ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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CELSO MANGUANA

 

 

 

 

MINHA PÁTRIA

 

 

Pátria

Quero só uma

O lugar de

Morte

 

A nenhuma

cidadania

pertenço

conheço

três

lugares

de exilio

 

O amor

a memória

a loucura

 

Memória

percorrida

loucura

visitada

e quantos

amores

 

Vou

para norte

sempre

para a morte

caminho

sozinho

 

Não

despeço

peço

lume

 

Charro

aceso

prossigo

 

 

 

para norte

obviamente

para morte

 

 

 

 

A FLORBELA DAVID

 

 

Estou

cansado

exausto

dói

cantar 

uma  pátria

que não 

me pode

dançar

 

E como

dói

a dor

de cantar

uma

pátria

Que não

me sabe

dançar

 

Pátria que me pariu

 

 

 

 

PÁTRIA DIVIDIDA?

 

 

Ao Nelson Saúte

 

 

Dividida a pátria

entre o coração

e o estômago

se erga

o arame

farpado

deveras

esfarrapado

 

E a meia-noite

de um dia

sem lua

saltamos

o arame

para onde

o ouro

existe

e é  nosso

fascínio

 

Mas só

a nado

vamos

para que

connosco

venha

a azagaia

cativa

nos açores

 

 

*

 

Celso Manguana nasceu em 1974 na Provincia de Nampula. É jornalista. Trabalhou nos jornais Zambeze e Canal de Moçambique. “Pátria Que Me Pariu” e o seu primeiro livro (Prêmio Fundac -Rui de Noronha, 2006).

*

 

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