ZUNÁI - Revista de poesia & debates

[ retornar - outros textos - home ]

 

 

GIUSEPPE UNGARETTI

 


Vanità

D'improvviso
è alto
sulle macerie
il limpido
stupore
dell'immensità

E l'uomo
curvato
sull'acqua
sorpresa
dal sole
si rinviene
um'ombra

Cullata e
piano
franta

 


Fatuidade

De repente
encima-se
aos escombros
o límpido
estupor
da imensidade

E o homem
curvado
sobre a água
assomada
de sol
descobre-se
uma sombra


Fortuita e
um tanto
infracta

 

 


Sono uma creatura

Come questa pietra
del S. Michele
così fredda
così dura
così prosciugata
così refrattaria
così totalmente
disanimata

Come questa pietra
è il mio pianto
che non si vede

La morte
si sconta
vivendo

 


Sou uma criatura

Como esta pedra
de São Miguel
tão dura
tão fria
tão ressecada
tão refratária
tão totalmente
desanimada

Como esta pedra
fica o meu pranto
que não se vê

A morte
deduz-se
vivendo

*


Traduções: Gilfredo Pinheiro

 

*

Giuseppe Ungaretti, poeta italiano, nascido no Egito (1888 - 1970). Influenciado inicialmente pelo simbolismo francês, sobretudo por Baudelaire e Mallarmé, incorporou a seguir procedimentos da vanguarda futurista, tornando-se um dos principais nomes da poesia moderna. Publicou, entre outros títulos, A Alegria (1931), Sentimento do Tempo (1933) e A Dor (1947). No Brasil, foi traduzido por Haroldo de Campos e Aurora Bernardini.

*

 

retornar <<<

[ ZUNÁI- 2003 - 2005 ]