JOSÉ CORDOVA
LENTO
(como la canción de Julieta Venegas)
Lo mejor sería mandarme mudar de traje
sacar mi asfalto y colgarlo al sol
o remangar mis intestinos
sobre mi asadura
A lo mejor sería sacarle la lengua a mi corbata
y cortarle los talones a mi carro
Mejor sería mejor
colgar mi sonrisa en tus orejas
o en el cielo raso donde duermes
y sacar de par en par mi dentadura, y de lado a-lado
o mejor sería planchar la luz esta mañana
para que despiertes aquí…
Pero mejor sería —digo—
atravesar tus ojos sobre la montura de mi lengua
y vaciar mis fuentes en cemento
o mejor cambiar de terno e ir como animal desnudo hasta
tu vientre
mejor pegarle una palabra a mis uñas
robarle los sentidos a mi tacto
para soñar
que tu y yo volamos por mi pecho
pero mejor —repito—
pero mejor sería bueno
acostarme y rascar la giba de mis viejos calzoncillos
y mejor sería mejor
sería como nunca haberte construido así
como nunca haberte sabido así Laudi
casi como nuca haberte abierto mi mirada
o como nunca haberte descendido a mis vocales
nunca haberte construido con palabras
LENTO
(como a canção de Julieta Venegas)
O melhor seria me mandar trocar de roupa
tirar meu asfalto e pendurá-lo ao sol
ou arregaçar meus intestinos
sobre minhas entranhas
Talvez seria arrancar a língua da minha gravata
e cortar os calcanhares do meu carro
Melhor seria melhor
pendurar meu sorriso nas tuas orelhas
ou no teto onde dormes
e tirar de par em par minha dentadura, e de lado a-lado
ou melhor seria desvincar a luz esta manhã
para que acordes aqui...
Mas melhor seria – digo –
atravessar teus olhos sobre a montaria de minha língua
e desaguar minhas fontes em cimento
ou melhor mudar de terno e ir como animal nu até
teu ventre
melhor colar uma palavra em minhas unhas
roubar os sentidos do meu tato
para sonhar
que tu e eu voamos por meu peito
mas melhor – repito –
mas melhor seria bom
deitar-me e coçar a corcunda de minha velha cueca
e melhor seria melhor
seria como nunca te haver construído assim
como nunca te haver sabido assim Laudi
quase como nunca te haver aberto meu olhar
ou como nunca te haver rebaixado a minhas vogais
nunca te haver construído com palabras
Tradução: Diana de Hollanda
*
José Cordova (Porcón – La Libertad, 1979). Cursou Arquitetura e Sociologia na Universidad Nacional de San Agustín de Arequipa. Em 2002 publicou seus primeiros poemas de iniciante sob o título “Pre-textos”, e em 2007 a plaqueta Perfil del desencuentro. Foi reconhecido como um importante promotor cultural no sul do Peru e ao final de 2009 foi convocado para a elaboração da Antología consultada de la poesía peruana dedicada a los autores aparecidos en el periodo de 1968-2008. Atualmente dirige os sites Panóptico Literario (http://panopticoliterario.blogspot.com) e La torre de las paradojas (http://latorredelasparadojas.blogspot.com), e é Diretor Geral do selo editorial Cascahuesos Editores. |