ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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 BENJAMIN PÉRET



BENJAMIN PÉRET

 

 

OS PARASITAS VIAJAM

 

Eis como as  coisas se passaram:

Eu recebera um ferroso[1] sobre o redondo [2], e deslizava no branco[3], quando senti que me apertavam os caules [4].

Pensei: «Está ficando seco[5]! Mas eu estava bastante longe para me expressar[6]. Quando apareceu o ar[7], eu já me encontrava com os volitantes [8] a pelo menos quinze cachimbos [9] acima das bostas[10]; mas você bem sabe, nunca gostei de brincar com fumaça[11]; só desejava uma coisa: achar-me novamente sobre as bostas. Digo para mim mesmo: « Não é surdo[12], só tenho que me escorrer ao longo dos brotantes[13]».  Mas dizê-lo era diferente de fazê-lo.

Quando quis tentar, vi que os brotantes e eu éramos uma coisa só. Não é engraçado  descobrir-se de repente um empregado do escuro[14], tendo em vista sobretudo que não havia razão para que isso terminasse. Tentei mais uma vez deixar o brotante, mas era vento[15]!

Eu era brotante e bem brotante. Eu sentia o batedor[16] a enlouquecer na minha valise[17]. Acreditava, por isso, que estava nas últimas linhas de meu capítulo[18], eu me mordia[19]; um tagarela [20] pousou sobre meu occi [21], rolou sobre meu chifrudo[22], de lá sobre a minha valise, desceu sobre meu perco[23] e me queimou um caule.

 

 

 

 

 

 

Eu zurrava como uma sereia, sem me dar conta de que, desde que meu caule se queimara, eu não estava mais fixado ao brotante. Fiz um bolo[24] e caí em cima de um ripâmpago[25] que, ao em vez de ficar tussado[26], se afundou em minha valise. Não era amor[27] ! Ele, sobretudo, clareava[28] e eu não sabia como fazer para que ele proveguisse[29].

Tive um golpe[30] - e era preciso que eu fosse realmente buracasco[31] para não ter pensado nisso mais cedo. Pus-me a fazer flores[32] e, após algumas enormes tulipas[33], o redondo do ripâmpago apareceu para fora do meu pistão[34]. E ele cantava, e ele cantava, era pior que a Chenal.

Puxei pelo redondo do ripâmpago, e após uma dezena de estertores[35] de esforço, consegui me desembaraçar do ripâmpago. Livre, ele não teve nada de mais apressado do que tocar seiva[36]. Quanto a mim, eu estava nas torras flutuantes[37] e entretanto pego o velho[38] por testemunha de que eu não tinha nada no saco[39] há dois sets[40]. Eu tinha caules de ar[41], sem dúvida porque não tinha saqueado[42] nada há muito tempo e, ao fim de dois cachimbos, derreti[43] e não demorei a me balançar[44]. Retornei ao ar[45] sentindo os morangos[46] caírem-me sobre o redondo.

Meu bom deus, que descarga[47]!

Essa bofetada[48]  teve um efeito mágico, e o queimador[49] reapareceu.

Podia ser salgado[50] e, como estávamos no verão, o queimador deveria se encontrar acima de mim. Ele estava à minha esquerda e se aproximava de mim a toda velocidade. Cinco ou seis estertores mais tarde, ele estava entre minhas pernas! e meu rabanete[51] estava pronto.

Ah ! Que doçura, meu pope[52] ! Era como um miúdo[53] novo e tudo miúdava[54] em mim. Jamais eu tinha gastado[55] nisso. E te asseguro que agora está tudo acabado com as  culotes[56]. Você não sabe! Você não sabe!

Depois disso, o queimador desapareceu por trás de um brotante.

Senti que eu havia bugalhado [57] em miúdo, e eu miúdava sozinho, durante palhas[58] e palhas. Parti rumo ao queimador que tinha retornado para o seu lugar no chapéu[59] mas, ao fim de alguns estertores, senti que não poderia chegar lá, caí sobre as bostas e me afundei nelas por inteiro, mas estava cal[60] e isso calava[61] cada vez mais.

Por fim, voltei à a superfície das bostas, mas percebi que eu havia bugalhado em cisne sobre uma guarda-folhas[62] e tinha as argolas[63] ao vento. Sobre as bostas estava um enorme dourado [64] em plena miséria[65]. Ele me fez um sinal com o achatado[66] e me gritou :

« Ei! Lohengrin ! Avance para a reunião das tropas! »

« – Fecha tua goela, respondi-lhe, e o acomodei da melhor maneira[67].

«  – Sou o general Pau, está ouvindo. Você será fuzilado. Mau Francês, traidor!

« -- Fecha tua goela, senão você faz brotar cocô.

« -- Injúrias a um oficial...Ah! meu galhofeiro, é o conselho de guerra e os trabalhos públicos! Ah! Meu galhofeiro!

“Corri até ele e lhe pontuei[68] sobre os caules. Ele escorregou no branco, bugalhou em cisne, e eu, em enorme dourado. Era a minha vez: eu o tomei pelo tubo[69]  e crac! Ele ficou escuro[70] ...

“Mudei de luz[71]  e crossei[72] por muito tempo: cinco palhas pelo menos. Acabava de atravessar uma broteira[73] e margeava uma molha[74]  quando, de um velho brotante, escuro há patas[75], sai o ripâmpago do qual tivera tanto trabalho para me livrar. Ele se levantou bem reto sobre seus caules traseiros e me disse :

 “’— Conheci uma japonesinha que tinha garras na ponta dos seios. Essa japonesa era uma pequena viciada. Tinha uma gaiola cheia de pássaros na qual se encontravam duas bolas ocas de igual tamanho compostas de uma folha extremamente fina de latão. Uma era absolutamente vazia e na outra se encontrava uma bola cheia menor alguns centímetros. A japonesinha chamava a essa última o macho. Quando segurava na mão as duas bolas lado a lado, experimentava uma espécie de arrepio que durava muito tempo e se renovava ao menor movimento.

Esse pequeno arrepio, essa sacudida leve mas por muito tempo continuada, fazia as suas delícias. Primeiro, introduzia a bola vazia em sua vagina e a colocava em contato com o colo da matriz, depois introduzia a outra bola. Então, o mais leve movimento das coxas, da bacia, ou mesmo a mais leve ereção das partes internas da geração determinavam uma titilação voluptuosa que se prolongava à vontade.

Pois bem - você acreditaria nisso – eu não podia vê-la fazer isso sem sentir em mim um irresistível desejo de devorar um canário.

Bom dia, Senhor.

E ele partiu deixando-me uma enorme bússola sobre o redondo.”

O que significa isto? Pensei. Certamente o ripâmpago está tura[76] e eu fui grutar[77] quando do alto de um brotante um queres-tu[78] derreteu de brotinho[79] em brotinho e veio se pôr sobre o norte de minha bússola. A agulha imantada que estava dirigida sobre o país de gato[80] se desviou bruscamente e permaneceu barrica[81] sobre o  norte.

Padré[82], fiz em mim mesmo, o que se passa ?

Não era entretanto surdo de empilhar[83] : meu redondo tinha bugalhado bússola,  ou melhor a bússola e meu redondo tinham se juntado tão bem que não formavam mais que uma só coisa. Eu estava bem tostó[84]. Veja que descida[85] eu teria feito sobre os bulevares com um redondo semelhante: os rubos[86] teriam me embarganhado[87], diriam que eu estava tura.

« Portanto, eu estava bem tostó. Foi então que tive o golpe de me descalçar[88]. Para um golpe era um golpe e logo me felicitei por isso. Mal me descalçara, já me encontrava ao volante de um taxi parado na Toalha[89]. Eu não empilhava mais nada disso e russava[90] em torno de mim como se eu estivesse tura. Os sipos[91] me russavam e pareciam se perguntar o que eu fazia lá e porque eu tinha o ar tão tura. Finalmente tomei meu partido. Embreei e dei a partida a toda andadura, na direção da Porta Maillot. Mal tinha percorrido cem cachimbos, percebi que a estrada estava barrada.

Um tropel de pullas[92] avançava saindo de uma concha[93] situada sobre a direita da avenida da Grande-Armée, atravessava essa avenida em grande galope, entrava numa concha do outro lado, saía por uma larga[94]  do primeiro andar e, montando nas costas de seus popes[95], que chegavam em sentido inverso, retornava à concha do lado direito da avenida, penetrava por uma larga do primeiro andar saía dele por um largo do segundo, de novo atravessava a avenida nas costas de seus popes, penetrava na concha do  lado esquerdo da avenida e assim por diante, de modo que a avenida estava completamente barrada.

Eu estava poneado[96]: Como fazer para continuar o meu caminho ? Não era preciso sonhar em passar por cima desse tropel de pullas, eles eram numerosos e formavam uma muralha intransponível. Tive um golpe heróico - ou de gênio, como queira. Recuei  uma centena de cachimbos, dei a partida em terceira, depois pisando fundo no pedal do acelerador dei todo o gás e passei por cima do obstáculo com toda a velocidade de meus doze pullas.

Passei por entre sem acidente. Quando digo sem acidente, falo para o escalope[97], pois matei dois pullas; mal transpusera a muralha, uma detonação em conjunto retinia, fazendo tremer as bostas e sacudindo as conchas como castelos de  cartas.

Virei-me, não havia mais um pulla. No lugar deles, encontrava-se um lago repleto de mercúrio, mas o mais estranho era que o arco do triunfo havia desaparecido. Acima de seu lugar, encontrava-se o S. D.[98] segurando uma caçarola na mão, na qual ele pestanejava[99] dizendo: Sou o doutor Voronoff,  escutem-me bem ! E se pôs a contar essa pequena história que acho estúpida:

«-  Com as cabeças podemos fazer magníficas peles imitando o lofóforo.

Porém, são, sobretudo, os Jardineiros que as empregam, não somente como reservatórios, mas para a cultura intensiva.

« Podemos nas lobas achar material com o qual se fabrica uma mobília rústica.

O fundo dá o fundo, as favas dão o espaldar e os pés, e a missa assim dita tem o ar de um móvel em madeira curvada.

Com dois fundos e três mangas temos uma pequena jardineira ao mesmo tempo elegante e rústica; da mesmo maneira se constróem estrangeiras muito lindas. Caramanchões e quiosques se montam utilizando-se os círculos que recobrimos de seda sobre a qual semeamos grãos !

Enfim, os velhos, cortados em dois, são utilizados para tomar banhos por aqueles que não têm banheiras. »

« Após essas bofetadas, ele esvaziou sua caçarola cheia de pestana[100] sobre a cabeça de um rubo que se encontrava acima dele e no qual reconheci o general Joffre, o vencedor de La Marne, como dizem. (E eu então?) Não se pode dizer que não era divertido: Ah, o que se favoceja[101] quando se está na república.

« Parti a toda velocidade. Foi então que te encontrei, na broteira de Boulogne trincando[102] com uma culote que gritava : « Oh ! os bons champignonsgnonsgnons 

« - E então ! O que você pensa disso ?

« Penso que poderíamos raspar o sal[103] e passar nossas férias em Deauville.

« - Você tem razão, pastemos para Deauville.

 

 

LES PARASITES VOYAGENT

 

Voici comment cela s'est passé :

J'avais reçu un ferreux[104] sur le rond [105], et je glissais dans le blanc [106], lorsque je sentis qu'on me serrait les tiges [107].

Je pensais : « Ça devient sec [108] ! mais j'étais trop loin pour m'exprimer [109]. Quand il y eut de l'air[110] je me trouvais avec les voletants [111] à au moins quinze pipes [112] au-dessus des crottes[113]; mais tu sais, je n'avais jamais aimé jouer avec la fumée[114]; je ne souhaitais qu'une chose : me retrouver sur les crottes. je me dis : « Ce n'est pas sourd[115], je n'ai qu'à me couler le long des poussants[116]».  Mais de le dire, était autre chose que de le faire.

Lorsque je voulus essayer, je vis que les poussants et moi ça ne faisait qu'un. Ce n'est pas drôle de se savoir tout d'un coup un employé du noir[117], étant donné surtout qu'il n'y avait pas de raison pour que cela se terminât. J'essayai encore une fois de quitter le poussant, mais c'était du vent[118]!

J'étais poussant et bien poussant. Je sentais le cogneur[119] qui s'affolait dans ma valise[120]. Je croyais que j'en étais aux dernières lignes de mon chapitre[121], je me mordais[122]; un bavard [123] se posa sur mon occ [124], roula sur mon cornu[125], de 1à sur ma valise, descendit sur mon percot[126] et me brûla une tige.

 

 

 

 

 

 

Je gueulais comme une sirène, sans me rendre compte que, depuis que ma tige était brûlée, je n'étais plus fixé au poussant. Je fis un bol[127] et tombai sur un éclai[128] qui, au lieu d'être tussé[129], s'enfonça dans ma valise. Ce n'était pas de l'amour[130] ! Lui, surtout, éclatait[131] et je ne savais pas comment faire pour qu'il parmînt[132].

J'eus un coup[133] - et il fallait que je fusse vraiment trouc[134] pour n'avoir pas pensé à cela plus tôt. Je me mis à faire des fleurs[135] et après quelques grosses tulipes[136] le rond de l'éclat apparut hors de mon piston[137]. Et il chantait, et il chantait c'était pire que la Chenal.

Je tirai sur le rond de l'éclai, et après une dizaine de râles[138] d'efforts, je réussis à me débarrasser de l'éclai. Libre, il n'eut rien de plus pressé que de jouer la sève[139]. Quant à moi, j'étais dans les bois flottantes[140] et cependant je prends le vieux[141] à témoin que je n'avais rien dans la blague[142] depuis deux sets[143]. J'avais des tiges d'air[144], sans doute parce que je n'avais rien saqué [145] depuis longtemps et, au bout de dix pipes, je fondis[146]  et ne tardai pas à me balancer[147]. Je retournai à l'air[148] en sentant les fraises[149] me tomber sur le rond.

Bon dieu, voilà la décharge[150]  !

Cette claque[151]  eut un effet magique, et le brûleur[152] réapparut.

Il pouvait être salé[153] et, comme nous étions en été, le brûleur aurait dû se trouver au-dessus de moi. Il était à ma gauche et il se rapprochait de moi à toute vitesse. Cinq ou six râles plus tard, il était entre mes jambes ! et mon radis[154] était prêt.

Ah ! Quelle douceur mon pope[155] ! C'était comme une mince[156] nouvelle et tout minçait[157] en moi. Jamais je n'avais douillé[158] cela. Et je t'assure que maintenant, c'est bien fini avec les culottes[159]. Tu ne sais pas ! tu ne sais pas !

Après cela, le brûleur disparut dans un poussant.

Je sentais que j'étais gallé[160] mince, et je minçais seul, pendant des pailles[161] et des pailles. Je partis vers le brûleur qui était retourné à sa place dans le chapeaux[162] mais, au bout de quelques râles, je sentis que je ne pourrais y arriver, je retombai sur les crottes et m'y enfonçai tout entier, mais c'était chal[163] et cela challait[164] de plus en plus.

A la fin, je revins à la surface des crottes, mais je m'aperçus que j'étais gallé cygne sur un porte-feuilles[165] et j'avais les boucles[166] au vent. Sur les crottes était un gros doré [167] en pleine misère[168]. Il me fit un signe du plat[169] et me cria :

« Hé ! Lohengrin ! Avance au ralliement ! »

« – Ta gueule, lui répondis-je, et je l’accommodai de mon mieux[170].

«  – Je suis le général Pau, entends-tu. Tu seras fusillé. Mauvais Français, traître!

« -- Ta gueule, tu fais pousser le caca.

« -- Injures à un officier...Ah! mon gaillard, c’est le conseil  de guerre et les travaux publics! Ah! mon gaillard!

“J’accourus vers lui et lui pointai[171] sur les tiges. Il glissa dans le blanc, galla cygne, et moi gros doré. C’était mon tour: je le saisis par tuyau[172]  et crac! Il était noir[173] ...

“Je changeai de lueur[174]  et crossai[175] longtemps: cinq pailles au moins. Je venais de traverser une pousserie[176] et je longeais une mouille[177]  lorsque d'un vieux poussant, noir depuis des pattes[178], sortit l'éclai dont j'avais eu tant de peine a me débarasser. Il se leva droit sur ses tiges arrières et me dit:

 “’—J’ai connu une petite japonaise qui portait des griffes au bout des seins. Cette japonnaise était une petite vicieuse. Elle avait une cage pleine d'oiseaux dans laquelle se trouvaient deux boules creuses d’égale grosseur composées d’une feuille extrêmement mince de laiton. L’une était absolument vide et dans l’autre se trouvait une boule pleine moins  grosse de quelques centimètres La petite japonnaise appelait cette dernière le mâle. Quand elle tenait dans sa main les deux boules l'une à côté de l’autre, elle éprouvait une sorte de frémissement qui durait longtemps et se renouvellait au moindre mouvement.

Ce petit frémissement, cette secousse légère mais longtemps continuée, faisait ses délices. Elle introduisait d'abord la boule vide dans son vagin et la mettait en contact avec le col de la matrice, puis elle introduisait l'autre boule. Alors, le plus léger mouvement des cuisses, du bassin, ou même la plus légère érection des parties internes de la génération déterminaient une titillation voluptueuse qui se prolongeait à volonté.

Eh bien, le croiriez-vous, je ne pouvais la voir faire cela sans me sentir un irrésistible désir de dévorer un canari.

Bonjour, Monsieur.

Et il partit me laissant une énorme boussole sur le rond.”

Qu’est-ce que cela signifie ? pensai-je. Sûrement cet éclai est tur[179] et j’allai grouter[180] lorsque du haut d un poussant un veux-tu[181] fondit de poussette[182] en poussette et vint se placer sur le nord de ma boussole. L’aiguille aimantée qui était dirigée sur le pays de chal[183] se détourna brusquement et resta caque[184] sur le nord.

Fadré[185], fis-je en moi-même, qu'est-ce qui se passe ?

Ce n'était cependant pas sourd  à piler[186] : mon rond était gallé boussole,  ou plutôt la bussole et mon rond s’étaient si bien réunis qu’ils ne faisaient plus qu'un. J’étais bien toûtu[187]. Tu vois quelle descente[188] j’aurais eu sur la boulevards avec un rond semmblable : les roubes[189] m’auraient enchiné[190], ils auraient dit que j’étais tur.

« Donc j'étais bien toûtu. C'est alors que j'eus le coup de me décaler[191]. Pour un coup c'était un coup et je m'en félicitai aussitôt J"étais à peine décalé que je me trouvais au volant d'un taxi arrêté sur La Toile[192]. Je n'y pilais plus rien et je roussais[193] autour de moi comme si j'étais tur. Les sipes[194] me roussaient et paraissaient se demander ce que je faisais là et pourquoi j"avais l"air aussi tur. Finalement j'en pris mon parti. J'embrayai et démarrai à toute allure, dans la direction de la Porte Maillot. Je n'avais pas fait cent pipes que je m'aperçus que la route était barrée.

Un troupeau de pules[195] s'avançait sortant d'une coque[196] située sur la droite de l’venue de la Grande-Armée, traversait cette avenue au grand galop rentrait dans une coque de l'autre côté, ressortait par une large[197]  du premier étage et, montant sur le dos de leurs popes[198], qui arrivaient en sens inverse, retournait dans la coque du côté droit de l'avenue, pénétrait par une large du premier étage en ressortait par une large du deuxième, de nouveau traversait l'avenue sur le dos de leurs popes, pénétrait dans la coque du  côté gauche de l’avenue et ainsi de suite, en sorte que l’avenue était complètement barrée.

J'étais ponné [199]: Comment faire pour continuer mon chemin ? Il ne fallait pas songer à passer par-dessus ce troupeau de pules, ils étaient trop nombreux et formaient une muraille infranchissable. J’eus un coup héroïque - ou de génie, comme tu voudras. Je reculai d'une centaine de pipes, je démarrai em troisième, puis poussant la pédale de l'accélérateur je donnai tous les gaz et arrivai sur l'obstacle de toute la vitesse de mes douze pules.

Je passai à travers sans accident. Quand je dis sans accident, je parle pour l’escalope[200], car je tuai deux putes et j'avais à peine franchi la muraille, qu'une détonation ensemble retentissait, faisant trembler les crottes et secouant les coques comme des châteaux de  cartes.

Je me retournai, il n’y avait plus un seul pule. A leur place, se trouvait un étang rempli de mercure, mais le plus strange, était que l’arc du triomphe avait disparu. Au-dessus de son emplacement, se trouvait le S. I.[201] tenant une casserole à la main, dans laquelle il cillait[202] en disant: Je suis le docteur Voronoff,  écoutez-moi bien ! Et il se mit à raconter cette petite histoire que je trouve stupide:

«-  Avec les têtes on peut faire de superbes fourrures imitant le lophophore.

Mais, ce sont surtout les Jardiniers qui les emploient, non seulement comme réservoirs, mais pour la culture intensive.

« On peut dans les louves trouver de quoi se fabriquer un mobilier rustique.

Le fond donne le fond, les fèves le dossier et les pieds et la messe ainsi faite, a l’air d'un meuble en bois courbé.

Avec deux fonds et trois manches on a un petit guéridon à la fois élégant et rustique; de la même manière on construit de très jolies étrangères. Des tonnelles et des kiosques se montent en utilisant les cercles que l'on recouvre de soie sur laquelle on sème des graines !.

Enfin, les vieux, coupés en deux, sont utilisés pour prendre des bains par ceux qui n'ont pas de baignoires. »

« Après ces claques, il vida sa casserrole pleine de cille[203] sur la tête d'un roube qui se trouvait au-dessous de lui et dans lequel je reconnus le général Joffre, le vainqueur de La Marne, comme on dit. (Et moi donc?) On ne peut pas dire que ce n'était pas drôle: Ah, ce qu'on fabaille[204] quand on est en république.

« Je repartis à toute vitesse. C"est alors que je te rencontrai, dans la pousserie de Boulogne craquant[205] avec une culotte qui criait : « Oh ! les bons champignonsgnonsgnons !

« - Et voilà ! Qu'est-ce que tu penses de cela ?

«  Je pense qu'on pourrait gratter le sel[206] et passer nos vacances à Deauville.

« - Tu as raison, broutons à Deauville.

 

Tradução: Eclair Antonio Almeida Filho

 

NOTAS 

[1] Ferroso : estilhaço de obus.

[2] Redondo: cabeça.

[3] Deslizar  no branco: desvanecer-se.

[4] Apertar os caules: pegar pelos membros.

[5] Isso está ficando seco : isso vai  mal.

[6] Estar bastante longe para se expressar : estar bastante atordoado para se defender.

[7] Quando apareceu o ar: quando eu voltei a mim.

[8] Os volitantes : os pássaros.

[9] Cachimbo: metro.

[10] Bostas : solo.

[11] Brincar com fumaça: encontrar-se no ar numa posição instável.

[12] Surdo : difícil.

[13] Escorrer-se ao longo dos brotantes: escorregar ao longo dos galhos ou de uma árvore.

[14] Ser um empregado do escuro: ser as folhas que fazem sombra.

[15] Vento : impossível.

[16] Batedor: coração.

[17] Valise : tórax.

[18] A última linha de meu capítulo: os últimos instantes que eu tinha para viver.

[19] Morder-se: enganar-se.

[20] Tagarela: boca.

[21] Occi : fronte.

[22] Chifrudo: nariz.

[23] Percô : ventre.

[24] Bolo : movimento.

[25] Ripâmpago : gato.

[26] Tussado : esmagado.

[27] Não era amor : não era agradável.

[28] Clarear ou relampear : estar furioso.

[29] Proveguir: ir embora  rapidamente.

[30] Golpe : idéia.

[31] Buracasco: animal.

[32] Fazer flores : excretar.

[33] Tulipas : excremento.

[34] Pistão : ânus.

[35] Estertor : minuto.

[36] Tocar seiva : fugir.

[37] Estar nas torras flutuantes: estar bêbado.

[38]. Velho: Deus

[39]. Saco: o estômago

[40]. Set : dia.

[41] Ter caules de ar: Bambear sobre as pernas.

[42]. Saquear : comer.

[43]. Derreter : cair, desmoronar-se.

[44]. Balançar-se : dormir

[45] Retornar ao ar : acordar.

[46]. Morangos: grossas gotas de chuva.

[47]. Descarga : aguaceiro.

[48]. Bofetada: palavra

[49]. Queimador : sol.

[50]. Salgado : meio-dia

[51]. Rabanete : sexo.

[52]. Pope : amigo, camarada.

[53]. Miúdo : dança

[54]. Miúdar : Dançar.

[55]. Gastar : Imaginar.

[56]. Culote : mulher.

[57]. Bugalhar : tornar-se.

[58] Palha : hora.

[59] Chapéu : céu.

[60] Cal : calor.

[61] Calar: esquentar, fazer calor.

[62] Carteira de papéis : lago coberto de nenúfares.

[63] Argolas: plumas.

[64] Enorme dourado : general.

[65] Em plena miséria : em uniforme de gala.

[66] O achatado: a mão.

[67] Acomodar: injuriar.

[68] Pontuar : dar uma bicada.

[69] Tubo: pescoço.

[70] Negro: morto.

[71] Mudar de luz : deixar um lugar.

[72] Crossar : andar.

[73] Broteira: floresta, bosque.

[74] Molha: rio.

[75] Patas: anos.

[76] tura: louco.

[77] Grutar: ir embora.

[78] Queres-tu: olho.

[79] Brotinho: galhos.

[80] O país de gato: o sul.

[81] Barrica: imóvel.

[82] Padré: exclamação exprimindo a inquietude.

[83] Surdo de empilhar: difícil de compreender.

[84] Tostó: aborrecido, inquieto.

[85] Descida: andadura.

[86] Rubos: agentes.

[87] Embarganhar: parar, deter.

[88] Descalçar: desvestir.

[89] A Toalha: A Place de L’Étoile (Praça da Estrela).

[90] Russar: olhar.

[91] Sipos: pessoas.

[92] Pullas: cavalos.

[93] Concha: casa.

[94] Larga: janela.

[95] Popes: amigo, camaradas, congêneres.

[96] Estar poneado: estar indeciso.

[97] O escalope: eu.

[98] S. D. : soldado desconhecido.

[99] Pestanejar : urinar.

[100] Pestana: urina.

[101] Favocejar: divertir-se.

[102] Trincar: fazer amor'.

[103] Raspar: o sal: pegar o trem sem bilhete.

[104] Ferreux : éclat d'obus.

[105] Rond: tête.

[106] Glisser dans le blanc: s'évanouir.

[107] Serrer les tiges : prendre par les membres.

[108] Ça devient sec : ça tourne mal.

[109] Être trop loin pour s'exprimer : être trop étourdi pour se défendre.

[110] Quand il y eut de l'air : quand je revins à moi.

[111] Les voletants : les oiseaux.

[112] Pipe : mètre.

[113] Crottes : sol.

[114] Jouer avec la fumée : se trouver en l'air dans une position instable.

[115] Sourd : difficile.

[116] Se couler le long des poussants : se glisser le long des branches, ou d'un arbre.

[117] Être un employé du noir : être les feuilles qui font de l'ombre.

[118] Vent : impossible.

[119] Cogneur : coeur.

[120] Valise : poitrine.

[121] La dernière ligne de mon chapitre : les derniers instants que j'avais à vivre.

[122] Se mordre : se tromper.

[123] Bavard : bouche.

[124] Occ : front.

[125] Cornu : nez.

[126] Percot : ventre.

[127] Bol : mouvement.

[128] Éclai : chat.

[129] Tussé : écrasé.

[130] Ce n 'était pas de l'amour : ce n'était pas agréable.

[131] Éclairer : être furieux.

[132] Parmenir : s'en aller rapidement.

[133] Coup : idée.

[134] Trouc : bête.

[135] Faire des fleurs : excréter.

[136] Tulipe : excrément

[137] Piston : anus.

[138] Râle : minute.

[139] Jouer la sève : s'enfuir.

[140]Être dans les bois flottants : être ivre.

[141]. Vieux : Dieu

[142]. La blague : l'estomac

[143]. Set : jour

[144] Avoir les tiges d'air : flageoler sur ses jambes.

[145]. Saquer : manger.

[146]. Fondre : tomber, s’éffrondre.

[147]. Se balancer : dormir

[148] Retourner à l’air : se réveiller. Fondre : tomber, s'effondrer.

[149]. Fraises : grosses gouttes de pluie

[150]. Décharge : averse

[151]. Claque : parole

[152]. Brûleur : soleil

[153]. Salé : midi

[154]. Radis : sexe

[155]. Pope : ami, camarade

[156]. Mince : danse

[157]. Danser.

[158]. Imaginer

[159]. Culotte : femme

[160]. Galler : devenir.

[161] Paille : heure

[162]. Chapeau : ciel.

[163] Chal : chaleur.

[164] Challer: chauffer.

[165] Porte-feuilles : étang couvert de nénuphars.

[166] Boucles : plumes.

[167] Gros doré : général.

[168] En pleine misère : en grande tenue.

[169] Le plat: la main.

[170] Accommoder: injurier.

[171] Pointer : donner un coup de bec.

[172] Tuyau: cou.

[173] Noir: mort.

[174] Changer de lueur : quitter un endroit.

[175] Crosser : marcher.

[176] Pousserie: forêt, bois.

[177] Mouille: rivière.

[178] Pattes: années.

[179] Tur: fou.

[180] Grouter: s’en aller.

[181] Veux-tu: oeil.

[182] Poussette: branches.

[183] Le pays de chat: le sud.

[184] Coque: immobile.

[185] Fadré: exclamation exprimant l’inquiétude.

[186] Sourd à plier: difficile à comprendre.

[187] Toûtu: ennuyé, inquiet.

[188] Descente: allure

[189] Roubes: agents.

[190] Enchiner: arrêter.

[191] Décaler: déshabiller.

[192] La Toile: La Place de L’Étoile.

[193] Rousser: regarder.

[194] Sipes: gens.

[195] Pules: chevaux.

[196] Coque: maison.

[197] Large: fenêtre.

[198] Popes: ami, camarades, congenères.

[199] Être ponné: être indécis.

[200] L’escalope: moi.

[201] S. I. : soldat inconnu.

[202] Ciller : uriner.

[203] Cille: urine.

[204] Fabailler : rigoler.

[205] Croquer: faire l'amour'.

[206] Gratter le seil: prendre le train sans billet.


 

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Benjamin Péret (Rezé, Loire-Atlantique, 1899Paris, 1959) foi um dos mais importantes poetas surrealistas francêses e militante trotskista. Alistou-se no exército francês, por pressão familiar, às vésperas da I Guerra Mundial. A experiência na frente de batalha incutiu nele profunda aversão pelo autoritarismo. Após o conflito, filiou-se ao movimento Dadá, com o qual romperia em 1922, juntamente com André Breton. Foi um dos criadores do surrealismo, ao lado de Breton e de outros autores, como  Louis Aragon, Philippe Soupault e Paul Éluard. Foi responsável pela edição dos primeiros números da revista La Révolution Surréaliste (1924). Sobrevivia como editor de jornais e redator policial no Petit Parisien. Entre 1929 e 1931, reside no Brasil, militando com Mário Pedrosa, Lívio Xavier, Aristides Lobo, na Oposição de Esquerda, grupo trotsquista dissidente do PCB. Expulso do Brasil por Getúlio Vargas, em 1931, regressa à França. Participou da Guerra Civil Espanhola ao lado dos republicanos. Depois da ocupação da França pelos nazistas, instala-se no México, onde permanece de 1942 a 1947. Retorna a Paris, para atuar com Breton na direção do Movimento Surrealista, o que fez até a sua morte. Foi sepultado no cemitério Batignolles em París. Sua influência literária pode ser notada em autores como Octavio Paz e César Moro. No Brasil, foram publicadas várias obras de Péret, entre elas Amor sublime: ensaio e poesia (1985), Morte aos Chuis e ao Campo de Honra (1977), Os Tomates Enlatados (1980) e A Ovelha Galante (1993).

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