ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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FABRÍCIO SLAVIERO

 

 

 

 

com chiados-guinchos, silvos, e ríspidos miados de sax-tenor, um

free-jazzista gato barbieri, reproduz, não sem as sincopadas com-

panhias do contrabaixo e da bateria, toda a dissonância que — a

despeito do fim reprodutor — emana, — como se de atonal, van-

guardista sessão de improvisos, emanasse —, de um operístico et

félin ménage à trois, entre 1 macho e 2 fêmeas (barítono de bigo-

de, ele; contraltos de vibrissas, elas) — desafinado trio.

 

 

* * *

Cônico Colar

de Plástico — para

o Bichano, um Desmancha-

-Prazeres — como

que a Anular

o — Não pequeno —

Potencial enquanto Lixa

(Septuagésimo Sétimo

Grão) da Língua Gatal

que vive a deixar, de

Tanto Poli-la, uma

sua Informe Chaga, ou Ferida,

em (Felina) Carne Viva

 

 

Nudez de uma Lacuna na Mesclada Pelagem (Claroescura) do

Pequeno Felino — um Felis Cattus — que a Lambe a Lambe na

(Talvez) Vã Tentativa de — co’a Volátil Umidade de sua Saliva —

Vesti-la.

 

 

* * *

Fita-Virgem Deflorada

— Não sem Consentimento —

pelos Graves & Agudos de

uma Acusmática Gravação

d’um Indiscreto Disco de Vinil:

 

Aproximados Sessenta e

Nove Minutos de Algo ,—

Sons —, Muito Próximos

àqueles, pelas Cordas

Vocálicas e Em “Certas

Circunstâncias”, Não Omitidos:

 

Gemebundos Sussurros

Berros e Outros — Estes,

de Genitais Origens —, Ruídos

Oriundos do Mais

Cacofônico dos Bacanais

que Penetram — Via

Cabeçote — a (Até

Então) Inviolada Bobina

 

 

* * *

Pares de Olhos Míopes (com algum

Grau d’Astigmatismo) nos Lances

de uma Catarática Escadaria cujos

Degraus e Corrimãos em Glaucos

Matizes e, — quiçá Matosos —, Tons

 

 

* * *

ex-auxiliar de carpintaria, hoje (e sempre) oswaldiano e pau-brasi

liense; um homem sem profissão de fé, mas leitor (de “incontest

e” leitorado) (dizem que dislético) de obras em filigrana, como a

prosa mezzo medieval, e se não barroca em si mesma (neogótica,

segundo um implacável e não-por-acaso-monge-lezamesco sarduy

), apologeticamente barroca, de alejo carpentier (y valmont); faná

tico pelas mais grotescas e fantásticas películas da filmografia sete

nta-oitentista (séc. XX) de john (howard) carpenter; e, aqui (diga-

se), um tanto quanto hereticamente, — já que lúbrico..., aliás, lúd

ico —, entregue “de corpo e alma” (não mais munido do lápis de

 carpinteiro, mas de um seu “par” de scriptorium) a xilóides grat

uidades escriturais; à lenhosa e verbal jogatina.

 

 

* * *

Duas Noites em Claroescuro

e a Primeira, de Duas,

na Clínica Psiquiátrica,

em Escuroclaro:

                         um

Epiléptico Robusto e Ruidoso,

entre Roncos e Traques,

seu “Companheiro” de Quarto... 

 

 

* * *

a Ademonia

— ou “A Rainha

Diaba” dos Transtornos

Afetivos — de

um (nem tão) “Pobre

Diabo” Trejeitualmente

Afetado, e

Portanto, a Ademanes

— A ou Típicos —

de Madame

Satã,

        (Amaneiradamente)

Dado

 

 

* * *

Inexistem Fibrosas

Caneleiras-Cravo

que Impeçam o “Craque

de Bola” [Quadrada]

 

de (Volta e

Meia-Destra) ter

Uma das Suas — a

Oposta — Canelas-de-Vidro

[seja Temperado, seja

Polido]

se não feita

em

     Milhares d’Estilhaços

ao menos

(e)

     Milimetricamente

Trincada

 

 

* * *

Agrale Amarelo-Gualdo [Gralha

à Diesel pra meia-Dúzia

de Toneladas] por um

Tiriricado Tipo “Sem Tirar

Nem Por” (Cabeleira

Pra Lá — ou pra cá — de Amarela

clara sob claro

Chapéu de Palha) é Chofereado

 

 

*

 

Fabrício Slaviero nasceu em Taboão da Serra (SP), onde reside, em 1982. Frequentador de cursos livres na Casa das Rosas — Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura — e participante do Laboratório de Criação Poética, coordenado por Claudio Daniel.

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