MARGEM DOS SONS DE DENTRO
antes do silêncio acomoda-se
um ruído /
dobra interna dos sons
que a memória
/ corta
DAS ROTAS, INVENTÁRIO
raios de aranha
tecem palavras
adormecidas, perdendo
a cidade de vista
outras estrelas domésticas
[quiescentes
aguardam enquanto tomo nota
TOMADA AÉREA
na fábrica de cera
um incêndio ao vivo
satura com fogo intenso
as cores até o ruído
a lâmpada da sala acende
um olho amarelo outro azul
ela vem mais perto e vê
faz pouco vento em novembro mas
a coluna negra não é aqui
(relâmpago dilui em chuvisco)
aqui a praia tem bafo de
/ estática
PRIMEIRO MOVIMENTO / CORPO BRUSCO
uma
lâmina na
pele pouca
do gesto
reveste o toque
de súbita aspereza
............................................
a noite paralisa no
instante mesmo
em que a mão
retrai
do corte
TRANSPIRAÇÃO
noite úmida sem
palavras
formigamento de asas |