AUGUST VON PLATEN
1826
Es
sehnt sich ewig dieser Geist ins Weite,
Und
möchte fürder, immer fürder streben:
Nie
könnt' ich lang an einer Scholle kleben,
Und
hätt' ein Eden ich an jeder Seite.
Mein
Geist, bewegt von innerlichem Streite,
Empfand
so sehr in diesem kurzen Leben,
Wie
leicht es ist, die Heimat aufzugeben,
Allein
wie schwer, zu finden eine zweite.
Doch
wer aus voller Seele haßt das Schlechte,
Auch
aus der Heimat wird es ihn verjagen,
Wenn
dort verehrt es wird vom Volk der Knechte.
Weit
klüger ist's, dem Vaterland entsagen,
Als
unter einem kindischen Geschlechte
Das
Joch des blinden Pöbelhasses tragen.
1826
Este
espírito aspira ao mais distante,
Seguir
em frente, errante para sempre:
Nenhum
lugar me prende muito tempo,
Não
há Jardim do Éden que me encante.
Meu
ser, dilacerado até ao fundo,
Sentiu
o quanto é fácil, nesta vida,
Repudiar
a pátria, e quão difícil
Achar
uma segunda neste mundo.
E
quem, de corpo e alma, odeia o feio,
Será
por uma escória escorraçado,
Se
aquele é venerado no seu meio.
Mais
sábio é renegar o solo amado
Que
ter de suportar o ódio alheio,
Sob
os olhos de um povo aparvalhado.
*
Tradução:
André Vallias
*
Karl August Georg Maximilian,
conde de Platen-Hallermünde, nasceu em 24 de outubro
de 1796, em Ansbach, Alemanha. Filho de aristocratas empobrecidos,
ingressou na carreira militar para garantir o seu sustento.
Em 1819, resolveu se dedicar exclusivamente à poesia. Após
estudo intensivo da língua e literatura persa, publicou, em
1821, Gazéis e, em 1823, Novos Gazéis. No ano
seguinte, viajou pela primeira vez a Veneza, cidade que homenageou
com um livro de sonetos. De 1826 a 1828, viajou por toda a
Itália. Em Nápoles, teve um relacionamento conturbado com
o pintor e poeta August Kopish. De volta à Alemanha, envolveu-se
numa briga inflamada com o poeta e jornalista Heinrich Heine
(1797-1856), que havia criticado impiedosamente uma de suas
peças teatrais. Platen, em sua réplica, atacou a ascendência
judia do crítico. Este, por sua vez, retrucou zombando publicamente
da homossexualidade do oponente, que para fugir ao grande
escândalo, deixou a Alemanha e se mudou para Nápoles. De 1832
a 1834, tentou viver em Munique, sem conseguir se readaptar.
Adoentado e precocemente envelhecido, regressou a Nápoles,
de onde só veio a sair para escapar a uma epidemia de cólera.
Morreu envenenado, em 5 de dezembro de 1835, em Siracusa,
Sicília, presumivelmente vítima de automedicação errada. Criticado
por Goethe e muitos outros pela frieza e artificialismo de
sua poesia, conquistou não obstante alguns admiradores ilustres,
como Stefan George, Gottfried Benn e Thomas Mann. Este último
não só escreveu um belo ensaio sobre Platen, como também se
inspirou na vida do poeta para criar o personagem Aschenbach
de Morte em Veneza.
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