ODETE COSTA SEMEDO
DI NUNDE KU I SAI
Nunde k'i sai
nunde k'i sai
ma di nunde ku bu bim
Sambaturmé
ku bim rapatin
ku kilis ku n tem
DONDE TERÁ SAÍDO?
Donde terá saído
donde terá saído
mas donde vieste
ventania de S. Bartolomeu
que me separou
dos meus
BISSAU SUKURU
Bissau sukuru
Guiné fundu
Murgudjadu na kasabi
n na koba
bu na ntera
Paké nhá ermon
n punta?
si kaminhu i um son son
BISSAU É UM ENIGMA
Bissau é um enigma
Guiné é um mistério
mergulhada numa profunda angústia
eu a construir
e tu a destruíres
Porquê, meu irmão
pergunto
se o caminho é único?
OTCHA KUSAS KUNSA
BISSAU KA MISTI FIA
Bissau ka mistiba fia
na ke k'i na odja
nin na ke k'i na sinti
Bissau dispidi di si fidjus
nun, i mborka
pa risibi kalef
pa risibi limbida
di nhara sikidu ku si fidida
Bissau ka fia
QUANDO TUDO COMEÇOU
BISSAU NÃO QUIS ACREDITAR
Bissau não quis acreditar
no que via
no que estava a sentir
Bissau despediu-se de seus filhos
nua deitou-se de bruços
para receber chicotadas
para receber açoite
com ramos espinhosos
de nhára-sikidu
Bissau não quis acreditar
Nota: estes poemas foram escritos em português e recriados no crioulo de Guiné-Bissau, ou
vice-versa, pela própria poeta, que escreve nos dois idiomas. Os poemas foram extraídos do livro No fundo do canto, publicado no Brasil em 2007 pela editora Nandyala.
*
Maria Odete da Costa Soares nasceu em Bissau, onde fez os estudos elementares, graduando-se
em Portugal. É professora na Escola Normal Superior Tchico Te e professora colaboradora da Universidade Colinas de Boé, em Bissau. Foi
ministra da Educação e presidente da Comissão Nacional para a Unesco. Doutoranda em Letras na PUC de Minas Gerais, publicou diversos livros de prosa e poesia, entre eles Sonéa, histórias e passadas que ouvi contar I (2000), Djênia, histórias e
passadas que ouvi contar II (2000) e No fundo do canto (2007). |