Derivação de uma acrobacia de C. A. Lima
eu sou o acrobata do banco – e záz!
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hiberno agora num denso propósito de
não retornar à posição anterior – qual?
aquela todas nenhuma
hóspede aos poucos da linha invisível
atendo aqui acolá ao aceno
para que permaneça no rumo resposta
do enigma. meu itinerário não foi tão
pacífico: explodimos todos (você diz) e
parece não há mais geografia alguma
e afinco no nome que me dou – mas é só
esse o fio que retomo para atender.
eu sou o acrobata – lembre-se
por um momento rejeito
a certeza do afeto a visão que
me lanças daí meu corpo às
vezes avança para o centro
quando atravesso a custo o
pasmo e assomo veloz no espelho dessa
paisagem resumida – por quem por onde
eu não retorno nunca – eu ainda não nasci
completamente para esse ab
surdo móvel mundo.
Um cão
Metade da cabeça, rente ao muro. Cacos à cata do ônibus. Retardatário. Olhar boiando sobre a lagartixa destripada – meio-dia e a diáfana camada de veludo das coisas mortas. Ali por onde se arrasta sujeito ao insulto, um cão. Com os dez mandamentos na cabeça. Isto é, não matar. Vestir a camisa sempre. Etc. Rosnando uma cantiga. Diabo com certidão de bons antecedentes.
Experimento em luz
o traço acaso mais
difícil distinguir
a mancha
por onde passou um
cuidado
Ágil senso da propriedade
cai a moeda no
assoalho seco do
ônibus um
baque durável de
25 cents
aqui ali alguns
homens naturalmente levam a
mão ao bolso próximo ao
peito
profundo contam
um desfalque
epidérmico
o gesto todo
prevenção para o próximo
destino |