GRAFIA
1
Água significa ave
se
a sílaba é uma pedra
álgida
sobre o equilíbrio dos
olhos
se
as palavras são densas
de sangue
e despem objectos
se
o tamanho deste vento
é um triângulo na água
o tamanho da ave é um
rio demorado
onde
as mãos derrubam arestas
a palavra principia
GRAFIA 2
Está no rio
o embrião da
noite
O rio livre
com apenas o princípio
evidente
de todas as formas
A água íntima dos lábios
GRAFIA 3
Tempo
digitado para as direcções
do vento
A orgia dos gráficos
nos prolonga
nossos cabelos cronometrados
Ó virgem com pinheiros
nos olhos
morte
O ovário contínuo onde
escuto os objectos
e os transmito nos dedos
Sem margem delta boca
ó mulher circular permeável
ao vento
Virgem com pinheiros
nos olhos
fêmea com nervos e dunas
iguais a explosões
Invoco a madeira o limo
o tempo
e entre ventos construo
teu abdómen fixo
TEMA 1
Nenhuma ave é central
Multiplico
teus límpios meteoros
nas esplanadas
e sono
denso ventre com febre
túneis
cidade úbere de flancos
intermináveis
Sequer uma ave subterrânea
em teus olhos rectilíneos
tuas vidraças com pausas
para a morte
tuas mãos demolidas
teu vasto sexo desvendado
de alicerces
TEMA 4
Nenhum sinal nos calcina
as órbitas
Voluntários
somos de frente com a
imagem
na grafia dos espelhos
Um teorema de pálpebras
nos situa
imunes
à cicatriz dos limites
que bebemos
Um sismo incontém nossos
ombros fechados
Limítrofes
os nossos pés anfíbios
invocam o rio