ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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 CHRISTELLE ENGUIX



 

 

Desig

Cercles d’aigua

O Cebreiro

Ascis

Autopista

Emergència en carretera

 

 

Desejo

Círculos de água

O Cebreiro

Ascis

Autoestrada

Emergência na estrada

 

 

 

DESIG

 

Com baladre que floreix

entre les pedres del barranc

i s’escampa.

Res no canvia que el cel

li negue el do de l’aigua

ni que el foc

ferisca la carn de les fulles.

S’endinsen fins al cor

de la terra, irreductibles,

les arrels.

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

DESEJO

 

Como oleandro que floresce

entre as pedras do barranco

e se espalha.

Tanto faz que o céu

negue a ele o dom da água

nem que o fogo

fira a carne das folhas.

Penetram até o coração

da terra, irredutíveis,

as raízes

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

 

CERCLES D’AIGUA

 

Cel de març.

El gris dels núvols s’esllavissa

sobre els nus bancals

de l’ànima. Reconeixes el tacte

que tenen els dits de l’aigua:

de nou tracen dins del pou

profund de la memòria

els mateixos cercles.

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

Círculos de água

 

Céu de março.

O cinza das nuvens desmorona

sobre os canteiros nus

da alma. Reconheces o toque

que têm os dedos da água:

de novo traçam no poço

profundo da memória

os mesmos círculos.

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

 

O CEBREIRO

 

Vells ponts, arcs coberts de molsa

que espera. Caminar,

resseguir la remor de l’aigua que s’esmuny

sota el sol cremant del migdia

i beure.

 

Murmuren sovint dins l’oïda

les petjades de setembre besant

un empedrat de fulles caigudes.

Els dolços turons de l’aire

onejant, lluny.

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

O CEBREIRO

 

Pontes velhas, arcos cobertos de musgo

que espera. Caminhar,

percorrer o rumor da água deslizando

sob o sol ardente do meio-dia

e beber.

 

Sussurram com frequência nos ouvidos

as pegadas de setembro beijando

uma calçada de folhas caídas

As doces colinas do ar

ondulando, distantes

 

 

De L’arbre roig (2007)

 

 

 

ASCIS

 

Galatea transformà en un riu

d’aigua fresca la sang calenta de la mort.

 

Al capdavall, en això consisteix la vida:

Fluir. Retornar al fons del l’úter marí.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

ASCIS

 

Galateia transformou em um rio

de água fresca o sangue quente da morte.

 

Ao fim e ao cabo, nisto consiste a vida:

Fluir. Retornar ao fundo do útero marinho.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

 

AUTOPISTA

 

A través de la finestreta mire com defugen

la llum els darrers reflexos. Faig

recompte dels campanars: siluetes

callades que temps enrere marcaven el batec

solemne del món.

No sé per què encara busque senyals

en l’aire fosforescent, veloç,

del vespre. Tampoc no sé com he de fer

per trobar-te:

 

No sé on sóc.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

AUTOESTRADA

 

Através da janela olho como fogem da

luz os últimos reflexos. Reconto

os campanários: silhuetas

silenciosas que há tempos atrás marcavam a pulsação

solene do mundo.

Não sei por que busco ainda alguns sinais

no ar fosforescente, veloz,

da tarde. Tampouco sei como fazer

para te encontrar

 

Não sei onde estou.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

EMERGÈNCIA EN CARRETERA

 

Un automòbil amb múltiples prestacions:

l’amor.

I el mal costum, tanmateix,

d’apurar-ne fins al límit la benzina.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

EMERGÊNCIA NA ESTRADA

 

Um carro com vários recursos:

o amor.

E o mau hábito, no entanto,

de aproveitar até o limite da gasolina.

 

De El cor del minotaure (2009)

 

 

 

Tradução: Fabiana Farias

 

 

 



 

*

Christelle Enguix, Paris, França, 1971. Filha de valencianos, voltou com a família para a comarca de Safor (País Valenciano) no início dos anos oitenta. Em 2007, publica seu primeiro livro L’arbre roig, prêmio de poesia Ciutat de Benicarló de 2006. Em 2009 aparece El cor del minotaure, XXVIII, prêmio Senyoriu d’Ausiàs March de Beniarjó. Participou da antologia For sale, 50 veus de la terra, 2010, que deu lugar ao espetáculo poético musical homônimo. Trabalha na área de programação literária da Câmara municipal de Gandia (IMAB). É uma das fundadoras do grupo de escritores Saforíssims que organiza recitais e encontros literários.

*

 

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