FROZEN RAIN
I slow down the waterfall
to a chandelier,
Filaments of daylight, bones fleshed out by ice
That recuperate in their bandages of glass
And, where the lake behaves like a spirit level,
I save pockets of air for the otter to breathe.
I magnify each individual
blade of grass
With frozen rain, a crop of icicles and twigs,
Fingers and thumbs that beckon towards the thaw
And melt to the marrow between lip and tongue
While the wind strikes the branches like a celeste.
CHUVA CONGELADA
Reduzo a cascata a um
candelabro, fios
De luz, ossos descarnados pelo gelo
Que se refazem nas bandagens de vidro
E, onde o lago age como nível de bolha,
Guardo bolsas de ar para que a lontra viva.
Aumento uma a uma as
lâminas de grama
Com brotos, chuva congelada e sincelos,
Polegar, dedos que apontam o degelo
Derretem, entre o lábio e a língua, até
o âmago
Enquanto o vento toca órgão nos ramos.
*
Michael Longley. Nascido em Belfast, em 1939, Longley
publicou, entre outros, os livros de poemas No continuing
city (1969), Man lying on a wall (1976), Poems
1963-1983 (1984), The ghost orchid (1995) e Broken
dishes (1998). É membro da Royal Society of Literature,
da Aosdána (organização que reúne
criadores cujo trabalho tenha especialmente contribuído
com a arte irlandesa) e do Cultural Traditions Group, que
promove a aceitação da diversidade cultural
na Irlanda do Norte.
*
Marcelo Tápia
(Tietê, 1954) é poeta, cantor e editor. Publicou,
entre outros, Rótulo (1990), Pedra Volátil
(1996) e A forja - alguma poesia irlandesa contemporânea
(tradução, 2003), todos pela Editora Olavobrás,
da qual é diretor. Integra o grupo de música
irlandesa tradicional Irish Dreams, e é organizador
do Bloomsday em São Paulo, onde reside.
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