VASCO CAVALCANTE
agora sim
(não)
os abismos
olho a olho
o corpo oco
submerso
a pele
úmida
púbis angelicus
preso
teso ao vé(ó)rtice
línguas, lamb(i)das
no esplendor do c(é)u
da boca arfante,
o hemisfério sul
o berro louco
engole o oco do corpo
morto
agora sim
(não)
ao
longe
a rua tépida
soa
emudecem as estrelas
no mais,
ardo em brisas
estanco estrelas
perco trilhas
aldeias, minhas ilhas
enquanto...
um sopro rege a mansidão
luas, o verbo ancora
e cala o rio
a verve
serpenteia o peixe
o aço, a rede
no mais,
adormeço
o mundo vira
E veio então o amor
e seus arroubos,
as tardes ensolaradas
meu verso enaltecido,
teus olhos e minhas lamparinas
E veio um mar,
a imensidão da lua
refletida,
a neblina
das tuas madrugadas
teu semblante
e minha aldeia.
E veio o amor
E veio –
nó (s)
eu (s)
e u
*
Vasco Cavalcante (Belém) é poeta, editor do site Cultura Pará, http://www.culturapara.art.br/ |