ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

JORGE MANRIQUE

 


I

Quien tanto veros dessea,
señora, sin conosceros,
¿qué hará, despues que os vea,
quando no pudiere veros?

II

Gran temor tiene mi vida
de mirar vuestra presencia,
pues amor en vuestra ausencia
me hirió de tal herida;
aunque peligrosa sea,
delibro de conosceros,
y si muero porque os vea,
la victoria será veros.

 

I

Quem tanto ver te deseja,
senhora, sem conhecer-te,
que fará depois que te veja
quando não puder rever-te?


II

Grande temor tenho na vida:
admirar vossa presença,
pois amor em vossa ausência
feriu-me de tal ferida;
ainda que perigo ensejo,
desejo bem conhecer-te,
e se morro porque te vejo,
a vitória seja ver-te.


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I

No sé por qué me fatigo,
pues con razón me vencí,
no siendo nadie comigo
y vos y yo contra mí.

II

Vos por m'auer desamado,
yo por aueros querido,
con vuestra fuerça y mi grado,
auemos a mí vencido;
pues yo fuy mi enemigo
en dar-me como me di,
¿quién osará ser amigo
del enemigo de si?

 

I

Não sei porque me fadigo,
pois com razão me venci,
não sendo ninguém comigo
e eu e vós contra mim.

II

Vós por me haver desamado,
eu por te haver querido,
com vossa força e meu grado
havemos a mim vencido;
pois se fui meu inimigo
ao dar-me tanto a ti,
quem ousará ser amigo
do inimigo de si?


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Traduções: Elson Fróes

*

Jorge Manrique, poeta espanhol, nasceu em Paredes de Nava, em 1440, e faleceu próximo ao castelo de Garci-Muñoz, em 1479. É considerado o maior autor lírico da Espanha no período de transição entre a Idade Média e a era moderna. Sua poesia valorizou a expressão do sentimento, a afirmação individual, explorando recursos de ritmo e melodia. De suas composições, destaca-se a elegia Coplas por la Muerte de Su Padre Maese Don Rodrigo.

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