ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

CHARLES OLSON 

 

 

THE PRAISES


She who was burned more than half her body
                                                           skipped  out of death
Observing
That there are five solid figures, the Master
(or so Aetius reports, in the Placita)
concluded that
the Sphere of the Universe arose from
the dodecahedron

whence Alexander
appearing in a dream to Antiochus
show him
And on the morrow, the enemy (the Galates)
ran before it,
before the sing,  that is

 

 

EXALTAÇÕES


Ela que teve mais da metade de seu corpo queimado
                                                                            escapou da morte
Observando
que há cinco figuras sólidas, o Mestre
(ou como relata Aetius, no Placita)
concluiu que
a Esfera do Universo ergue-se
do dodecaedro

de onde Alexandre
aparecendo em um sonho para Antiochus
mostrou-lhe
E no dia seguinte, o inimigo (os gálatas)
escapou diante disso,
antes da canção, isto é



Tradução: Adriana Zapparoli.


A FISH IS THE FLOWER OF WATER


You who followed Henry Thoreau
beware

Forbear to drive life into a corner
and think to trap her
She will slip way like any girl

Men curiously without appetite
want wild muskrat meat



UM PEIXE É A FLOR DA ÁGUA


Você que segue Henry Thoreau
cuidado

Evite largar a vida num canto
e achar de acuá-la
Ela escapará de fino como qualquer moça

Homens curiosamente fastiosos
comem carne de rato-almiscarado



"UNDER EVERY GREEN TREE..."


under every green tree, sex
is sympathetic
magic
the uncontrolled use
Of analogy
characteristic of
early thought
 

a pillar of gold
and of emerald
hold up
the sky



"SOB CADA VERDE RAMO ."


sob cada verde ramo, sexo
é satisfatória
mágica
o incontrolável uso
da analogia
inerente ao
pensar anterior

um pilar de ouro
e esmeralda
sustém
o céu

 

TANTO E AMARA


I have heard the dread song I had not heard
in the middle of life, I had not heard.
I was all eyes, all things were, now they are blind
and I am, I crawl, do not know where I go

You who have heard will understand
death is a remote beginning.
I am rudimentary.
I grow a heart.

I stumbled when I saw, knew high passage, persons
one imperial nature whose conclusion was
nothing, it is nothing.
I know now it was nothing.

The wise man said, nothing dieth
but changing as they do one for another show
sundry forms. He lieth. I cannot have back my mother.

In the grave, before the dirt goes, will go my love.
And what shall I be, which forms will plague me then
where shall I go, in what ditch pour what blood to hear
her voice, the love I hear, that voice now mingled
in the song,
the  song of Worms?



TANTO E AMARA


Ouvi a temível canção que não ouvi
à meia-idade, não ouvi.
Eu era todo olhos, tudo era, agora às cegas
e eu, rastejo, não sei para onde ir.

Você que ouviu vai entender
morte é um remoto começo.
Sou primário.
Cultivo um coração.

Vacilo quando vejo, conheci alta travessia, gente
cuja imperial natureza de conclusão era
nada, nonada.
Agora sei que era nada.

O sábio disse, nada morre
mas cambiando, como usa ser, um por outro, assumem
várias formas. Ele mentia. Não posso ter de volta minha mãe.

No túmulo, antes da sordidez, segue meu amor.
Então que devo ser, que formas, então, me infestarão
aonde ir, em que vala verter o sangue de ouvir
a voz dela, o amor que ouço, naquela voz, ora, mesclada
na canção,
na canção dos Vermes?

 

 

"AT MIDNIGHT AFTER HOURS OF LOVE."


At midnight after hours of love, I ate
and drank wine, sitting on the edge of the bed.
The whole time, I thought of Ovid
at Tomi. It could have been because I was wrapped
in a blanket.

 

"À MEIA-NOITE, APÓS HORAS DE AMOR..."


À meia-noite, após horas de amor, comi
bebi vinho, sentado à beira da cama.
O tempo todo pensei em Ovídio
em Tomi. Talvez porque eu estivesse envolto
num cobertor.



WELL


I can see in the night
No matter how close you are

But in the day, in the light
I see too many things to see this one

Well

 

BEM


Posso enxergar de noite
não importa o quanto estás rente

Mas de dia, à luz
vejo coisas demais para enxergar esta

bem



Traduções: Ruy Vasconcelos.

 

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Charles Olson (1910-1970), poeta norte-americano, realizou pesquisas com a poesia oral, sob influência da linguagem do cinema e das vanguardas do início do século XX, em especial Ezra Pound e William Carlos Williams, o que desaguou na teoria do Projective verse (1959). Publicou Mayan Letters (1953), The Maximus Poems (1953-68), A Bibliography on America for Ed Dorn (1964) e Letters for Origin (1969). As novas técnicas desenvolvidas por Olson estão presentes em boa parte da poesia norte-americana mais recente.

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