ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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LEÓN FÉLIX BATISTA

 


Otra Placa Polaroid

No intervine en su retrato, copiado impunemente: hay tanto a revocar. Eminencias sorpresivas de lunares (no pulidos) más viseras orbitales que desbandan. La boca escala el rojo para transmitir calor, y el pelo es un desorden de elevados torbellinos. De qué telares glaucos provendrán estos misterios y bordes discordantes de la blusa gris moaré. La simple vista acepta corrientes de lo claro en el golfo del escote y el busto irrelevante (que tiende a mí una rampa) en su concepto exótico. Pulsión sin referencia que articula lo aleatorio, como detrás de un vidrio que la personifique.


Outra Placa Polaróide

Não intervi em seu retrato, copiado impunemente: há tanto a revogar. Eminências surpreendentes de manchas (não delicadas) mais viseiras orbitais que debandam. A boca escala o vermelho para transmitir calor, e o cabelo é uma desordem de elevados torvelinhos. De que teares glaucos provêm estes mistérios e margens discordantes da blusa gris chamalote. A simples vista aceita correntes do clarão no golfo do decote e o busto irrelevante (que estende uma rampa para mim) em seu conceito exótico. Pulsão sem referência que articula o aleatório, como detrás de um vidro que a personifique.

Tradução: Fabiano Calixto

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Almizcle

Con toda la avidez de su carne de tubérculo el
plasma da un aroma cerrándose y anclando. Espesos miasmas, conchas, que estimulan mares acres con vestigios en las venas de su gran conflagración. Su crónica se impone al encarnar constantemente, rompiendo en un tumulto exacerbado: por las lubricidades de excelencias voluptuosas en las que están patentes tempestades de deseo. Cuanto más inerte sea más codicia de excavarlo. Para su propaganda y tratamiento en los sentidos.


Almíscar

Com toda a avidez de sua carne de tubérculo, o plasma dá um aroma fechando-se e ancorando. Espessos miasmas, conchas, que estimulam mares acres com vestígios nas veias de sua grande conflagração. Sua crônica se impõe ao encarnar constantemente, rompendo em um tumulto exacerbado: pelas lubricidades de excelências voluptuosas nas quais estão patentes tempestades de desejo. Quanto mais inerte seja mais cobiça escavá-lo. Para sua propaganda e tratamento nos sentidos.

Tradução: Claudio Daniel

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Bella, la Bestia y Yo

En cualquiera de sus bandas (esto sí que lo he soñado) la radio nos dispersa, de espuma brota el cielo. Por la ventana lastre (neón ineficiente) que se anuda al derrotero y traducción de este solaz. Ciudad bajo la pasta de un manto solo y frío vestido tenuemente. Ciudad que me parece fracción reconocible de lides que fraguamos para permanecer. Diría que la oblicua (o mercurio) de sus labios tendrá que estar marcada por ese trueque inverso: se arroja sin la red nuclear del artificio, se vuelve reversible sobre la sumersión. Yo debo estar soñando, falacia deliciosa, la base del pulgar sobre el derrame. El resto es sólo nervio vicioso que hilvanar, nociones de dos cuerpos convulsos, pigmentados.


Bela, a Fera e Eu

Em qualquer de suas faixas (foi isto que eu sonhei) o rádio nos dispersa, de espuma brota o céu. Pela janela lastro (neon ineficiente) que se ata ao caminho e tradução deste solaz. Cidade sob a massa de um único e frio manto vestido tenuamente. Cidade que me parece fração reconhecível de lides que forjamos para permanecer. Diria que o oblíquo (ou mercúrio) de seus lábios terá que estar marcado por essa troca inversa: arroja-se sem a rede nuclear do artificio, retorna reversível sobre a submersão. Eu devo estar sonhando, falácia deliciosa, a base do polegar sobre o que se derrama. O resto é apenas nervo vicioso que se alinha, noções de dois corpos convulsos, pigmentados.

Tradução: Fabiano Calixto

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El número de un Ibis

"... un seno, solamente un seno / no puede
vencer al cálculo de probabilidades."
Aldo Pellegrini

Soldado al plexo. La cabeza fugitiva. En el aire un jazz ligero (inteligente, en otro plano). Una hilera de marfil que dificulta el flujo me dispensa (pavorosa) de mis fuentes de reflejo. Ni siquiera la aridez hostil de una aureola - ni su recinto herbáceo que la ofrece con deslumbres - asumen el exceso sin etapas intermedias: el pezón es como un huerto bajo labor de zapa, y su torso apenas grueso ya genera tempestades y vitalidad demente. Allá, abajo, yo soy otro, ruina cruda cuando embiste. Pero, aquí el desasosiego, el perturbar del bisturí, revelados lentamente al evocar.

O número de um Íbis

"... um seio, apenas um seio / não pode
vencer o cálculo de probabilidades."

Aldo Pellegrini

Soldado ao plexo. A cabeça fugitiva. No ar um jazz ligeiro (inteligente, em outro plano). Uma fileira de marfim que dificulta o fluxo me dispensa (pavorosa) de minhas fontes de reflexo. Nem sequer a aridez hostil de uma auréola - nem seu recinto herbáceo que a oferece com deslumbres - assumem o excesso sem etapas intermediárias: o mamilo é como um jardim sob o labor de uma pá, e seu rude torso já provoca tempestades e vitalidade demente. Ali, abaixo, eu sou outro, crua ruína quando embesta. Porém, aqui o desassossego, o perturbar do bisturi, revelados lentamente ao evocar.

Tradução: Claudio Daniel

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Monte Adentro

Apenas viste un paño (rematando en un reborde) para ser otro sentido que la fuente de un disturbio. Por eso se propagan las dunas desde el torso, resalta sobre el delta la mampara. Un dato de la imagen o lacra de daltón con todo el espesor virtual de su volumen. No exacto en la emergencia, donde empieza a haber más musgo, por turgente que haya sido su extendida latitud.

Monte Adentro

Apenas viste um pano (rematando em um rebordo) para ser outro sentido que a fonte de um distúrbio. Por isso propagam-se as dunas desde o torso, ressalta sobre o delta o biombo. Um dado da imagem ou defeito de daltônico com toda a espessura virtual de seu volume. Não exato na emergência, onde começa a haver mais musgo, por avultada que tenha sido sua estendida latitude.

Tradução: Fabiano Calixto

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Amarilis y el Georgette


Hasta aquí suben los campos que imantó la tarde blanca. Luminosas inferencias, perspectivas ingeniosas, una vez establecido que una estrella expirará. Pero hay algo que es perfecto: conmoción de luz y música y volumen trepidante bajo código rotundo, cierto flujo primitivo que se impone con violencia deslumbrado entre confeti y picadillo de papel. Bailamos sobre un rombo, extremidades divergentes, y mi foco es tu vestido de expandible espacio curvo. Tan volátil su georgette respaldado por tafetas: situación y percepciones de estructuras anatómicas compuestas con la trama. Disipando su oleaje te reclamo sin enmiendas: estarás depositada bajo la escisión remota (pero tibia) de mis sienes.

Amarilis e a Georgette

Até aqui sobem os campos que a tarde branca imantou. Luminosas inferências, perspectivas engenhosas, uma vez estabelecido que uma estrela expirará. Porém, existe algo que é perfeito: comoção de luz e música e volume trepidante sob código redondo, certo fluxo primitivo que se impõe com violência deslumbrado entre confete e pedacinhos de papel. Dançamos sobre um mosaico, extremidades divergentes, e meu foco é teu vestido de expandível espaço curvo. Tão volátil sua georgette respaldada por tafetás: situação e percepções de estruturas anatômicas compostas com a trama. Dissipando sua marulhada te chamo sem emendas: estarás depositada sob a cisão remota (porém tíbia) de minhas têmporas.

Tradução: Claudio Daniel

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León Félix Batista, poeta, tradutor e ensaísta, nasceu em Santo Domingo (República Dominicana), em 1964. Publicou quatro livros de poesia: El Oscuro Semejante (1989), Negro Eterno (1997), Vicio (1999; Buenos Aires - com o título de Crónico - 2000) e Burdel Nirvana (2001). Em Barcelona, publicou a plaquette Tour por Todo (1995). No Brasil, foi publicada a antologia Prosa do que está na esfera (Olavobrás, 2003), organizada e traduzida por Claudio Daniel e Fabiano Calixto. Os poemas apresentados aqui não integram a antologia e estão sendo publicados pela primeira vez no Brasil.

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