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AUGUST STRAMM
KAMPFFLUR
Glotzenschrecke Augen brocken wühles Feld
Auf und nieder
Nieder auf
Brandet
Sonne
Steinet Sonne
Und
Verbrandet.
(1914 ou 1915)
ZONA DE COMBATE
Assombrolhos esquadrinham campos rotos
Acima abaixo
Abaixo acima
O sol
Explode
O sol pedra
E
Desexplode.
WUNDE
Die Erde blutet unterm Helmkopf
Sterne fallen
Der Weltraum tastet.
Schauder brausen
Wirbeln
Einsamkeiten.
Nebel
Weinen
Ferne
Deinen Blick.
FERIDA
A terra sangra sob o capacete
Estrelas caem
O universo tacteia.
Calafrios rangem
Rede
Moínham solidões.
Névoa
Chora
Longe
Teu olhar.
WACHT
Die Nacht wiegt auf den Lidern
Müdigkeit falckt und neckt
Der Feind verschmiegt
Die Pfeife schmugt
Verloren
Und
Alle Räume
Frösteln
Schrumpfig
Klein.
GUARDA
A noite embala as pálpebras
O sono pisca e chispa
O inimigo farisca
O cachimbo
Faísca
E Todos os espaços
Tremem
Miúdos
Mudos.
STURMANGRIFF
Aus allen Winkeln gellen Fürchte Wollen
Kreisch
Peitscht
Das Leben
Vor
Sich
Her
Den keuchen Tod
Die Himmel fetzen.
Blinde schlächtert wildum das Entsetzen.
ASSALTO
De todos os ângulos terrores uivam querer
Ácida
A vida
Açoita
Ante
Si
Aqui
A morte arfante
Os céus farrapam.
Horror selvagem ceifa às cegas.
ZAGEN
Die Himmel hangen
Schatten haschen Wolken
Aengste
Hüpfen
Ducken
Recken
Schaufeln schaufeln
Müde
Stumpft
Versträubt
Die
Gehre
Gruft.
TEMER
Os céus pendem
Sombras sequestram nuvens
Medos
Saltam
Estreitam
Estiram
Cavam cavam
Rôta
Bôta
Resiste
A
Cava
Cova.
PATROUILLE
Die Steine feinden
Fenster grinst Verrat
Aeste würgen
Berge Sträucher blättern raschlig
Gellen
Tod.
PATRULHA
Pedras tocaiam
Janela ri traição
Galhos gatilham
Montes moitas esganam murmúrios
Guincham
Morte
Tradução: Augusto de Campos
August Stramm (1874-1915), poeta alemão. Formado em Filosofia na universidade de Halle, trabalhou como inspetor dos correios em Bremen. Convocado para lutar na I Guerra Mundial, faleceu em combate na frente russa. O poeta, que integrou o grupo da revista
literária Der Sturm, foi um dos autores mais talentosos e inventivos do expressionismo alemão, abandonando a métrica e fraturando a sintaxe de forma radical. Além da poesia, escreveu também para o teatro. No Brasil, foi traduzido por Augusto e Haroldo de Campos
(este último publicou um ensaio sobre o poeta, acompanhado de traduções, no livro O Arco-Íris Branco).