JOAN ROÍS DE CORELLA
Del
mal que pas no puc guarir
si
no em mirau
ab
los ulls tals que puga dir
que
ja no us plau
que
jo per vós haja a morir.
Si
muir per vós, llavòs creureu
l'amor que us port,
e
no es pot fer que no ploreu
la trista mort
d'aquell
que ara no voleu;
que
el mal que pas no em pot jaquir
si no girau
los
vostres ulls, que em vullen dir
que
já no us plau
que
jo per vós haja a morir.
Do
mal que estou não vou sair
se não me olhar
com
olhos tais que eu possa ouvir
que não quer mais
que
eu por você venha a partir.
E
se partisse então veria
o amor tão forte
que
eu lhe guardava, e choraria
a triste morte
daquele
a quem já não queria;
que
o mal que estou não vou conter
sem seu olhar
pousado
em mim, a me dizer
que não quer mais
que
eu por você venha a morrer.
*
Tradução:
Fábio Aristimunho
*
Joan Roís de Corella
(Valência, 1435-1497). Poeta-sacerdote do chamado Século
de Ouro da literatura catalã, cultivou uma temática lírica,
religiosa e mitológica tanto em verso quanto em prosa. Sua
obra, assim como sua vida, foi condicionada pelas transformações
socioculturais ocorridas na passagem da Idade Média para o
Renascimento. Apesar da condição de sacerdote, manteve uma
vida amorosa agitada, chegando a ter dois filhos, o que leva
a supor que tenha optado pela carreira eclesiástica como forma
de ascensão social sem ter que recorrer à vida política ou
militar.
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