DINIZ GONÇALVES JR.
FLIPERAMA ACAPULCO
O globo colorido reflete as luzes dos piratas de plástico bônus reinicie a partida no átimo a ficha engole segundos outra paisagem apache tece recordes da vida ao limite tilt
SÍLABA
A memória é sílaba de pássaros canto que recolhe cápsulas de asfalto relicário de ruas interditadas arame das águas inunda o meio-fio
SILOS
Que a chuva lave aquilo que vela fotos reveladas nos silos de chumbo depois da quarta camada de areia desaparece o traço do navio resta a lembrança da imagem que insiste em refazer as margens dos dias expulsos do calendário.
MUSEU DE PESCA DE SANTOS
Os vidros de areia hibernam nas prateleiras , praias próximas e distantes , brancas ou opacas , protegidas do tempo que faz lá fora , já foram castelos e esconderam conchas, arranharam os olhos nas brincadeiras de infância , refletiram navios nas noites claras, guardaram os passos apagados da memória .
TROPEÇO
a multidão me distancia
perco de vista o outro sorriso
que julgava meu mas era engano
como esfinge a soletrar um jogo
de erros o reverso do esperado
se forte pareço caio frágil no tropeço
do espelho
DESMEMÓRIA XXIV
Um aceno e os olhos aquáticos pelas avenidas rumo parque continental e a cidade chuvosa lembra o som de moonlight serenade espelhos no salão de algum grande hotel perdido nos mapas de amanda.
DESMEMÓRIA XXVI
No rádio tocava All for Reason e o Guarujá indicava possibilidades , tantos olhares na beira do mar e a noite refletida na arquitetura veloz dos carros e nada atrapalhava o dolce far niente o ritmo lento das pernas das meninas atravessando o tempo como quem inaugura monumentos de vento ao passar
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Diniz Gonçalves Júnior, poeta paulistano, é autor do livro Decalques, tem críticas e poemas publicados em jornais , sites e revistas. Contato: dinizjunior71@yahoo.com.br. |