ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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KO HUN

 

FLECHA

Vamos todos de corpo inteiro
Tornados flechas
Vamos de corpo inteiro
Perfurando o espaço
Vamos e não voltemos mais
Vamos nos fincar, apodrecer junto com a ferida e não voltemos mais

Vamos todos parar a respiração e deixar o arco
Vamos abandonar tudo como se fossem trapos
O que possuímos por dezenas de anos
O que gozamos por dezenas de anos
O que construímos por dezenas anos
Seja felicidade
Ou sei lá o quê
E vamos de corpo inteiro tornados flechas

O espaço grita
Vamos de corpo inteiro
Perfurando o espaço
O alvo vem correndo de encontro na escuridão desse pleno dia
Quando finalmente o alvo cair jorrando sangue
Que seja uma vez
Vamos todos sangrar tornados flechas

Não voltemos mais!
Não voltemos mais!

Ó flecha soldado da justiça nobres almas!

 

 

NORTE A SUL

O monge-abade do Templo Bohyon
lá do Monte Myohyang ao norte telefonou
E o monge-abade do Templo Dae-Hung
Lá em Haeham ao sul atendeu
Como vão as coisas? É, aqui o Buda sentou de costas
Pois aqui também o Buda sentou de costas

E não foi só ali
Norte a sul, todos os Budas haviam sentado de costas

Pois sabem das coisas, essezinhos.

*

Traduções:Yun Jung Im

*

Ko Hun é considerado um dos maiores poetas vivos da Coréia do Sul.

*

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[ ZUNÁI- 2003 - 2005 ]