ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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EDWIN MORGAN



THE LOCH NESS MONSTER'S SONG


Sssnnnwhuffffll?
Hnwhuffl hhnnwfl hnfl hfl?
Gdroblboblhobngbl gbl gl g g g g glbgl.
Drublhaflablhaflubhafgabhaflhafl fl fl -
gm grawwwww grf grawf awfgm graw gm.
Hovoplodok-doplodovok-plovodokot-doplodokosh?
Splgraw fok fok splgrafhatchgabrlgabrl fok splfok!
Zgra kra gka fok!
Grof grawff ghaf?
Gombl mbl bl -
blm plm,
blm plm,
blm plm,
blp.

 

A CANÇÃO DO MONSTRO DO LAGO NESS


Sssnnnwhuffffll?
Hnwhuffl hhnnwfl hnfl hfl?
Gdroblboblhobngbl gbl gl g g g g glbgl.
Drublhaflablhaflubhafgabhaflhafl fl fl -
gm grawwwww grf grawf awfgm graw gm.
Hovoplodok-doplodovok-plovodokot-doplodokosh?
Splgraw fok fok splgrafhatchgabrlgabrl fok splfok!
Zgra kra gka fok!
Grof grawff ghaf?
Gombl mbl bl -
blm plm,
blm plm,
blm plm,
blp.

 

 


ESTRANGED

far far away
beyond the mist of Jupiter
was the longest look
we took of love

it seemed you were there
and I was on earth
I could not hear you
crying in pain

till like a ghost
you came beneath the low sun
again home
to my door

and laid a hand
of the ice where you had been
on my wrist as you pretended
to come in

but what came in
was a breath of demons
that froze love
swept the house bare

we sit like chairs
in unforgiving air
whatever is said or not said
of how or where

 

 

AFASTADO

longe muito longe
além da névoa de Júpiter
foi o olhar mais demorado
que tivemos do amor

parecia que você estava lá
e eu na terra
não conseguia ouvi-lo
chorando de dor

então como um fantasma
você veio sob o sol poente
em casa outra vez
na minha porta

e estendeu a mão
do gelo onde esteve
no meu pulso enquanto fingia
entrar

mas o que entrou
foi um sopro de demônios
que gelou o amor
e esvaziou a casa

sentamos como cadeiras
em um ar que não perdoa
o que será dito ou não dito
de como ou onde

 

 

STRAWBERRIES

There were never strawberries
like the ones we had
that sultry afternoon
sitting on the step
of the open french window
facing each other
your knees held in mine
the blue plates in our laps
the strawberries glistening
in the hot sunlight
we dipped them in sugar
looking at each other
not hurrying the feast
for one to come
the empty plates
laid on the stone together
with the two forks crossed
and I bent towards you
sweet in that air
in my arms
abandoned like a child
from your eager mouth
the taste of strawberries
in my memory
lean back again
let me love you

let the sun beat
on our forgetfulness
one hour of all
the heat intense
and summer lightning
on the Kilpatrick hills

let the storm wash the plates

 

 

MORANGOS

Nunca houve morangos
Como os que tivemos
Naquela tarde tórrida
Sentados nos degraus
Da porta-janela aberta
de frente um para o outro
seus joelhos encostados nos meus
os pratos azuis em nossos colos
os morangos brilhando
na luz quente do sol
nós os mergulhamos em acúçar
olhando um para o outro
sem apressar a festa
para outra por vir
os pratos vazios
deitados sobre a pedra juntos
com os dois garfos cruzados
e me aproximei de você
dócil naquele ar
nos meus braços
abandonado como uma criança
da sua boca ávida
o gosto de morangos
na minha memória
inclina-se de volta
deixe-me amá-lo

deixe o sol bater
sobre o nosso esquecimento
uma hora de tudo
o calor intenso
e o relampâgo de verão
nas colinas de Kilpatrick

deixe a tempestade lavar os pratos

 

 

FROM THE NORTH

How many hundred miles is it into your heart
I know, I know.
The mountains fade into your face.
When I sail by the grey stacks
My double guards you, though you are not faithful.
This Saturday on what corner
Will you meet your next friend? Give him
A little only, while my foot slips here.
Theses things can kill, like those rocks.
The hard wind blows my thoughts
back from the boat-rail and out of meaning
What is left until I see you?
This anorak, these knuckles, that kyle.


DO NORTE

A quantas centenas de milhas está seu coração
Eu sei, eu sei.
As montanhas evanescem na sua face.
Enquanto eu velejo pelos penhascos cinzentos
Meu sósia vigia você, embora você não seja confiável.
Este sábado em que esquina
Você encontrará seu próximo amigo? Dê a ele
Um pouco apenas, enquanto meu pé escorrega aqui.
Estas coisas podem matar, como aquelas pedras.
O vento duro sopra meus pensamentos
De volta à amurada do barco e fora de sentido.
O que resta até eu vê-lo?
Este anorak, estes nós dos dedos, aquele estreito.


OBAN GIRL

A girl in the window eating a melon
eating a melon and painting a picture
painting a picture and humming Hey Jude
humming Hey Jude as the light was fading

In the autumn she'll be married


GAROTA DE OBAN

Uma garota na janela comendo um melão
comendo um melão e pintando um quadro
pintando um quadro e cantarolando Hey Jude
cantarolando Hey Jude enquanto a luz evanesce

No outono estará casada

 

*


Traduções: Virna Teixeira

*


Edwin George Morgan, poeta escocês, nasceu em 1920. Foi professor na Universidade de Glasgow até 1980, quando aposentou-se. O poeta sempre se interessou por diversas áreas (o que se reflete na sua escritura), como tecnologia, arte, cinema e idiomas estrangeiros. Traduziu poemas do russo, húngaro, francês, italiano, latim, espanhol, português, alemão e tcheco, entre outras línguas, tendo traduzido, inclusive, trechos de Galáxias e outros poemas de Haroldo de Campos. Escreveu ainda ensaios literários e peças de teatro. Sua poesia apresenta impressionante variedade de estilos e formas, do soneto à poesia concreta, do erudito ao popular. Edwin Morgan foi eleito o primeiro poeta laureado de Glasgow em 1999 e recebeu a Queen's Gold Medal for Poetry em 2000.

*

 

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