Vanità
D'improvviso
è alto
sulle macerie
il limpido
stupore
dell'immensità
E l'uomo
curvato
sull'acqua
sorpresa
dal sole
si rinviene
um'ombra
Cullata e
piano
franta
Fatuidade
De repente
encima-se
aos escombros
o límpido
estupor
da imensidade
E o homem
curvado
sobre a água
assomada
de sol
descobre-se
uma sombra
Fortuita e
um tanto
infracta
Sono uma creatura
Come questa pietra
del S. Michele
così fredda
così dura
così prosciugata
così refrattaria
così totalmente
disanimata
Come questa pietra
è il mio pianto
che non si vede
La morte
si sconta
vivendo
Sou uma criatura
Como esta pedra
de São Miguel
tão dura
tão fria
tão ressecada
tão refratária
tão totalmente
desanimada
Como esta pedra
fica o meu pranto
que não se vê
A morte
deduz-se
vivendo
*
Traduções:
Gilfredo Pinheiro
*
Giuseppe Ungaretti,
poeta italiano, nascido no Egito (1888 - 1970). Influenciado
inicialmente pelo simbolismo francês, sobretudo por
Baudelaire e Mallarmé, incorporou a seguir procedimentos
da vanguarda futurista, tornando-se um dos principais nomes
da poesia moderna. Publicou, entre outros títulos,
A Alegria (1931), Sentimento do Tempo (1933)
e A Dor (1947). No Brasil, foi traduzido por Haroldo
de Campos e Aurora Bernardini.
|