ODE AO BUFÃO
Afagar todos os vícios
Demolir resquícios
Remover palhas e aplaudir falhas
Sair a procurar solstícios
Cantar todas as perdas
Reverenciar os próprios riscos
Carregar tralhas como se fossem migalhas
Isso sim
É o mais difícil.
ALEGRIA DESATADA
Tirar coelhos da cartola
Até requer alguma ginga
Eu quero ver é tirar coringas
Dançar descalço sobre cacos de vidro
E sair do outro lado
Não ileso
Mas redivivo
Escrever é isso
Andarilho.
MEU REINO
Estilhaçado o ego
Cabe às minhas mãos
O desatinado ofício de embaralhar
registros:
Sons de peixes famintos
Ecoando
marulhos de ondas
Avalanche de desejos
Cumulando sargaços
Meu reino o instante ergue
O instante devora.
POLVO
Rei dos disfarces
Marinheiro peregrino
Demiurgo performático
Poeta submarino
Caçador de
sentidos
Gerador de fascínio
Dançarino intuitivo
Desenhista de enlaces
Amante do Erotismo
ESTAR VIVO
canto de exaltação para Waly Salomão
Na lona mirando La Luna
Ser Enviesado tem me custado
Correntes de vento
Diatribes de pensamentos
Razão Ardente de Apollinaire
Me foge a calma me foge
Só sei ser desabrido em corpo e dentes
Pura Chama mordo o Êxtase por Inteiro
O Êxtase por Inteiro
O Êxtase
Adrenalina compulsório-compulsiva
Irreverência fulminante
Flor sangüínea do pântano Eterno Instante
Sapo pulando coaxando pulando faminto
De brejo em brejo tal qual seu instinto
Coaxando hinos à noite coaxando
Mil frêmitos mil gozos
Mil e uma outras noites pulsando gozosas
Na lona mirando La Luna
Mirando La Luna
Mirando
Un poco más pero mucho más incierta
Que este pecho abierto
Alegre y nómada corazón de poeta.