ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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MANECAS CANDIDO

 

 

 

 

Somos nós, os poetas,

dignos deste tempo

que permanecemos intactos

e submissos ao fulgor tão vivo da palavra

 

Somos nós, os poetas

que em cada sílaba

tornamos óbvios e urgente

buscar o que de melhor  temos.

 

Somos nós,  os poetas,   

que de alma e coração

depuramos as  palavras

como espectro de luz

Que ilumina eternamente         

 

 

* * *

 

Mesmo que me intimidem,

a   poesia resistirá rigorosamente

á  languidez do meu corpo

 

com  palavras luzentes na parede

do tempo

 

Mesmo que intimidem,

e  aconteça o que acontecer

acredito na transcendência

do poema.

 

 

* * *

 

Detrás de uma pedra

há um abrigo onde nunca te sentes

 á  vontade

 

Pois, de súbito, a sombra

desaparece,  em  silêncio.

 

 

* * *

 

Logo que nasci

deram-me  presentes

de pobreza  e  um pais

de angustias

 

O preço da minha vida:

um clamor de armas,

onde o furor da guerra

Silenciava as crianças

no seu ritmo impetuoso

da  alegria  de brincar

no  jardim da infância,

onde todos dias as flores

gotejavam  sangue

de tanta  dor  e  morte.

 

 

 * * *

 

O meu destino é voar na asa da poesia.

E  do meu voo, levar a mensagem

com as cores de esperança

que a  terra clama.

 

E  nas  alturas, pintar o céu

exaltando o sentindo das metáforas,

a razão do meu destino.

 

 

*

 

Manecas Candido nasceu em 1979 em Quelimane, Província da Zambézia. Atualmente é docente na Universidade Pedagógica (Departamento de Biologia Delegação de Nampula). Colaborou na Rádio Moçambique na Rubrica “Sugestão de Leitura”(2004) E membro efetivo da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) e do Núcleo dos Escritores da Zambézia (NEZA). O sentido das metáforas e o seu primeiro livro (Prémio Revelação Rui de Noronha, 2005).

*

 

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