GEORG
TRAKL
IN VENEDIG
Stille in nächtigem
Zimmer
Silbern flackert der Leuchter
Vor dem singenden Odem
Des Einsamen;
Zaubrisches Rosengewölk.
Schwärzlicher
Fliegenschwarm
Verdunkelt den steinernen Raum
Und es starrt von der Qual
Des goldenen Tags das Haupt
Des Heimatlosen.
Reglos nachtet das
Meer.
Stern und schwärzliche Fahrt
Entschwand am Kanal.
Kind, dein kränkliches Lächeln
Folgte mir leise im Schlaf.
EM VENEZA
Silente no quarto noturno
Tremula em prata o candelabro
Ante o sopro canoro
Do solitário;
Rosa enfeitiçante nuvem.
Negra névoa de
moscas
Escurece o espaço pétreo
E enrija-se da tortura
Do dourado dia a fronte
Do expatriado.
Inerte anoitece o mar.
Estrela e negra viagem
Esvaneceram no canal.
Criança, teu sorriso doentio
Seguiu-me suave ao sono.
*
Tradução: André Vallias
*
George Trakl, poeta austríaco, nasceu em Salzburgo,
em 1887. É um dos mais importantes nomes da poesia
de língua alemã do século XX. Sua juventude
foi marcada pela leitura dos poetas malditos franceses, como
Rimbaud e Baudelaire. Consumidor regular de entorpecentes,
nutriu paixão incestuosa pela irmã. Após
diplomar-se em Farmácia, serviu no front em Grodek,
durante a I Guerra Mundial, fato que o marcou profundamente,
levando-o ao suicídio, por overdose de cocaína,
em 1914. Deixou dois volumes de versos, Poemas e Sebastião
em Sonho.
*
André
Vallias é poeta, designer gráfico e produtor
de mídia interativa. Nasceu em São Paulo em
1963. Residiu na Alemanha de 1987 a 1994. Vive atualmente
no Rio de Janeiro, onde dirige a produtora Refazenda.
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