ZUNÁI - Revista de poesia & debates

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 OMAR KHAYYAM


 

 

RUBAIYAT

(fragmentos)

 

No céu, a mão esquerda da alvorada: eu sonho.

Na taverna, uma voz escuto na algazarra

Despertai meu pequenos, e enchei bem o copo

Antes que seque o vinho da vida em sua jarra.

Ah enche o copo! De que serve repetir

Que o tempo sob os nossos pés já vai fugindo?

O amanhã não nasceu e o ontem já morreu,

Por que me hei de importar se o dia de hoje é lindo?

E ao côncavo invertido que se chama o céu,

Sob o qual rastejaram o vivo e o que morreu,

Não erga tuas mãos, tu que oras. Ele é impotente

No seu guiar, tal qual o somos tu e eu.

O dedo que se move escreve, e tendo escrito,

Se vai. E toda argúcia e piedade, entretanto,

Não o trarão de volta a mudar meia linha,

Nem as palavras podes apagar com o pranto.

E se o vinho que bebes, o lábio que beijas

Finda nesse nada que a tudo dá sumiço,

Imagina, então, que és; não podes ser senão

O que hás de ser – Nada! Não serás menos que isso.

 

Tradução:  Alexandre S.Rocha

 

 



 

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Omar Ibn Ibrahim El Kháyyám nasceu em Nishapour, antiga capital Seljúcida, em 1040 e morreu na mesma cidade aos 85 anos (1124). Kháyyám significa em persa "fabricante de tendas", profissão que exerceu seu pai Ibrahim. Além de poeta, foi Omar Kháyyám grande matemático e astrônomo. Reorganizou o antigo calendário do zoroastrismo. Escreve em farsi. A obra de destaque é o Rubaiyat, que possui 1000 estrofes de quatro versos. Rubaiyat é o plural da palavra persa Rubai e quer dizer "quarteto". Nos seus poemas se destacam a delicadeza e sutileza da linguagem. Sua postura filosófica se aproxima do carpe dien e sua poesia contém profunda humanidade, canta os deleites do amor, o prazer do vinho, entre traços de amargura e otimismo. Para ele o homem se torna escravo dos seus próprios preconceitos. O poeta quer convencê-lo desse equívoco e o convida ao desnudamento de dogmas e doutrinas.

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