá continua a atar circunferências do ar na geografia do espaço desértico, onde a radiação solar semea-se em épocas de seca, cujo o regime predominante é odarotação de culturas , guarda-se em ruínas da gramática existencialista de palavras como: congelador,televisão,geradore colhe-se no vociferar agudo da noite, e nós com a caneta olhamos o distante florescer do fogo da pedra que cintila nas ondulações do óasis, e. aqui não há espaço vazio para frotas de água turva.

 

 

 

 

NEW YORK

 

 Ao Richard Bona

 

 

Há cidades onde as noites roubam barcos pendurados nas árvores dos turistas.

 

 

 

ATRAVESSAR O SILÊNCIO

 

Ao Claudio Daniel

 

 

A memória é um inferno provisório onde os nossos dias visitam constantemente . na penumbra de um mar de esquecimento ladeado de flores que brilham ao som do silêncio.e ao entardecer.a neve embarca no murmúrio da água que bate nas pálpebras das pedras na solene viagem do nada.e para além do sal derramado nas margens, não via-se mais nada, pois o cinzento abacanhou a melancolia do céu que outrora fora azul. e difícil é, descortinar este lado invisível da distância que nos assiste .A ilha que nos espera é feita de papel que baloiça livremente nos olhos do mar-mil e uma visões espalhadas no útero do passado ,uma música embalada de presentes toca incansavelmente na febre do navio-onde é minha casa?

 

E no colo do futuro procuraremos acender as nossas identidades com o anzol que perdeu-se nas ondas da tempestade.

 

 

 

 

CABO VERDE

 

Ao Corsino Fortes

 

Uma PRAIA estende-se nos ramos de uma seringa que ondula nas veias encharcadas de mel, sob a alçada de um corpo derretendo-se na ressaca de um vulcão.o mar corre as pressas em rebuliço levando consigo na bagagem as cinzas do FOGOarrancado dos edificíos do ar que pé(lo) lago propociona-nos uma BOAVISTA.de umjardim que não é jardim, que das pedras planta montanhas como uma túlipa diante de um paraíso de rosas.

E quando a lâmina entra em cena, a montanha recorta-se em graus de Ilhas. E a mesma lâmina quando conquista o espaço do mar, é fenomenal o quão as gaivotas com as suas asas de vénus. Sobrevoam extraordinariamente a paisagem totalmente coberta de nuvens de SAL. E triste é a BRAVA primavera do desassossego que assola e corta o Arquipélago em pedaços de terra que trazem noticias do mar.

 

 

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