rasura tectónica
mia-me aos genes
durante a hélice do trovejante
sussurrada na alvura do osso
mineralizado
sibila-me nas escarpas
do epicarpo nervoso
os ódios que te têm
pelo fluido incerto
do seio primordial
mortifica-me com as veias
que não me pulsam
afia-me os bigodes do sono
e a cauda da morte
mutila-me a vagina
que me respira
debaixo do braço
implode-me dentro do teu ventre
da noite em que o amor se eternizou
rasguei os teus nomes na areia
com ejaculação sanguínea
dos grãos
as cicatrizes das formas marulhadas
eram rosto do bramido
agrilhoado
verti temporizadores de inversão
e
a maresia que encolhia
no fetal
implodia-se com vagas de negrume
lacrimejaram lunares no tórrido
congelado desértico
correntes do inaudível
com dispêndio dos ausentes
e
escorreram-se de salinas
da viagem que sana
o purificado
vazio
fiz-me inerte com esquecidos
colapsada memória
no espúmeo
que se reflecte
perdi-te as formas
no irreversível
mas
do cadáver de eterno retorno
não se decompõe
arrastei-te ao cume
da fenda do abismo
e
laminei os estrelados
marquei-te as seivas
nos rochedos
porque pingavam ao celeste
inverti o espelho inverso
da ampulheta do amor
arranquei olhos
com ferros que enferrujam
furei tímpanos
com unhas lascadas de carne
empalei narinas
com almofadas de derrames orgásticos
crivei lábios
com cordas que suspendem astros
decepei membros
com brisas dos amantes de amanhã
e no tumular sem flores
me enterrei contigo
anjeofagia
penas que não sabem voar
quedam
em procissão ao almofadado
núveo tingido ao sangue
com aperitivo da degola
a cabidela de anjos virgens
ascende felinos aos telhados
ronronam orgasmos gástricos
cânticos báquicos do manjar
sexualidades angélicas pavoneiam
na ponta do garfo
porque as coxas se apalpam
no dente
lascados nacos do apetite
salivam aguaceiros
porque as harpas se tocam
de faca afiada
fatiam-se nádegas na garra
estalam sem palmada
crepitam na ignição
da miada churrasqueira
eterna giratória de espetos
e
as penas descansam na almofada
eu
que já sei miar
ensalivo salivas
por ti
meu querido anjo
dança dos ossos
descarnam-se os corpos
ao súbito
por iras dos vendavais dançantes
expurgados esqueletos
brunidos à lágrima lunar
destarte
níveo folclore viandante
que se cria
e
do fusco iníquo
em servil matéria esfolada
flamejada
por dança dos ossos
aprisionados na orla
do burlesco
em frescos excipientes
áditos nas praias consagradas
plumas floresciam
ao circundo
como leito vital
do cêntrico
papiros ressuscitavam
por colorização amena
da escuridade
em perfumes plumbagináceos
invocada minerva
lanças voltaram-se
e revoltaram-se
por íntimos dispersos
e
inscreveram cernes às areias
impelidas trindades oníricas
da poética
da erótica
da opiácea
elevadas ao cachimbo da harmonia
dualidades do espírito
às vértebras
em transe do género
marouços do fálico fértil
e
vaus do vaginal incutido
indómitas impressões vivas
de fluxos ao tutano
porque o vulgo padeceu
e
a crepitação do estorvo
é antes do agora
excedia-se a unidade
medida do ente
ao transbordo
sinfónico exuberante
por marejada tíbia
pastoril rumo
em articulados toques
ao desvario
por frequências indivisíveis
clamadas proliferações
de pluralidades retidas
derretidas no vivaz
porque as criaturas se recriam
do dia em que choveram falos
certo dia choveram falos
de agastadas nuvens da lascívia
e como antes nunca
variância à cor nos cardumes corais
por termodinâmicas o sobejo
dos tamanhos a divergência da alcateia
tenazes dentes do lobo
do ameno temporal da indolência
aniquiladas divinas protecções
porque em alpendres de cimentos crucificados
chaves trancam-se às fechaduras
dos laníferos nada mais
impenetrável tosquia às chuvas
uns gemiam
outros fugiam
se alguns se enclausuravam
quebra do vidro canonizado
sagrados casebres ao dia de não serem
uns lançavam-se às tumbas
tigres da devota secura
rumo aos horizontes paradisíacos
por continência eterna
no encerramento do sarcófago
intrusiva gota itifálica
ardente estampa da perdição
do vivo sepultado
das delícias a penetração na suplica
como inverso de identidades
colérico veludo ao rugido
em gemido da brutalidade sensual
e porque a indiferença jazia
ontem
por fátua ardente incredulidade
arrepio ao silêncio
rogada fogueira do orvalho
dos estranhos o clarão das pupilas
como inédito palpite ao inverosímil
longas sintonias ao ruidoso
desnudados adornos corporais
dos ventres
por pilhas em revestimentos
uma labareda do desejo
penetrada chuva ao nu
e porque preces chegavam
à inexistência dos deuses
os uivos
quando falecidos
os uivos
se ausentes de atenção
os uivos
credos na humidade transgressora
porque a castidade não se fez cinto
dissolvência temporal no desejo sanguinário
hímenes
rectos
gargantas
ao naufrágio na ébria luxúria
já nádegas queriam
chicotear o chicote
já pulsos queriam
algemar a algema
já dorsos queriam
arranhar a unha
já pernas queriam
amarrar a corda
e porque os fluídos enchiam horizontes
imaculada neve
ao pico da emergência
manto banhado à secura areal
interjeições para gorgolejo angélico
como precursão bramida do festim
maresia seminal
embarco espirais
por sussurros eriçados à sinapse
implosão nas vagas cheias de lua
e
escorrem-me das pupilas
salinas salpicadas de íris
mamilo pentagramas ao vórtice
com lascadas unhas gritantes
tegumentos arrastados ao sagaz
e
entrelaço-me na profundeza gemida
arritmia que me despiu
após nudez
e
o fálico manto estala-me nas nádegas
sorvo nervuras de paradoxo
em glândula de lençol
visceral locomotiva efusiva
entranho-me de serpenteados
sibilo a língua afogada
e
rasgo o gume seminal
em ávida penumbra arfada
cravados labiais ao esperma
voragem ao deglutido
por foco espasmódico do supresso
tumulto epidérmico
refractária génese tumular ao estridente
mas
balbucio o silêncio
e
a concha pinga-se em maresias |