AUTORRECONOCIMIENTO
Yo
no soy la que se pierde
tan
pronto como se la encuentra
El
amor en mí no se toca
se
escribe
Yo
no soy la piadosa con los hombres de poca fe
no
intercambio los calzones con nadie
En
cambio asumo la desvergüenza
de
una desnudez colectiva
en
una casa de playa
o
en una playa a secas
Yo
no escribo para nadie
aunque
intente escapar
y
evite sacarte al baile
tus
malabares y piruetas
siempre
exigen un aplauso cerrado
es
decir, una palabra
Yo
no me complico la vida
omitiendo
adverbios y conjunciones
Patino
por la hoja y tapo los surcos amargos
con
la sangre de mis amigos
Yo
no hago el amor
lo
desarmo
por
el puro gusto de volverlo a armar
una
y otra vez
hasta
tener sexo
para
olvidarme del amor
y
de todos ustedes
AUTO-RECONHECIMENTO
Eu
não sou a que se perde
tão
logo como se encontra
O
amor em mim não se toca
se
escreve
Eu
não sou a piedosa com os homens de pouca fé
não
troco de calcinhas com ninguém
Em
compensação, assumo a sem-vergonhice
de
uma nudez coletiva
em
uma casa de praia
ou
numa praia deserta
Eu
não escrevo para ninguém
embora
tente escapar
e
evite vir à baila
teus
malabarismos e piruetas
sempre
exigem um aplauso contínuo
quer
dizer, uma palavra
Eu
não complico minha vida
omitindo
advérbios e conjunções
Resvalo
e tapo os sulcos amargos
com
o sangue de meus amigos
Eu
não faço amor
o
desarmo
pelo
puro gosto de voltar a armar
uma
e outra vez
até
ter sexo
para
esquecer-me do amor
e
de todos vocês
LA
PIEDRA
para
Alejandra Pizarnik
Yo
sé por qué te duele
atraer
con furia la piedra hasta los dientes
y
arrojarla después como si nada
a
la danza magnética donde acaba el milagro
Con
el tiempo te has vuelto ciega
encandiláronte
los verbos
la
incandescencia de los versos dolorosos
Te
paralizaron las alimañas palabreras
el
susurro esquizofrénico de la naturaleza del hombre
Yo
sé que tu lamento no cesará jamás
porque
tu hambre es mi hambre
y
el pan que buscaste, ese pan se hizo carne
se
hizo fuego imposible de llevarse a la boca
A
PEDRA
para
Alejandra Pizarnik
Eu
sei porque te dói
atrair
com fúria a pedra até os dentes
e
atirá-la depois como se não fosse nada
à
dança magnética onde acaba o milagre
Com
o tempo retornaste cega
ofuscando-te
os verbos
a
incandescência dos versos dolorosos
Paralizaram-te
as alimárias palavrosas
o
sussurro esquizofrênico da natureza do homem
Eu
sei que teu lamento não cessará jamais
porque
tua fome é minha fome
e
o pão que buscaste, esse pão fez-se carne
fez-se
fogo impossível de levar-se à boca
Traduções:
Claudio Daniel