ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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NICOLÁS GUILLÉN

 

Lluvia

Bajo el cielo plomizo
de la tarde lluviosa,
llora el agua con lágrima
monótona.

Miro tras los cristales
las ramas temblorosas
enjoyarse con sartas
de gotas.

Se desbrodó el arroyo,
inundó cuatro chozas.
(A mí me sobresalta la odisea de esta hormiga,
ahogada en una rosa.)

   

Chuva

Sob o céu cor de chumbo
de uma tarde chuvosa,
chora a água com lágrima
monótona.

Olho pelas vidraças
as árvores nervosas
se enfeitarem com filas
de gotas.

O arroio transbordou,
inundou quatro choças.
(Sobressalta-me a odisséia desta formiga,
afogada numa rosa.)

 

Tradução: Marcelo Tápia

  * 

Nicolás Guillén, poeta cubano, nascido em Camaguey, em 1902, e morto em Havana, em 1989,  é considerado um dos expoentes da poesia hispano-americana e da poesia negra do século XX. Tido como o "poeta nacional de Cuba" em seu país, dedicou grande parte de sua obra a temas sociais; militante comunista, participou ativamente do processo revolucionário cubano, tendo sido eleito presidente da Unión Nacional de Escritores y Artistas de Cuba, cargo em que permaneceu até sua morte. Em sua produção literária - iniciada no âmbito do pós-modernismo e da vanguarda da década de 20 - costuma-se distinguir três vertentes: a poesia mulata (na qual reelabora ritmos, léxico e formas expressivas da fala e da canção cubanas), a poesia político-social e a poesia de raiz folclórica. Publicou, entre outros, os livros: Motivos del son (1930), Poemas mulatos (1931), Cantos para soldados y sones para turistas (1937), La paloma de vuelo popular (1958), Elegias (1958), Poemas de amor (1964), Tengo (1964), El gran zôo (1967) e La rueda dentada (1972).

*

 

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