volvió uma noche
estranhamente azul
põe-se o sol
onde a lua faz-se insegura, apática, muñequita desnuda.
é o quando do mar e dos marinheiros bebem, mansos, a bailar Gardel.
molhado Bach
ser um copo que dorme sobre a mesa
ao lado do morno da tua mão
que não desata
e guarda a chave
que a nossa casa serve.
ser o dia de chuva Bachiana
à espera da plenitude da tua cara branca
reino de tantas histórias e rebeliões
ser o copo, aquele mesmo,
o que não dorme
ao lado da tua mão
que não desata
e guarda a chave que só a nossa casa
ainda chove
ouvimos Bach
e na medida em que amo ser ao que haver-te em ser
anoitece e entardece e amanhece, com sorte, chovendo tanto.
* * *
tão alto que longo
a mensagem da natureza de uma mosca na sua revolta
lembrando a um cenário
um vestido preto, tão preto que longo
fundido à escuridão da noite confusa
como um gato glacial
focando os bigodes ao toque dum cigarro
no cinzeiro, alto, tão alto que longo
como o gato, os dias que se prestam a um só funeral.
Oh, sim. E esta mosca.
a message of the nature of a fly in their revolt remembering a scenario
a black dress, so black that long
cast into darkness of confused night
like a glacial cat
focusing whiskers to a touch of a cigarette
at ashtray, high, so high that long
as the cat, as the days that lend themselves to one funeral.
Oh, yes. And this fly.
* * *
outra era
é um pavio
de sombra incerta
qualquer
além disso
que não tem e tem tamanho
na dimensão do que olha um olhar
e nos faz fé diminuta
irradiando feitos
do quando era grande
do quando nem era fogo diante da fome.
* * *
morre um mundo
cumprindo tarefas usuais
dessas de desprendimento da carne
sigo a ocupar meu espaço
nosso espaço
à sombra da pitangueira seca
ai, a absurda iluminada manhã
e vou
sou a espessura do fruto
a rigidez da casa do molusco
torrões de açúcar
desfazendo-me nas tuas mãos
onde o mundo é uma esmola menor que qualquer.
* * *
donde a colherinha de café
nós, você,
eu por ti
nós que temos sangue de búfalas
e os outros
companheiros sofredores
regras para serem esmigalhadas
num pequeníssimo erro
esperávamos o cair da noite
o desaba-la
tanto que agora
enfrentar o dia
com a fronte pesada
más notícias acontecendo aos montes
o mundo, amor, é um monte
e o café preparado
teu bêbado perfil
de estranheza, dum isolamento do mundo
na minha boca
tens o queixo mais leve que um mínimo ganso de origami
trazendo música para onde aponta
sempre chegado de um tempo mais confiante
que um mínimo ganso de origami
nós que somos burras
temos sangue de búfalas
e o jornal deve estar a elogiar-te, amor, pois que vejo dentes
porque és viril
não te importunando o mundo
nem do quando estilhaçado e na minha boca.
* * *
stripers
my legs
heaven
a man looking
In either his eyes
my skin will not get severity
I'm serious
this is the time
here comes my man
and with his eyes
all of the sea
crossing over these legs.
oito e meio
tenho a idade de passarinha
e desço ao porão que acabará de se fazer
minhas escadas que rangem e não rangem e dizem coisas de robôs amaldiçoados
meus pés já a sumirem
suavemente
entre as ondas do meu rio
posto que a esta idade
seria tão inapropriado ser mar.
dali pra cá, a passagem
meu coração queimando
ao pôr do sol nos teus olhos.
caminhos antigos
desses tempos doces
da vida dum pensar
campanários e aves, o pôr do sol
meu coração farto da vida adulta
não se cabendo a mim
sabia ir e voltar
ao fundo dos teus olhos perdidos
ao templo onde põe-se o sol
onde coloco-me aos teus sóis.
meninos
no arcabouço vive
em carne, cinzel
seus extensos dedos a apontar olhos
a fisgar homens, meninas
não sei
acurar
toda
claridade em pilhas
/da vez em que enviaram seus filhos através deste rio/
os pés duns poetas
as mãos duns poetas
seus pés, porém
são como animais feridos
diante de crianças soltas
donas
de jaulas e jaulas abarrotadas
de papeis e nanquim
martírios dos homens
serem poetas
haverem crianças
ter os pés como urgências que sangram
num mundo que baila, não para, dança até que.
um lenço no adeus
apostando trazer o meu aceno
para o meu ermo
/enquanto preparação
sou nada
nada de muito andamento no desespero/
caio como uma aflição, final
aos trilhos desta estação sem fusão de ferro ou folhas. |