ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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PAULO CÉSAR DE CARVALHO

 

 

 

 

ele abre
uma janela
entra
num banco
na inglaterra
abre
outra janela
senta
num banco 
em ilha bela
por outra
entra
em guerra
mais uma
entre tantas
entretanto
entra lá
pelas tantas
no quarto
de uma mina
na venezuela

de veneziana
a venusiana
de janela
em janela
do pacífico
ao atlântico
vai
pra todo 
lado
navega
em todo 
canto
fechado
num quarto
sem janela

 

 

 

 

JAZmim

só se 
flores
ao jardim
de cores
dores
& odores
que se 
escondem
dentro
de mim 
onde
se alegra
o alecrim
enquanto
se enterra
o jasmim
onde
berra
a fina
flor
do fim
vermelharás 
carmim
mas só se
flores
ao jaz
mim

 

 

 

 

não siga a sigla

pra matar
comunista
ccc
pra virar
turista
cvc
pagar
pra não entrar
na lista
do spc

pra matar
polícia
pcc
pra virar
fascista
tfp
pra pagar
de artista
entrar
pro bbb

pra não 
se matar
ligue já
cvv
pra não 
entrar
pelo cano
compre já
pvc

 

 

 

 

sem palavras

quero me despir 
de uma palavra 
roupa
quero me vestir
de uma palavra
nudez
quero ficar
sem palavras 
boca a boca
mudez

 

 

 

 

em tempo

o tempo 
tá quente 
faz tempo 
que a gente 
esfriou 
o tempo 
todo 
você pede 
um tempo 
pra gente 
faz tempo 
que o tempo 
fechou

dá 
um tempo
minha cara 
o tempo 
não pára 
não dá 
mais tempo 
o tempo 
passou

tá na cara 
dê tempo 
ao tempo 
quer dizer 
nosso tempo 
acabou

 

 

 

 

mulheres de antenas
(ou mulheres de chico)

mudam 
as heras
mas seguem 
modernas 
as histórias 
antígonas
da mulher

eternas
pernas 
electras 
minervam 
abusam 
e medusam
quem vier

não vire
pedra 
quem puder 
afrodite 
se quiser

 

 

 

2013

vai mudar 
o ano 
vou mudar 
de plano 
de planeta 
me mudar 
pra urano 
num cometa

posso trocar 
de antena 
mudar 
de sistema 
trocar 
de tema
mudar 
meu poema

quando mudar
o ano 
só vou trocar 
de engano 
só vou mudar 
de problema

 

 

 

parfeito

nunca vi 
seu rosto 
não sei 
seu nome 
nunca provei 
seu gosto 
mas é de ti 
a minha fome 
fomos feitos 
um pro outro 
mata o corvo 
que me come 
e preenche 
pouco a pouco 
o oco 
que me consome


 


não parte!

quero
mudar
dar-te
ar
inundar-te
de mar
armar-te
de arte
amar-te

vou
encantar-te 
e cantar-te
em toda
parte 
daqui
até 
marte
ser seu
par 
parte
de ti

não
parte!

 

 

 

 

sem seu ás não bato

quando você
cai 
te cato 
se você 
me pede 
paz 
eu faço 
pacto 
pra onde
você vai 
eu parto 
pra não ficar 
pra trás 
apresso 
o passo
se você 
me perde 
eu te acho 
eu viro
cais
pra atracar 
seu barco

quando você 
quiser 
gás 
eu faço 
um gato 
se seu cão 
não for 
capaz 
eu caço 
o gato 
quando você 
não tiver 
mais
eu reparto 
se não 
te satisfaz 
eu descarto 
se você
não me quiser 
mais 
eu me mato

 

 

 

de zero a Eros

não paro
no zero
a zero
meu jogo
é outro
disparo
de zero
a eros 
meu gozo
é claro
como
o fogo
de mil
neros

 

*

 

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