DENTE-DE-LEÃO
há fiapos ávidos,
fruto nãostálgico
como se amarelecesse,
necessidade da brandura
fosca em tarde de aurora.
nãovãos da atmosfera
circundante-s canteiros
de diasfiapos noutrora.
serra de caules, possíveis,
nuessência da palavra,
fimbrias raízes de sóis,
(qual branco, qual amarelerde)
soluço em pianista
mostra outra parte da outra.
capinácio ruminando
pelas lexias no vento,
linhas brandas que se
amontoam em pó dourives
como confusa conessência
dos pêlos do douro.
a boca vai-se fechando,
quando crescem os odores
IMAGEM DO MONDEGO
paira ainda um corte
– tecido de bordar, voz –
treme o chão, uivando
mal ditas palavras, infausto
anúncio, sentença de gentes
– corte, à mão, tece à destra –
conluio de coroas, convívio
exílio de mandrágoras, púrpur:
relicário, escorrem maculosos
os peitos do por achar.
ESTACA
presa, falas à madeira
perto do marrom como
pico. fugidia.
escultura molde
estende a marca
esférica da vida
ferocidade sagaz
MUTUM
esférica manhã de flagra
a perdiz sub-reptícia
do canto, morosidade.
aberto, o bico vermelha,
goela balança tal cobra,
soturnidade da manhã
sob as penas.
mascara a sensibilidade
da fuga, morada. som
vicejo das negras.
ora macia carne de
palavra. ora sombria
noite de maltrato.
às mangas ao redor,
pomos de terra
aurícula, cospem
meninos fora delas.
preta pena posta paca
pena preta paca posta
pomos terra, barriga morta.
as margens da esfera,
noturnidade de vozes.
DAS DING
a coisa fala
palavras de leite
branca a fronte
fala ao des-
(aube)
enhar apenas, cala.
TULIPA
copo amarelo nadando,
soluço de dia que varre.
transbordaram as velhas
facas do monstro
e as cores em verde
se diluindo.
azul noturno dos odores,
copo amarelo tardando.
tua limpa essência,
matiz da cor, volatilidade
de temporalidade, pedra
rubi de silêncios.
pacto de jardim de serpentinas,
candelabro de ocasidade.
BREVE VIRAÇÃO DE CIMOS
à rota úmida tange a rosa
pousada em flanco dorm-
ente quase um sussúrio de asa
espira inalando o expiro –
grão e tez insone horríssona
fúria escura turva –
warte nur, balde: à penas e
fiapos nus em finas nudezes;
tange quase as copas folhudas –
olho-de-cão – lento levantou-se
o renegro tom de busto tingido
ist ruh, silencio sossegos e re-
pouso: sabedor de aves calcá-
rias (teia-e-mel) – über allen –
as estacas cavam estrados de
brisa e bosquejo: aragem-poema.
FACE (1)
os vitrais refletem uma permanência,
bancos tons-vemelho-azulados de carvão,
apenas os olhos os vêem.
MAIS-ALÉM DE ANCHIETA
that skull had a tongue in it
hamlet
parecem colares,
a glória de furtar
cavalos de pasto –
parecem de brilho,
o duradouro halo
de inconstâncias –
parecem da parte,
um todo de braço
baço de escrita –
parecem um sopro,
de quase estile,
alfabeto em nume –
parecem de mistério,
os iliônicos cavalos
e adros em companhia –
parecem de jambos,
as cores daquilo
em que se banham a espada –
parecem de mãos atadas,
os pregospectros
em que capitulam romãs –
parecem de repente,
sombra do retábulo
esquecido de outra hora –
**
com isso,
um velho jesuíta se ergue
em redondilha arena
à margem de tudo –
mesmo do abraão ou
moisés sob uma tábula –
como que num não findo
espaço de ocre e gaivota
– óleo de calisto fuça o fundo –
inscreve –
em vulgata língua do povo
como parábolas sobrinscritas
do braço em que se esticam
a pena e a tinta;
e a caveira de yorick deslumbra
mortalha humana envolta em
sangue tênue e textura rubra
– um velho de barbas ralhadas
em uma enorme placa encerada
de folhas de amaro açafrão –
um breve estúdio concentra-se
e torna-se muito além da teresa
em êxtase em santa maria della
vitoria
***
um lázaro se levanta,
– a tenerife desaparece;
o retiro de reritiba também –
a sé do taumaturgo –
oú tubixá katú de memória
à virgem, para ele divinizada –
de memória: sem rangerem as
portas nos seus gozos
e um dedo entre a pele,
em que tome a vista via,
serve a conferir – no
claro negro da iluminura
um tecido de mortalha
(dorso nu e cara vaga)
na dúvida sobrescrita
em códice em gume
em bastão, areia e onda. |