ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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HENRIQUE DÍDIMO

 

 

 

 

MARGEM DOS SONS DE DENTRO

 

antes do silêncio acomoda-se

um ruído /

 

                  dobra interna dos sons

que a memória

 

                / corta

 

DAS ROTAS, INVENTÁRIO

 

raios de aranha

tecem palavras

adormecidas, perdendo

a cidade de vista

 

outras estrelas domésticas

            [quiescentes

aguardam enquanto tomo nota

 

TOMADA AÉREA

 

na fábrica de cera

            um incêndio ao vivo

 

            satura com fogo intenso

 

as cores até o ruído

 

a lâmpada da sala acende

           

            um olho amarelo outro azul

            ela vem mais perto e vê

 

faz pouco vento em novembro mas

 

            a coluna negra não é aqui

 

(relâmpago dilui em chuvisco)

 

aqui a praia tem bafo de

                                     / estática

 

PRIMEIRO MOVIMENTO / CORPO BRUSCO

 

uma

lâmina na

pele pouca

            do gesto

 

reveste o toque

de súbita aspereza

 

............................................

                                    

   

a noite paralisa no

instante mesmo

 

em que a mão

            retrai

 

do corte

 

 

TRANSPIRAÇÃO

 

noite úmida sem

palavras

 

formigamento de asas

 

 

*

 

Henrique Dídimo, poeta, pesquisador, videomaker, cata imagens, visíveis ou não, que possam ser transformadas em palavras, sons ou movimentos.

*

 

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