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 FEDERICO GARCÍA LORCA



FEDERICO GARCÍA LORCA

 

 

VALS EN LAS RAMAS

 

Homenaje a Vicente Aleixandre por su poema El vals

 

Cayó una hoja
y dos
y tres.
Por la luna nadaba un pez.
El agua duerme una hora
y el mar blanco duerme cien.
La dama
estaba muerta en la rama.
La monja
cantaba dentro de la toronja.
La niña
iba por el pino a la piña.
Y el pino
buscaba la plumilla del trino.
Pero el ruiseñor
lloraba sus heridas alrededor.
Y yo también
porque cayó una hoja
y dos
y tres.
Y una cabeza de cristal
y un violín de papel
y la nieve podría con el mundo
si la nieve durmiera un mes,
y las ramas luchaban con el mundo
una a una,
dos a dos,
y tres a tres.
¡Oh duro marfil de carnes invisibles!
¡Oh golfo sin hormigas del amanecer!
Con el muuu de las ramas,
con el ay de las damas,
con el croo de las ranas,
y el gloo amarillo de la miel.
Llegará un torso de sombra
coronado de laurel.
Será el cielo para el viento
duro como una pared
y las ramas desgajadas
se irán bailando con él.
Una a una
alrededor de la luna,
dos a dos
alrededor del sol,
y tres a tres
para que los marfiles se duerman bien.

 

 

 

VALSA NOS RAMOS

 

Homenagem a Vicente Aleixandre por seu poema O vale

 

Caiu uma folha
e duas
e três.
Um peixe nadava pela lua.
A água dorme uma hora
e o mar branco dorme cem.
A dama
estava morta no ramo.
A monja
cantava dentro da toronja.
A menina
ia do pinho à pinha.
E o pinho
buscava a pequena pluma do trinado.
Porém, o rouxinol
chorava suas feridas ao redor.
E eu também
porque caiu uma folha
e duas
e três.
E uma cabeça de cristal
e um violino de papel
e a neve apodrecia com o mundo
se a neve dormisse um mês,
e os ramos lutavam com o mundo
um a um

dos a dois

e três a três.

Oh duro marfim de carnes invisíveis!
Oh golfo sem formigas do amanhecer!
Com o muuu dos ramos,
com o ai das damas,
com o croo das rãs,
e o gloo amarelo do mel.
Chegará um torso de sombra
coroado de laurel.
Será o céu para o vento
duro como uma parede
e os ramos desgalhados
irão dançando com ele.
Um a um
ao redor da lua,
dois a dois
ao redor do sol,
e três a três
para que os marfins durmam bem.

 

Tradução: Claudio Daniel



 

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Federico García Lorca (1898-1936), poeta espanhol, membro da chamada Geração de 27, autor de de livros como o Romancero gitano (1928), Poeta em Nueva York (1940) e Llanto por Ignacio Sánchez Mejía (1935). Morreu fuzilado, em 1936, durante a Guerra Civil Espanhola. É um dos autores fundamentais da poesia do século XX e exerceu influência em diversos autores de língua espanhola, como Pablo Neruda.

 

Leia outra tradução de García Lorca.

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