ZUNÁI - Revista de poesia & debates

[ retornar - outros textos - home ]

 

 

DAMSI FIGUEROA

 

AUTORRECONOCIMIENTO

Yo no soy la que se pierde
tan pronto como se la encuentra
El amor en mí no se toca
se escribe
Yo no soy la piadosa con los hombres de poca fe
no intercambio los calzones con nadie
En cambio asumo la desvergüenza
de una desnudez colectiva
en una casa de playa
o en una playa a secas
Yo no escribo para nadie
aunque intente escapar
y evite sacarte al baile
tus malabares y piruetas
siempre exigen un aplauso cerrado
es decir, una palabra
Yo no me complico la vida
omitiendo adverbios y conjunciones
Patino por la hoja y tapo los surcos amargos
con la sangre de mis amigos
Yo no hago el amor
lo desarmo
por el puro gusto de volverlo a armar
una y otra vez
hasta tener sexo
para olvidarme del amor
y de todos ustedes 

 

AUTO-RECONHECIMENTO

Eu não sou a que se perde
tão logo como se encontra
O amor em mim não se toca
se escreve
Eu não sou a piedosa com os homens de pouca fé
não troco de calcinhas com ninguém
Em compensação, assumo a sem-vergonhice
de uma nudez coletiva
em uma casa de praia
ou numa praia deserta
Eu não escrevo para ninguém
embora tente escapar
e evite vir à baila
teus malabarismos e piruetas
sempre exigem um aplauso contínuo
quer dizer, uma palavra
Eu não complico minha vida
omitindo advérbios e conjunções
Resvalo e tapo os sulcos amargos
com o sangue de meus amigos
Eu não faço amor
o desarmo
pelo puro gosto de voltar a armar
uma e outra vez
até ter sexo
para esquecer-me do amor
e de todos vocês

 

LA PIEDRA

para Alejandra Pizarnik

Yo sé por qué te duele
atraer con furia la piedra hasta los dientes
y arrojarla después como si nada
a la danza magnética donde acaba el milagro
Con el tiempo te has vuelto ciega
encandiláronte los verbos
la incandescencia de los versos dolorosos
Te paralizaron las alimañas palabreras
el susurro esquizofrénico de la naturaleza del hombre
Yo sé que tu lamento no cesará jamás
porque tu hambre es mi hambre
y el pan que buscaste, ese pan se hizo carne
se hizo fuego imposible de llevarse a la boca 

 

A PEDRA

para Alejandra Pizarnik 

Eu sei porque te dói
atrair com fúria a pedra até os dentes
e atirá-la depois como se não fosse nada
à dança magnética onde acaba o milagre
Com o tempo retornaste cega
ofuscando-te os verbos
a incandescência dos versos dolorosos
Paralizaram-te as alimárias palavrosas
o sussurro esquizofrênico da natureza do homem
Eu sei que teu lamento não cessará jamais
porque tua fome é minha fome
e o pão que buscaste, esse pão fez-se carne
fez-se fogo impossível de levar-se à boca

 

Traduções: Claudio Daniel 

*

Damsi Figueroa (Talcahuano, 1976). Em 1994 publicou seu primeiro livro, Judith y Eleofonte, e em 2003, Cartografía del éter. Seus poemas tem sido publicados em várias antologias, entre as quais Poetas Chilenos para el Siglo XXI (1996), Ecos del Silencio (1998) e Informe para Extranjeros  (2001).

*

 

retornar <<<

[REVISTA ZUNÁI- ANO III - Edição XII - MAIO 2007 ]