ZUNÁI - Revista de poesia & debates

 

 

LOUIS ZUKOFSKY

 

 

 

 

THE LINES OF THIS NEW SONG ARE NOTHING


The lines of this new song are nothing
But a tune making the nothing full
Stonelike become more hard than silent
The tune's image holding in the line.

 

AS LINHAS DESSE NOVO CANTO NÃO SÃO NADA


As linhas desse novo canto não são nada
Só a melodia tornando pleno o vazio
Igual à pedra se faz mais dura que silente
A imagem sonora suspensa nessa linha.



Tradução: Claudio Daniel e Luiz Roberto Guedes

 

 

I WALK IN THE OLD STREET


I walk in the old street
to hear the beloved songs
afresh
this spring night.

Like the leaves - my loves wake -
not to be the same
or look tireless to the stars
and a ripped doorbell.

 

EU CAMINHO NA VELHA RUA


Caminho na velha rua

para ouvir amadas canções
outra vez
nesta noite de primavera

Como as folhas - despertam meus amores -
não da mesma forma

ou olhar incansável para as estrelas
e a sineta arrancada da porta


Tradução: Claudio Daniel e Virna Teixeira

 

(A FRAGMENT)


And so till we have died
And grass with grass
Lie faceless as the grass

Grow sheathed with the grass.
Between our spines a hollow
The stillest sense will pass
Or weighted cloud will follow.

 

(UM FRAGMENTO)


E assim até morrermos
E folha com folha
Jazer sem olho feito folha

Viça embainhada de folha.
Entre nossas espinhas um vão
Que o mais quieto modo acolha
Nossas nuvens que choverão.


Tradução: Ruy Vasconcelos


THE GREEN LEAF THAT WILL OUTLAST THE WINTER

 

The green leaf that will outlast the winter

because sheltered in the open:

the wall, transverse, and diagonal ribs

of the privet that pocket air

around the leaf inside them

and cover but with walls of wind:

it happens wind colors like glass shelter,

as the light's air from a vault

which has a knob of sun.

 

 

A VERDE FOLHA QUE SOBREVIVERÁ AO INVERNO

 

A verde folha que sobreviverá ao inverno

porque oculta no vão, protegida:

o muro, transversal, e as nervuras diagonais
da alfena que mantém o ar

ao redor e dentro das folhas

e coberta mas com muros de vento:

cores de vento como se fossem um abrigo de vidro,

como as luzes aéreas de uma abóbada

que tem o botão do sol.

 


Tradução: Adriana Zapparoli e Claudio Daniel

 

FROM "A"

4.

Giant sparkler,
Lights of the
river,

(Horses turning)
Tide,

And pier lights
Under a light of the hill,

A lamp on the leaf-green
Lampost seen by the light

Of a truck (a song)
Lanterns swing behind horses,

Their sides gleam
From levels of water -




DE "A"

4.

Diamante gigante,
Luzes do rio,

(cavalos girando)
Maré,

E luzes do cais
Sob a luz da colina,

Um lâmpada sobre o verde-folha
Luz de poste vista pela luz

De um caminhão (uma música)
Lanternas oscilam atrás de cavalos,

Seus lados
cintilam
De níveis de água -

 

Tradução: Virna Teixeira

 

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Louis Zukofsky (1904-1978), poeta norte-americano, filho de judeus que imigraram da Rússia para a América no início do século XX. Nos anos 30, junto a William Carlos Williams e George Oppen, lançou o Objetivismo, movimento de vanguarda literária, e organizou uma antologia, em 1932, com as produções do grupo. Seu poema longo A, no qual trabalhou por toda a vida, foi editado em 1978, contendo nada menos que 828 páginas que tratam de história, política, estética, ciência e a vida em geral. Em 1969, publicou sua tradução de fragmentos de Catulo, que verteu do latim para o inglês arcaico, para reproduzir a sonoridade do original. Sua obra em prosa inclui o ensaio On Shakespeare (1963) e Little: A Fragment for Careenagers (1967). Em 1971, foram publicados os Collected Short Poems, 1923-1964 .

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