MEDÉIA
ter a teia
que tal
fêmea tece,
dentro de si,
em chamas
tatear o fogo
com as chagas
da mão
suspensa
na altura do ombro
do outro
fazendo sombra
que incide na sombra
do outro, feto,
fruto enjeitado
um incêndio
ruidoso nas entranhas
e calcinação da voz
aberta
cavidade no silêncio,
(abismo)
aborto,
uma ferida
que não se encerra
na cicatriz
GIACOMETTI
ar poroso,
oxigênio denso
no pulmão
do escultor.
um nódulo
principia o esqueleto
(uma sombra
pra dentro).
o outro, o irmão,
o mesmo, pai.
cabeça fixa
sobre corpos
portáteis.
"iguarias de pedra"
como relevos
de um assassinato
infinito.
o endocanibal
giacometti
desmembra a si mesmo,
seu reflexo, o homem.
aliás, o cachorro.
TABUS
Viver
E ser
Um uivo
Vivo
Um grito
Centrípeto
Um falo
Que fala
Uma moral
Sem mora
Um ruído
Um toque
Tóxico
No léxico
A PEDRA
A Pedra nasce
Polida
Depois é que cria
Ferida
Alimento de
Água e vento
Depois é que expele
Sua anatomia
Lança ciscos
Cegos
No ~ ar ~
A Pedra consome
O pó
len da flor
Apodrece a pé
(tala)
Grácil
A matéria pesada
pressiona o
Chão
Os ossos cravados
Na terra
Feito raízes
Crat (h) eras
A Pedra
Gravegrava
Seu nome
Na carne
Horizontal
Abala
A --------------> bala
Aloja (
na) da e
s
p
i
n
h
a
d
o
r
Sal
Do homem
E que-bra a espera
Da iner
me
Epider-
-me
Dor
me (o
me
do)
O corpo assume a
Forma do relevo
Cessam
As pálpebras
Dialogam
Galo e
Dia
DENTRO
do orvalho
arde o carvalho. a ave
colhe
o óleo
que escorre
do
olho
que fermenta
o fogo
implícito
no barro:
úmida
urna
noturna
ÓRBITA SUSPENSA
é extenso
o caminho a percorrer
do verde que se pisa
à esfera que escurece
retinas
nas retas
perpétuas
perplexas
rodandooovoobscuro
(oo)lho
v (ôo)
voz
v
ó !
z
z
z
z
alvo
pousa no
o dardo
veloz
mudo
sono
só
no solo
o
peso da
- s-e-t-a-} na terra
errática
e a relva que cresce
e queima
os despojos
de um cemitério
de planetas
lancinante
o barro
seco
soco
oco
abre uma fenda em seu corpo súcubo expondo o leito rochoso
de uma
célula
em
re
pou
A CLAREIRA QUE O VERBO
Abre na madeira
Acumula líquidos
De ocultos órgãos
Sexuais
Liquens
Cristais
Concentrados
No tácito
Nó
Costurado no corpo
Criptógamo
Avascular
O lar dos vocábulos
Rebenta no ar
Arremessando pigmentos
Nas faces cegas das cavernas
A Lua e sua sombra
Som inflexivo
Que jaz
Vivo
E se enraíza na gengiva
Ogiva
No momento exato
Saltando do palato
Cospe
A prima matéria
Pb (plumbum)
No asfalto
Qual lanceta
Extirpando o
Estoicismo
Do homem
Moderno
(Sem nexo
Sem sexo)
Com um modem
Em anexo
* * *
com a
fé
in
in
teligível
do
an
cestral
an
seio
as (s) as-
- sino
a luz
v a g a m o n o c r o m á t i c a
branca no movimento
branco
pendular
do casulo que se
rompe
e
tange
o cego
olho
que obs-
erva
em espreita
o
céu
cicatriz
Ar
CUPIM
come capim
na falta
da pele
polida maturada
madeira sem
lei pois
respira sem
medo da
voz no
ventre ou
o coice
da foice
FERRUGEM
nos mo
(nu)
ment os o
mar
deposita o
sal nas entranhas do
már
more e
esfarela altares
de um homem já em
fra
g m
e n t
o
s
pássaros e
vento se encar
regam (d) o
fun d o
musical
CRUA
cratera
nua
rasa
mais que rasa
reta
a cavidade que abriga
o olho
e o sangue por dentro
em rotação odiosa
latente
agora exposto / instintos
à prova /
o homem / de pé / coluna
ereta / osso na mão /
choque /
uma clavícula / clava
/ prenuncia / uma
clave