MARIANA CAMPOS
ESPERA-FLOR
esqueceste meus pés
(frios nas águas frias e gelado junto ao coração o amor que faltou
fez caminhar sob o medo de estar descalço perto bem próximo à espinhos
onde pousam e sempre pousaram orvalhos) frescos, úmidos. agora ainda
tão cedo longe da dança que celebra a morte, tão secotempo e nesta hora
é inverno em toda parte, tarda o sol e adormecem as minhas pernas.
a vida cabe na espera-flor que sinto o cheiro que tu prometestes trazer até
mim.
* * *
SEM TÍTULO
linda cadela pintada de preto, preto também seus olhos-ameixa, seus
olhos jabuticaba-noite na noite pintada de estrelas manchada de sono e
nanquim
sono que sonha luas-filhote, filhote branco cria do leite, filhote azul azul
como mãe noite que prenhe pari uma duas outras tantas luas e dorme e
morta espera-manhã
sol e sangue
* * *
LENTIVEX
pesei o lento aven
talado para me
dirmeu desejo. pe
sei, não houve pe
so. menti le
veza
outrora já me como
vi (um dia teve em que eu não era fugi
dia. movi-me ca
minhos, onde guias me viavam
(fui pássar
o - deslumbrado -
quando o céu era outro.
* * *
NOTAS DE UM VIAJANTE
estranho ar escuro
um cão uiva - invocado -
ao longe
moinhos de vento
* * *
SEM TÍTULO
mingua a lua - no telhado
mia (grave) faminto
um gato
*
Mariana de Oliveira Campos nasceu em 1988, em Campinas (SP). Atualmente cursa graduação em Letras na Universidade Federal de São Carlos, onde organiza e participa de eventos literários como a Jornada de Letras e I Colóquio Internacional de Literaturas Africanas. |