os iluminados ao entrarem no clarão do azul dirão aos peixes: eis a presença a nos
servir. E pregarão as cifras da experiência de um livro fechado. Mas, se quase o corpo,
escutar a cabra, ou o inteiro a berrar,
é o verbo, a volver o medo. Pois não há olho sem lei.
E um feixe de alguém se anuncia, na entranha polida
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Aberta
De começar
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Como um corpo salgado de tanto escavar a luz
sinto que transitas
passas apressado, a folha cai
uma voz cristaliza-se na janela
Por aqui as abelhas vivem para tocar trombetas
abrem os ouvidos em soluços e solstícios
na procissão de flores suicidas ao mar
encontro o lugar da montanha onde a neve pára
neste aconteço de perder e achar
é bem mais perto meu lugar de risco
pode-se
raspar com os dentes o verniz sob a mesa, comer os pedaços da tinta, cavar a madeira
com cuidado para não entrar fiapos debaixo da unha, lamber o produto que lustra a
superfície
porém,
o olhar dos animais debaixo da mesa
jamais será servido ao jantar.
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Tenho ouvido de mestres, padres e especialistas que só é possível o humano ser mais
humano na história inventada.
Mas hoje eu não quero crer neste intento. Marquei um encontro com a aparição. Visito
o tempo de braços dados com a garganta e seu rasgo. Os dentes nascem debaixo dos
pés, a cultura lava as panelas e os vestidos sobem para alcançar os livros da estante. As
ferramentas enferrujadas marcam o tecido fino
E, com a secreção do olhar, pode-se prender o fio da memória na carroça da frente.
Neste lugar,
sou transcritora. |